• Sabrina Ongaratto
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A noite de 24 de maio de 2021 parecia mais uma completamente normal para a comerciante Cynthia Monique da Costa (@cynthiamcostaa), 45 anos, do Rio de Janeiro. Mas bastou um minuto para que sua vida e da sua família mudasse completamente. Beatriz tinha 13 anos quando se suicidou. "Ela foi pra escola, tomou banho, lavou cabelo, conversou uma hora por videochamada com minha prima, que é psicóloga, jantou, escovou os dentes para ir dormir", lembra a mãe. Instantes depois, Cynthia ouviu um grito e logo pensou na filha. "Saí correndo pela casa. Nosso mundo acabou ali'", lamenta.

Hoje, um ano após a tragédia, a mãe tem muito a falar sobre suicídio infantil. "Percebi que o fato de não falar não ajuda a diminuir os casos, pois eles estão aumentando em crianças e jovens. Falta muita conversa, empatia, ajuda, conscientização de filhos e pais", diz. Segundo ela, a filha chegou a se despedir de algumas amigas. 

Em entrevista exclusiva à CRESCER, Cynthia falou sobre a personalidade e o comportamento da filha, relembrou o dia da tragédia e fez um alerta importante aos pais: "Aprendam a tocar no assunto com seus filhos e mostrem o quanto eles podem ajudar os amigos a não desistirem da vida. Precisa haver sempre comunicação com os adultos para evitar que mais famílias passem por essa perda e dor tão grandes".

Sete dias antes: Cynthia e Beatriz, ao fundo, durante viagem em Arraial do Cabo (Foto: Reprodução/Instagram)

Sete dias antes: Cynthia e Beatriz, ao fundo, durante viagem em Arraial do Cabo (Foto: Reprodução/Instagram)

CRESCER: Como foi a infância de Beatriz?
Cynthia da Costa: Beatriz começou no maternal com 2 anos e não parou mais. Sempre foi muito independente em tudo. Sempre amou o ambiente escolar, nunca apresentou nenhum receio ou desgosto de ir. Também fez muitas atividades: entrou no ballet aos 4 anos, teatro aos 6 e depois foi fazendo mais coisas... jazz, sapateado contemporâneo, TV, webserie, inglês, desenho, canto. Sempre foi muito ativa, líder, extrovertida, ajudava os mais fracos e era amiga. Quando via alguém triste ou chorando, sempre amparava. Ela era muito proativa quanto às pessoas; queria sempre mandar em tudo e todos. 

CRESCER: A pré-adolescência costuma ser uma fase de muitas mudanças. Como foi a de Beatriz?
CC: A pré-adolescência despertou nela a bissexualidade, como ela dizia claramente para todos. Nunca se oprimiu ou escondeu que 'gostava tanto de meninos quanto de meninas'. Na verdade, ainda estava se descobrindo, pois costumava se apaixonar por algum menino. Mas como a tendência atual é a liberdade, ela tinha um certo 'orgulho' de assumir a bissexualidade como algo libertador. Ela defendia muito os direitos LGBTQIAPN+ e afins, era contra todo tipo de preconceito, então se posicionava muito forte — mesmo que não fosse a realidade dela. Era uma forma de ela apoiar o movimento e a militância, mas ninguém na família nunca entrou em conflito com ela por causa disso, e ela não tinha nenhuma vergonha de falar sobre isso. Estava a todo momento 'trocando' de namoradinho. Pelas conversas dela no celular com os meninos, eu percebia que tinha uma empolgação no início, muito papo, mas depois alguma coisa acontecia e terminavam. Logo, ela já estava apaixonada por outro.

CRESCER: E quanto às amizades? 
CC: Beatriz era uma das meninas mais populares do colégio e do condomínio também. Ao mesmo tempo que era amiga, daqui a pouco brigava com alguém. Como ela queria sempre ser líder, às vezes batia de frente com outra, mas depois estava todo mundo de bem. De repente, chegava uma turma lá em casa pra fazer cineminha e eu fazia pipoca para todos e ficavam lá, mais batendo papo do que vendo filme. 

CRESCER: A relação entre vocês duas mudou com a chegada dessa nova fase?
CC: Nossa relação sempre foi muito próxima. Eu estava lá para ela 24 horas por dia. A gente saía muito juntas enquanto o pai estava no trabalho. Cantávamos no carro, admirávamos a natureza e as coisas na rua; ela adorava reparar nas coisas mais simples: uma árvore, uma criança, uma roupa na vitrine, gostava de dar opinião. Eu conversava muito com ela sobre sexualidade, dizia sempre que ela poderia ser o que ela quisesse, mas que as pessoas, às vezes, poderiam não entender ou aceitar. Então, pedi para que ela não ficasse falando sobre isso com todo mundo, principalmente para não sofrer preconceito. A gente gostava de ficar vendo filme e desenho em casa até que, nos últimos tempos, ela não queria mais. Só queria o celular e ficar no quarto. Nossa relação, na verdade, não mudou, mas a presença dela comigo diminuiu muito, pois ela começou a viver num mundo mais virtual.

CRESCER: Você compartilhou um vídeo gravado poucos dias antes do ocorrido. Ela não deu pistas de que isso poderia acontecer?
CC: Quinze dias antes de ela partir, uma prima minha e o filho, que tem a idade da Beatriz, vieram de Natal (RN) passar uns dias conosco. Saímos muito: viajamos, fomos à praia, ao cinema, à Petrópolis, que ela amava, Cabo Frio e Arraial do Cabo. Ela curtiu muito nesses dias. E minha prima, que é psicóloga, sempre estava tentando 'pescar' alguma coisa. E não percebeu nada em Beatriz. Era uma menina completamente normal, extrovertida, brincalhona, ativa — um comportamento normal para a idade. Claro, com aquelas vontades, às vezes, de ficar só no celular ou no quarto. Na verdade, todos os jovens hoje apresentam esse mesmo comportamento, então não era um parâmetro para determinar que ela estava num estado depressivo ou não. Dois dias antes, ela foi ao circo com a melhor amiga. Já essa ocasião do vídeo em que ela aparece dançando na praia aconteceu uma semana antes  — ela colocou a música, começou a dançar e eu filmei. Ela adorava plateia e nem se importava com as pessoas passando, se iriam achar que ela estava 'pagando mico'. Disso, ela nunca teve vergonha. Fazia sempre o que ela tinha vontade. 

CRESCER: Há prints de conversas em que Beatriz chega a dizer o que pretendia fazer para amigas. Alguma delas a procurou para contar o que estava acontecendo?
CC: Lendo as mensagens depois, procurando respostas, encontrei ela falando sobre isso pela primeira vez em março de 2021, quando começaram as aulas. Nesse dia, ela falou para uma amiga: 'Se eu não for amanhã é porque eu me matei'. Sem muitos detalhes, como se já fosse um assunto conversado pessoalmente em algum momento. Depois, só voltou a tocar nisso novamente no início de maio, quando disse: 'Se eu não me matar nesse fim de semana...', para outra amiga, da escola também. E na noite em que caiu da janela, ela se despediu da melhor amiga, dizendo que já tinha 'cortado a tela e acabado a carta'. Disse que elas 'se encontrariam em outra vida', que 'não aguentava mais' e se foi. Nenhum amigo, em momento nenhum, me procurou ou comentou com os pais sobre isso. Eu tinha contato com todos, bastava um sinal.

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CRESCER: Para você, as redes sociais podem ter servido como um gatilho?
CC: Ela sempre foi muito corajosa, decidida e independente. Depois do que aconteceu, descobri um mundo sombrio no TikTok. Eu achava que ali era tudo diversão, mas encontrei uma rede de vídeos depressivos em que jovens trocam suas dores e vontades de tirar a própria vida. Ela curtiu alguns vídeos sobre o assunto, o que me levou a descobrir um mundo que ninguém imagina existir num aplicativo famoso como esse. Simplesmente não há filtro, pois esses vídeos são facilmente encontrados a partir de palavras como 'ansiedade' ou 'depressão'. São milhares de jovens ali, combinando o dia de morrer, como vai ser, os motivos, o medo de não dar certo, está tudo ali. Acredito que Beatriz absorveu aquilo tudo como se fosse dela; aquilo entrou na mente dela. Para mim, as dores que ela sentia não eram dela, eram dos outros. Pela empatia que ela sempre teve pelo próximo, ela fez o que vários ali não teriam coragem. Além disso, há uns três anos, ela começou a gostar muito do BTS [um grupo musical sul-coreano]. Então, assistia a muitos animes, fazia coleção de mangás e se vestia imitando as meninas orientais. Na minha opinião, esse mundo também contribuiu muito, pois falam muito sobre depressão, suicídio e até numa espécie de 'glória alcançada' quando se tira a própria vida. Eu só soube disso tudo depois; jamais imaginei que aquelas histórias traziam essas mensagens, muitas vezes subliminares, que só ela entendia. E a maioria dos jovens costuma fazer a mesma coisa, as mesmas escolhas e tem o mesmo gosto, infelizmente.

Uma semana antes, em Arraial do Cabo, nossa última foto, eu e ela: diz Cynthia com a filha, Beatriz (Foto: Arquivo pessoal)

Uma semana antes, em Arraial do Cabo, nossa última foto, eu e ela: diz Cynthia com a filha, Beatriz (Foto: Arquivo pessoal)

CRESCER: O que você lembra do dia em que ela partiu?
CC: Foi um dia completamente normal, como todos os outros. Ela foi para a escola, tomou banho, lavou o cabelo, conversou por uma hora com a psicóloga por videochamada, jantou tudo e escovou os dentes para ir dormir. E, quando entrou no quarto para dormir, depois de uns instantes — eu estava na cozinha arrumando as coisas e o pai na sala vendo TV —, escutei um grito. Logo gritei 'Beatriz' e saí correndo pela casa. Quando abrimos a porta do quarto dela, estava a cortina aberta, voando. Moramos no sétimo andar. Nosso mundo acabou ali. Foi tudo muito horrível.

CRESCER: Beatriz tem irmãos? Como eles reagiram?
CC: Beatriz tem um irmão que é quinze anos mais velho do que ela, por parte de pai. Como o pai deles é falecido, meu esposo atual me ajuda a criá-lo desde que ele tinha 9 anos. Ele morava com a gente quando aconteceu a tragédia, mas estava no trabalho e recebeu a notícia por telefone. Quando chegou, Beatriz já tinha partido. Eles não eram tão próximos porque ele trabalhava muito, namorava e quase não ficava em casa.

CRESCER: Você fala abertamente sobre o assunto nas redes sociais. Na sua opinião, falta conscientização?
CC: Eu continuarei falando sempre sobre o assunto, pois percebi que o fato de não falar não ajuda a diminuir os casos. Os casos de suicídio de jovens só estão aumentando. Falta muita conversa, empatia, ajuda e conscientização de filhos e pais. Os amigos de Beatriz não acreditaram, achavam que ela estava brincando. Uma amiga ficou com medo de trair sua amizade contando para alguém.

CRESCER: Hoje, um ano depois, como está o coração de mãe?
CC: Me fortaleço no espiritismo para suportar sua ausência, para aprender que a vida não acaba, que ela está em outro plano. Muitas pessoas, inclusive eu, já sonharam com ela muito feliz, num jardim, brincando. Já tive sinais, em casa, da presença dela em alguns momentos. Tem horas que bate aquela dor mais forte e choro muito, mas meu esposo e eu estamos nos conectando para continuar a vida de alguma forma. O espiritismo me traz muita paz, a certeza de que ela está bem e nos amando, como sempre foi.

CRESCER: O que você gostaria de dizer para outras famílias?
CC: Gostaria de dizer para aprenderem a tocar no assunto com seus filhos e mostrar o quanto eles podem ajudar os amigos a não desistirem da vida. Precisa haver sempre comunicação com os adultos para evitar que mais famílias passem por essa perda e dor tão grandes. A informação e o diálogo salvam vidas. Precisamos falar que tudo passa, menos a dor da perda de alguém que amamos.

O que diz o Tik Tok

A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do aplicativo Tik Tok, no entanto, eles preferiram não comentar sobre esse caso em específico.  

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Suicídio infantil x aumento de casos

Cynthia tem razão sobre o aumento de casos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, apenas no Brasil, acontecem 12 mil casos de suicídio por ano. No mundo, esse número salta para quase 800 mil. E os adolescentes e jovens representam uma grande parcela desse total: o suicídio é a segunda maior causa de morte entre a população de 15 a 29 anos. O cenário, que já era preocupante, se agravou depois da pandemia e do isolamento social. Uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos revelou que as tentativas de suicídio aumentaram 50% entre jovens de 12 a 17 anos, especialmente entre as meninas. 

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"Quando comparado aos anos anteriores, o aumento de casos de suicídio entre crianças e principalmente adolescentes é muito evidente. Um estudo americano com 19 mil adolescentes em 2020, evidenciou que 15,8% tiveram ideações suicidas — representando um aumento de 60% em relação a 2019 —, inclusive com aumento de 45% nas tentativas de suicídio. Nos Estados Unidos, onde o ato de tirar a própria vida é a segunda maior causa de morte nesta faixa etária, a chance de um adolescente cometer suicídio chega a ser 30 vezes maior do que a chance de morrer de covid-19. No Brasil, apesar de poucos estudos e estatísticas, estima-se que esta chance chega a ser 4 vezes maior", observa o pediatra Rubens Cat, professor da Universidade Federal do Paraná e chefe do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas, em Curitiba (PR).

"A gente tem notado um certo aumento de suicídios de crianças e adolescentes como um agravamento dessa circunstância social em que vivemos: temos, hoje, um mundo muito ansioso, bastante estressado, em que há muitas informações, em que as crianças precisam tomar muitas decisões e tudo isso gera muita angústia. Tínhamos a sensação de que quanto mais opções e informações, nossa vida seria melhor, mas isso não acontece na prática. A gente percebe que isso gera muita angústia", alertou o pediatra Fausto Flor Carvalho, presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Motivações multifatoriais

Segundo a psicóloga de adolescentes Estela Ramires Lourenço, especialista em Intervenção na Autolesão, Prevenção e Posvenção do Suicídio (SP), o suicídio é a "linha final de uma série de situações, de acontecimentos que a pessoa foi experimentando ao longo da vida". "Quando pensamos nos fatores de risco na adolescência, especificamente, é importante pensar em várias outras questões, como prevenção de bullying, respeito às diferenças, criação de um ambiente acolhedor, a participação da família, políticas públicas...", diz.

Em outras palavras, segundo ela, não dá para apontar uma só resposta que explique o porquê de tantos casos de suicídio entre adolescentes. É preciso pensar individualmente e avaliar a história de vida, a relação familiar, as experiências passadas, as amizades, a presença online, a relação com a escola. "Dizer que alguém cometeu suicídio só porque sofria bullying é perigosíssimo. O bullying é realmente um fator agravante que pode aumentar consideravalemente o risco, mas não é a única causa que vai levar à atitude suicida de um estudante. Ele só vai se somar a todo um histórico de sofrimento que já existia. Suicídio é uma questão multifatorial e precisamos vê-lo dessa forma para saber como agir", afirma o pedagogo Benjamim Horta, criador do Programa Escola Sem Bullying e diretor-fundador da Abrace Programas Preventivos.

"A adolescência é uma fase de muita alteração de humor e, além das questões hormonais, tem ainda a questão emocional, que está diretamente relacionada à aceitação. Quando o adolescente chega em casa e sente que não foi ouvido, ele se desespera, pois acha que não é bom o suficiente para estar naquele ambiente", complementa a psicanalista de crianças, adolescentes e mães Mônica Pessanha, colunista da CRESCER.

Sinais de alerta

Importante ressaltar que, antes do suicídio, outros sinais costumam aparecer e dar pistas para familiares e amigos de que algo não vai bem. Por isso, o papel dos pais e responsáveis é observar esses indícios, promover um ambiente de acolhimento e buscar ajuda. "Crianças sempre dão sinais de que algo não vai bem. Fique atento se ela disser que quer desistir de alguma coisa, se tinha um hobbie e não quer mais ter, se fica irritadiça por um tempo prolongado. Uma mudança de hábitos alimentares, seja comer demais ou de menos, também é um alerta. Preste atenção também se o seu filho evita certos lugares, se muda de amizades muitas vezes, se passa muito tempo trancado no quarto, imerso no computador ou se só usa roupas compridas, com mangas longas. Essa é uma forma de esconder cortes e lesões. É comum que os adultos não deem atenção aos dilemas emocionais dos filhos por acharem que é 'coisa de criança'", afirma Robert Paris, presidente do Centro de Valorização da Vida (CVV).

No entanto, segundo o pediatra Fausto Flor Carvalho, nem sempre a criança ou adolescente dará sinais em casa. "O suicida não necessariamente apresenta sintomas em casa. Há situações, sim, em que apresenta sinais e essas são a maioria. No entanto, em alguns casos, não. Essa menina, por exemplo, conversou com as amigas. O que notamos é que, dificilmente, uma criança ou jovem com ideia suicida vai comentar sobre isso com os pais. Então, é importantíssimo ter o máximo de acesso ao filho — com tempo de qualidade, liberdade e sem julgamentos —, mas também criar vínculos com outros pais para trocar informações, sempre que alguém notar algo relevante. Cada um de nós exerce papéis sociais diferentes, então, talvez, os sinais não se manifestem dentro de casa, mas, sim, em outros locais. Muitos humoristas são depressivos, o fato de sorrir também não é um indicativo de que está tudo bem. Então, por tudo isso, é importante formar essa rede de apoio e estar atento a qualquer mudança", finalizou.

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Buscando ajuda

E se desconfiar de que seu filho precisa de ajuda, não hesite em procurar apoio profissional. "É o acolhimento que salva, que faz com que a criança se desenvolva e não se sinta sozinha. E o contrário também é verdadeiro. Quanto mais só, mais perdida e desamparada a criança fica, mais ela vai entrar em um 'nevoeiro' perigoso. Mostre que você sabe ouvir qualquer coisa. Diga ao seu filho: 'quero ouvir', 'eu quero te escutar'", reitera Robert. Antes de tudo, saiba que não é preciso ter medo de falar sobre suicídio, desde que usando o bom-senso e respeitando a capacidade de compreensão de cada idade, é claro. "Não é preciso esperar que a dúvida ou a curiosidade parta da criança. Nós, enquanto pais, também podemos introduzir esse assunto. Não precisamos trazer detalhes e nem explicar o que a criança não está questionando. Uma boa estratégia é perguntar o que o seu filho sabe sobre isso e a partir daí definir como conduzir a conversa", explica a psicóloga Raquel Antoniassi, membro da diretoria da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS). Tem alguma coisa diferente de que você ficou sabendo e quer conversar sobre? O que você ouviu sobre esse caso? O que acha que aconteceu? Como você está se sentindo em relação a isso? Você também já pensou em suicídio em algum momento? Segundo a psicóloga, todas essas perguntas podem ajudar a começar e a direcionar esse papo.

Se você estiver passando por um momento difícil e precisar de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV). Ele é um serviço gratuito de apoio e de prevenção ao suicídio que atende pessoas que precisam conversar. Para falar com a equipe de voluntários, mande um e-mail, acesse o chat pelo site ou disque 188. Eles ficam disponíveis de domingo a domingo, 24 horas por dia.

O CVV, em parceria com a UNICEF, também tem um canal de escuta exclusivo para adolescentes de 13 a 24 anos. Todo o processo é anônimo e, para usar, não é preciso se identificar. O "Pode Falar" existe para acolher adolescentes que sentem que precisam de ajuda e queiram conversar. Isso pode ser feito pelo chat online ou pelo WhatsApp. É preciso checar os horários de atendimento no site.

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