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Peter com Anthony e Johnny (Foto: Reprodução/Instagram/fosterdadflipper)

Peter com Anthony e Johnny (Foto: Reprodução/Instagram/fosterdadflipper)

Pai solteiro, negro, órfão... Nascido em Uganda, na África, Peter Mutabazi conta que têm sido alvo de preconceito ao sair com o filho adotivo Anthony e o pequeno Johny - que está temporariamente sob seus cuidados - ambos brancos. A família mora nos Estados Unidos, onde Peter se estabeleceu há anos, vindo de Uganda para estudar.

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Segundo contou em entrevista à BBC, Peter já foi abordado em um restaurante por um mulher que perguntou onde estava a mãe dos meninos. Ao responder que ele era o pai, ela anotou a placa do carro dele e chamou a polícia, denunciando um suposto sequestro de um menino branco por um homem negro. Em outra ocasião, uma segurança de um aeroporto parou Anthony para perguntar onde seus pais estavam. Anthony indicou Peter aos funcionários, que imediatamente começaram a fazer uma verificação de antecedentes.

“Não vivemos em uma sociedade igualitária”, diz Peter, “mas quero ser visível para quebrar estereótipos. Existem estereótipos de homens negros como pais ausentes, como criminosos, tudo isso desempenha um papel. É por isso que tenho falado abertamente sobre minha paternidade e regularmente posto fotos minhas e dos meninos no Facebook e no Instagram."

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Ouvido pela BBC, o psicólogo e pesquisador Nicholas Zill, do Instituto de Estudos da Família, diz que as famílias brancas nos Estados Unidos têm muito mais probabilidade do que as famílias negras de adotar uma criança de uma etnia diferente. Os últimos dados disponíveis, de 2016, mostram que apenas 1% das adoções por famílias negras foram de crianças brancas - em 92% dos casos elas adotaram crianças negras. Enquanto isso, 11% das adoções por famílias brancas foram de crianças multirraciais e 5% foram de crianças negras, diz Zill.

Infância difícil e recomeço

Peter teve uma infância difícil. Chegou a fugir de casa, morar na rua em Uganda, até que foi adotado e viu a vida se transformar. Anos mais tarde, morando nos Estados Unidos, decidiu fazer o mesmo por menores em situação de abandono. Em 4 anos, diz ter ajudado a criar 12 crianças, fornecendo um lar temporário. Até que, em 2017, decidiu que era hora de uma adoção permanente.

"Assim como o Sr. Masiko me deu uma chance, eu queria fazer isso por outras crianças."

Hoje, Peter tem a guarda definitiva de Anthony. Os dois moram temporariamente com Johnny - também branco - até que ele esteja pronto para reencontrar sua família.