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Cloroquina, medicamento usado para malária e lúpus, esgota em farmácias; eficácia contra coronavírus não é comprovada, diz Anvisa
Saiba quais são os riscos da automedicação
2 min de leitura![Remédios na farmácia (Foto: MJ_Prototype/Thinkstock) Remédios na farmácia (Foto: MJ_Prototype/Thinkstock)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/LBX3DCU_MTM7HY5SHLU7lfI-Mn8=/620x453/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/04/17/gettyimages-878852718.jpg)
Remédios na farmácia (Foto: MJ_Prototype/Thinkstock)
Medicamentos com hidroxicloroquina e cloroquina estão esgotados em farmácias de São Paulo e do interior desde que começou a circular a informação de que as substâncias poderiam ser usadas para o tratamento do coronavírus. Os remédios são receitados para artrite, lúpus e malária, por exemplo. Pacientes com essas doenças têm relatado a falta dos medicamentos para a continuidade dos seus tratamentos.
Na quinta-feira (19), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota em que diz que, “apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus.”
Ainda segundo a Anvisa, um estudo feito com 20 pacientes na China apontou que o tratamento com hidroxicloroquina é associado à redução ou até desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19, mas a inclusão de novos medicamentos exige estudos em uma amostra mais significativa.
“Há evidência pré-clínica da eficácia e evidência de segurança do uso clínico de longa data para outras indicações, o que justifica a pesquisa clínica com a cloroquina em pacientes com COVID-19. A conclusão dessa revisão foi que dados de segurança e dados de ensaios clínicos de maior qualidade são urgentemente necessários”, diz a Agência.
O Brasil tem 621 casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com informações divulgadas nesta quinta (19) pelo Ministério da Saúde. A região Sudeste é a que apresenta o maior número de casos da doença (391), seguida por Nordeste (90), Sul (71), Centro-Oeste (61) e Norte (8).
![Medicamentos com hidroxicloroquina já estão esgotados em várias farmácias (Foto: Reprodução) Medicamentos com hidroxicloroquina já estão esgotados em várias farmácias (Foto: Reprodução)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/14_41HRiw_kaooCCXjP8kNpMC5s=/620x670/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/03/20/0650b4be-171c-49d9-9edb-c99f997c6d80.jpg)
Medicamentos com hidroxicloroquina já estão esgotados em várias farmácias (Foto: Reprodução)
Em falta nos EUA
Nos Estados Unidos, as duas drogas já começaram a ser testadas para tratar o coronavírus. E depois de elogiadas pelo presidente Donald Trump nesta semana, também começaram a ficar em falta no país.
De acordo com as primeiras pesquisas, além de ter um efeito antiviral direto, a hidroxicloroquina suprime a produção e liberação de proteínas envolvidas nas complicações inflamatórias de várias doenças virais. Ainda não existem, porém, vacinas ou tratamentos aprovados para a doença.
Riscos da automedicação
Crescer ouviu o reumatologista Thiago Bitar, médico do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, que descreve que há vários pacientes com lúpus preocupados com a falta do medicamento. "Os pacientes estão desesperados. Não encontram o remédio em lugar nenhum e a falta de tratamento pode reativar a doença, colocando-os em risco de vida", explica.
Além do risco a quem precisa do medicamento para tratar outras doenças, a automedicação também pode ser perigosa. "Essa é uma droga segura, mas ela pode causar cegueira em alguns casos. Por isso, quando receitamos a alguém, é necessário um acompanhamento semestral com oftalmologista. Há pacientes que chegam a ter perda de visão. Por isso é importante que o remédio seja tomado apenas sob prescrição e com acompanhamento".
Segundo o especialista, o medicamento tem a função de regular o sistema imunológico. "Apesar das pesquisas apontarem eficiência do remédio em alguns casos contra o coronavírus, a amostragem ainda é muito pequena. Temos usado, sim, em casos graves, com comprometimento pulmonar, mas ele não tem efeito preventivo nenhum", ressalta.
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