• Gisele Chaves
Atualizado em
Mesada (Foto: Reprodução)

Qual criança não tem um sonho de consumo, ainda que simples? Um brinquedo novo, o tênis da moda, roupas descoladas, os cobiçados eletrônicos... São inúmeras as opções que as vitrines dos shoppings oferecem aos pequenos. Basta um passeio pelos corredores para os pais ouvirem a típica frase: “Pai, você compra pra mim?” ou “Mãe, eu queria tanto aquele brinquedo, compra”? É difícil resistir.

Mas, antes de atender a todas as vontades dos filhos, é preciso avaliar a real necessidade do pedido para colocar a mão no bolso. É o que explica Roger Milan, educador financeiro da escola DSOP Educação Financeira. Segundo ele, trabalhar a questão da economia e da importância do dinheiro é um exercício que pode ser feito a partir dos 3 anos de idade. “É possível criar uma relação da criança com o dinheiro desde cedo, porém de forma lúdica e simples. O importante é deixar claro que todos os desejos dela custam determinado valor”, explica o professor.

Mesada pode!

Para despertar essa responsabilidade financeira, a partir dos 7 anos os pais podem dar uma mesada aos filhos. “Ao decidir por um valor, é recomendado que os papais e as mamães façam um acompanhamento de toda a despesa feita com a criança no período de um mês. Tudo deve ser anotado, um chocolate, o sorvete do fim de semana, um brinquedinho, tudo. Um erro muito comum é os pais entregarem qualquer valor como mesada por achar que aquela quantia é a ideal”, destaca Roger. O educador explica que depois de fazer esse diagnóstico os pais devem dar apenas metade do valor para a criança como mesada, mas sempre levando em conta a condição da família. Se durante o mês os pais gastam R$ 200 com o filho, a mesada deve ser de R$ 100. A partir desse valor, tudo o que for de desejo e consumo da criança ou do adolescente será pago com o próprio dinheiro, inclusive os lanches da escola, a guloseima do fim de semana, o passeio com os amigos etc.

“É importante que os pais expliquem que os outros 50% será destinado a realizar os sonhos de seus filhos. Sim, crianças têm sonhos de curto, médio e longo prazo, e é papel dos pais ensinar que, com planejamento, tudo pode ser conquistado”, conta o educador.

Dica do especialista

Para ajudar o seu pequeno a organizar os próprios sonhos e vontades, monte três cofrinhos. Eles serão os três porquinhos que correspondem aos sonhos de curto (3 meses), médio (6 meses) e longo (1 ano) prazos. Neles, estimule o seu filho a fazer escolhas com o valor que recebe de mesada. “Assim, além de ensinar a poupar, a criança aprende a ter compromisso e organização com o dinheiro e será um adulto que saberá lidar com a própria renda, respeitando os prazos”, indica Roger.

Pesquisas mostram que 60% da população brasileira está endividada — 80% admite não ter controle do próprio dinheiro. Isso se deve à falta da educação financeira. Então, para ensinar as crianças, os adultos também precisam saber administrar a renda e dar o exemplo.

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