• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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Camila teve sintomas do Covid-19 e está em isolamento (Foto: Arquivo pessoal)

Camila teve sintomas do Covid-19 e está em isolamento (Foto: Arquivo pessoal)

A fonoaudióloga Camila Thomaisino, de Campinas, interior de São Paulo, teve praticamente todos os sintomas do novo coronavírus: febre alta, tosse seca, calafrios, dor no corpo e no peito. Ela, que é divorciada e mora sozinha com as duas filhas de 7 e 5 anos, conta como foi quando resolveu procurar atendimento médico. "Elas choraram, perguntaram se eu estava com coronavírus, se iria morrer por causa disso... Tive que sentar e explicar toda a situação atual", conta. Em entrevista à CRESCER, a paulista de 38 anos contou quais foram as recomendações que recebeu e o que fez para tentar evitar que as filhas também ficassem doentes.

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OS SINTOMAS

"No domingo da semana passada (15), eu acordei com uma tosse seca, mas, até então, estava bem. À tarde, comecei a sentir muita dor no corpo e muito calafrio. No começo da noite, já estava com 38,7 graus de febre. Tomei remédio, fiquei em casa e, no dia seguinte, continuei da mesma maneira: muita tosse, uma febre que não sedia, muita dor no corpo e no peito. Quando os sintomas começaram, fiquei preocupada, pois eu nunca fico doente, mas lembro que pensei: 'Ah, não é nada!'. Mas na terça-feira (17), já não aguentava mais e vendo os casos como estavam evoluindo, resolvi procurar um médico. Fui ao hospital e, no acolhimento, o enfermeiro falou que como eu havia chegado com febre e tosse, automaticamente seria classificada como caso suspeito. Por isso, fui encaminhada para uma unidade específica que atendia pacientes com sintomas do coronavírus. Quando cheguei, estava tudo muito tranquilo. Tinham outras pessoas na mesma situação, usando máscaras e recebendo atendimento prioritártio. Na consulta, a médica informou que os testes para a Covid-19 estavam sendo realizados apenas em casos graves, ou seja, pessoas que estavam com falta de ar, pois o sistema não daria conta de testar todo mundo. Ela, então, recomendou que eu ficasse em isolamento e pediu que retornasse se meu estado de saúde piorasse. Faz mais de uma semana que estou em casa. Então, não tive outra opção se não me isolar com minha filhas. Ficar longe delas dentro de casa é impossível, realmente não deu. Então, o que fiz foi usar luvas e máscara o tempo inteiro, lavando as mãos constantemente e usando álcool gel, mas fiquei preocupada. Talvez as táticas não tenham funcionado, pois as duas tiveram alguns sintomas, mas de uma maneira mais leve. Uma teve febre o dia todo na quarta-feira (18) e a outra na sexta-feira (20), e um pouco de tosse. Mas as duas logo melhoraram. Já os meus sintomas melhoraram na quinta-feira (19). Porém, continuo apenas com uma tosse. Provavelmte, o que eu tive, elas também tiveram."

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O ISOLAMENTO

"A semana passada foi caótica, pois eu estava mal e elas tiveram febre. Agora, conseguimos estabelecer uma rotina e elas estão conseguindo estudar, de forma online, claro. Então, estamos um pouco mais em paz, considerando toda essa dificuldade de não conseguir sair de casa. O isolamento não é fácil, principalmente porque moramos em apartamento. Nesse tempo, tenho feito compras apenas por telefone. Não estou tendo contato nenhum com outras pessoas. Quando as compras chegam, deixam aqui na porta e eu higienizo tudo para guardar. Converso com minha família apenas por ligações de vídeo. Meus pais são idosos, têm mais de 60 anos. Meu pai é hipertenso, então, estão isolados na casa deles. Alguns amigos ofereceram ajuda, mas tenho evitado. Tenho feito tudo em casa, cuido delas, cozinho, limpo. Não deixo a TV ligada, pois percebo que as notícias deixam as meninas estressadas e preocupadas. Só acompanho as informações pelo ceular mesmo. Elas têm sentido falta da família e dos avós, mas está tudo bem. O pior é a incerteza em relação ao tempo, de quanto tudo isso vai terminar. Acredito que a gente fique pelo menos mais uma semana isolada. Não é nem um pouco fácil ficar em casa, presas, literalmete sem sair por duas semanas, mas temos que pensar nas outras pessoas."

A INCERTEZA

"Fico ansiosa em relação a doença em si, sobre a incerteza se tivemos ou não. Mas em relação aos sintomas, foi tranquilo. Para nós três, foi apenas um quadro gripal. Eu preferia mil vezes ter feito o teste para ficar mais tranquila. Pois, quando você volta sem ter a certeza, fica pensando: ''E se eu tiver mesmo?' 'E se passei para alguém?' 'E se eu piorar?' Então, gostaria, sim, de ter feito. Eu tinha certeza que iria fazer, mas não foi assim."

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