• Crescer online
Atualizado em

Crianças de 4 a 12 anos tiveram mais crises de birra e dificuldades emocionais durante a quarentena para prevenção da Covid-19, de acordo com estudo da Universidade de Bristol, publicado nesta segunda-feira (17).

criança; castigo; birra (Foto: Fernando Martinho/Paralaxis/Editora Globo)

Os pesquisadores acompanham o comportamento de crianças nessa faixa etária há mais de 10 anos e afirmaram que durante os meses de lockdown em 2020, um número excepcionalmente alto de crianças teve crises de birra e acessos de raiva geralmente vistos em crianças menores, de 2 ou 3 anos de idade. Nos pequenos, esse tipo de descontrole é esperado porque os mecanismos de regulação emocional ainda estão muito imaturos, mas, a partir dos 4 anos, o natural é que essas crises diminuam com o amadurecimento de várias regiões do cérebro.

+ Acesse conteúdo exclusivo de Disney, Pixar, Star Wars, Marvel e National Geographic no Disney+. Assine agora e assista a mais de 900 filmes e séries. Link patrocinado produzido por G.Lab para Disney+

A equipe acompanhou mais de 700 crianças de 4 a 12 anos durante a pandemia e sugeriu que a angústia por causa do confinamento afetou negativamente a sua saúde mental. Os dados comportamentais das crianças foram comparados com informações obtidas antes da pandemia e as diferenças foram evidentes.

Em entrevista ao The Guardian, uma das autoras do estudo, a epidemiologista psiquiátrica da Universidade de Bristol, afirmou: “Os problemas emocionais geralmente atingem o pico por volta dos dois anos de idade e diminuem durante a infância. Mas, durante a pandemia, as crianças mais velhas tiveram níveis muito mais altos de dificuldades emocionais do que seria esperado em sua idade. Nossas descobertas sugerem que as crianças de 4 a 12 anos estão enfrentando dificuldades emocionais no nível esperado durante os ‘terríveis dois anos’. Isso pode refletir um atraso no desenvolvimento emocional que, se não for cuidado com atenção, pode ir além da pandemia e ter consequências de longo prazo para esta geração de crianças”.

O que fazer se o comportamento do seu filho regredir?

O pediatra Daniel Becker, Rio de Janeiro (RJ), confirma que a maioria das crianças, mesmo tendo conquistas durante a quarentena, sofreu com sintomas psíquicos causados pelo isolamento e ausência do convívio na escola. “São sintomas que vão se agravando ao caminharem para a introspecção excessiva, recusa de vivenciar as atividades em família, de sair, de participar da aula online, de ver os avós, de encontrar amigos... até chegar na depressão, que vimos um bocado também”, afirma.

Uma vez que seja observado um atraso (lembre-se: você não está sozinho nessa!), a criança deve ser estimulada. É importante ter um profissional acompanhando, ou seja, converse sempre sobre isso com o pediatra. Quanto aos estímulos, vão variar de acordo com a idade e a finalidade, mas englobam as vivências no dia a dia, o olho no olho, as brincadeiras ao ar livre e o contato com a natureza, tomando sempre cuidado com aglomerações (a pandemia segue seu curso ainda). Se sentir dificuldade, não hesite em procurar o apoio de profissionais especializados, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais.