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Um casal ucraniano relatou ao jornal britânico The Sun nesta terça-feira (22) como os ataques russos ao país tem afetado a vida da família. Eles vivem na região leste da Ucrânia, próxima da fronteira com a Rússia, e a primeira a sofrer incursões dos exércitos de Vladmir Putin. Estima-se que 10 mil soldados russos estão tentando tomar o controle das cidades de Donetsk e Luhansk no local.

Família teve nomes alterados e rostos preservados por segurança (Foto: Reprodução The Sun)

Família teve nomes alterados e rostos preservados por segurança (Foto: Reprodução The Sun)

Ao tabloide britânico, Alexei, 38 anos e Natalia, 36, pais de duas meninas de 13 e 8 anos, disseram que os ataques russos trouxeram “terror” para seu dia a dia, obrigando-os a se esconder em porões para escapar dos bombardeios e provocando falta de água e energia. Os nomes reais do casal ucraniano não foram divulgados por questões de segurança. “Achávamos que tínhamos encontrado a casa dos nossos sonhos, mas agora é um pesadelo acordado – temos que nos esconder no porão de um vizinho quando ouvimos os bombardeios”, disse Alexei ao jornal.

Alexei e Natalia começaram a construir a casa onde vivem com as filhas em 2011, mas agora precisam deixá-la sempre que uma bomba explode no bairro. “Não temos um porão, então quando o bombardeio fica pesado, corremos para o nosso vizinho”, disse Natalia. “Nos últimos, não dormi. Ouvimos constantemente tiroteios. As crianças aprenderam, de alguma forma, a dormir com o barulho – embora às vezes acordem – mas eu fico acordada a noite inteira porque tenho medo por elas. É muito assustador”.

Alexei relatou ainda que a maior parte da cidade de Donetsk não tem mais eletricidade ou água. “Nossa casa tem um poço próprio, mas precisamos de eletricidade para bombeá-lo”, afirmou ao The Sun. “Descobri como conectar uma bateria de carro à bomba para pegar água e é assim que estamos vivendo. Só conseguimos manter contato com o mundo exterior porque carregamos o telefone no carro.”

A família recusou a oferta de evacuação para a região de Rostov, na Rússia, à medida que os combates se intensificaram. Alexei disse que preferem ficar e enfrentar a tempestade que se aproxima: “Por que iríamos para lá? Não há nada para nós lá e somos ucranianos, não russos”. Natalia diz temer pela saúde física e mental de suas filhas: “Não é nossa guerra. Nós não começamos e não queremos participar. Queremos viver como pessoas normais. Não fizemos nada para merecer ser usados como escudos humanos. Ouvi falar de feridos e mortos, mas até agora Deus teve misericórdia de nós e ainda não vimos com nossos próprios olhos. Só posso rezar para que esse dia nunca chegue.”

Nesta quinta-feira (24), Putin lançou oficialmente uma “operação militar especial” no território ucraniano para “proteger” parte da população do país que apoia a Rússia e, na visão do Kremlin, “foi vítima de genocídio e bullying nos últimos oito anos”. O governo ucraniano nega as acusações.