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Crianças brincando na floresta (Foto: Getty Images)

Crianças passaram quase um ano em isolamento social  (Foto: Getty Images)

Com a pandemia do coronavírus, ficar isolado em casa virou rotina para os pequenos. No entanto, alguns especialistas estão preocupados com esse cenário e dizem que as crianças precisam brincar e também de interação social. No Reino Unido, o secretário de Saúde, Matt Hancock, esclareceu que os pequenos podem brincar ao ar livre, porém, em algumas regiões do país, as autoridades reforçam que eles não podem interagir. 

Segundo informações do The Guardian, médicos e especialistas em saúde pública pediram ao governo que relaxasse algumas restrições com relação às brincadeiras, alertando que as crianças não conseguem “prosperar e crescer” sem interação social. 

“As crianças precisam de crianças”, disse Sunil Bhopal, pediatra e professor de saúde infantil em Newcastle, Inglaterra. "Eu realmente me preocupo em controlar a pandemia, mas o governo não nos deu um bom motivo pelo qual as crianças não podem brincar juntas". O especialista disse que as crianças não estavam se desenvolvendo adequadamente sem socialização. “Estamos vendo tristeza e angústia. Se queremos que as crianças cresçam e se desenvolvam, elas precisam ser capazes de brincar e interagir umas com as outras". 

“As pessoas não têm certeza se brincar é permitido”, disse Sarah Simpson, mãe de Theo ao The Guardian. “Eu trago o meu para brincar, mas as famílias que conheço não vão aparecer. Eu sou totalmente a favor da proteção dos vulneráveis, mas estamos entrando no segundo ano agora e com as escolas fechadas, as crianças precisam brincar de verdade - ou seja, brincar com outras crianças", diz a mãe.

Michael Absoud, um consultor em neurodeficiência infantil, diz que o governo precisa criar um plano para orientar a como as crianças podem brincar. "Nós, como pediatras, gostaríamos de ver uma agenda nacional focada na brincadeira", explica.

Meu filho pode interagir com outras crianças? 

Para o neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), não existe uma resposta certa para essa questão; é preciso que cada família avalie sua realidade social. É claro que as crianças precisam de interação social, principalmente a partir dos 18 meses de idade, pois elas, nesse período, segundo o especialista, passam a entender mais a emoção do outro. 

"Com o isolamento social, os pequenos passaram a interagir apenas com o seu núcleo familiar e isso tem gerado vários problemas emocionais e de desenvolvimento. As crianças aprendem muito entre si e elas sabem que brincar com o amiguinho não é a mesma coisa que brincar com a mãe ou o pai", explica. O médico também diz que os efeitos do longo período de isolamento social ainda serão sentidos no futuro, mas que já há sinais de crianças com transtornos de ansiedade e depressão.

Por isso, o neuropediatra é favorável a interação social entre os pequenos, com as devidas precauções. Ele explica que estudos já mostraram que grande parte das crianças não evolui para quadros graves da covid-19. Porém, é preciso ter alguns cuidados. Um deles é avaliar se há pessoas que fazem parte do grupo de risco para a doença na família. Nesses casos, é melhor evitar as interações. 

De acordo com o pediatra, para promover o encontro entre os pequenos, é preciso também seguir algumas orientações, como uso de máscara, no caso de crianças maiores de 2 anos, e evitar as aglomerações. Assim, o especialista explica que o ideal é formar pequenos grupos, entre primos, por exemplo, pois os pais devem manter a interação em um ambiente de crianças conhecidas, para se ter mais controle. O método "bolha", usado nas escolas, também pode ser eficaz, já que as crianças acabam interagindo com o mesmo grupo sempre.

Outro ponto importante é acompanhar a situação epidemiológica da sua região, sendo assim verificar se há um aumento de casos e morte de covid em sua cidade, sempre respeitando as orientações das autoridades de saúde.