• Cristiane Rogerio*
Atualizado em

Seres fantásticos. Festas. Rituais. Simpatias. Crenças. Brincadeiras. Música. Há quem acredite, quem não, quem se divirta ou sinta medo: mas nossos costumes e pensamentos vêm de um imaginário popular e passam de geração para geração. O universo da criança acaba sendo berço de resgates, principalmente nas cidades grandes, onde se está mais distante da tradição. A literatura infantil, as brincadeiras e as cantigas com as quais embalamos a infância bebem da mesma fonte: uma forma de conhecermos as raízes, o povo.

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Essa preocupação com a preservação do genuinamente brasileiro é a vida de muitos pesquisadores que fizeram e fazem registros das mais variadas formas, de Luís da Câmara Cascudo a Ricardo Azevedo e Marco Haurélio, por exemplo. A melhor referência, com certeza, é a memória afetiva e familiar. Um caso emblemático ocorreu em 1917, quando Monteiro Lobato organizou uma enquete para leitores do jornal O Estado de S. Paulo sobre a figura do Saci, inconformado com a “europeização da cultura brasileira”. Os leitores foram incitados a falar sobre o que sabiam sobre ele, e o que representava a crendice em suas vidas – e tudo virou livro em 1918. A seguir, veja dicas para conhecer mais sobre o folclore com o seu filho.

De tudo um pouco
No clássico livro Armazém do Folclore (Ática), o autor e pesquisador Ricardo Azevedo diz: “acredito que os contos, ditados, quadras, brincadeiras e adivinhas populares sejam algo não para ser preservado só por ser antigo ou tradicional, mas muito mais que isso: um riquíssimo depósito de conhecimento (...). Nesse sentido, a cultura popular brasileira é um valioso, complexo e único patrimônio”. Pois é isso que Ricardo nos dá nessa obra: um pouco de tudo para abrir as páginas pela vida toda.

CF308_CULTURA (Foto: Reprodução)

(Foto: Reprodução)

Aqui tem festa!
Mestre André é um personagem bem conhecido das cantigas e histórias, um contador de causos, um sabe-tudo. Em Festas – O Folclore do Mestre André (Formato), o artista mineiro Marcelo Xavier constrói esse e outros personagens com massinhas e nos narra histórias das festas tradicionais, do Carnaval ao Natal.

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Em Ciranda Brasileira (Paulus), a poesia de Elias José faz par com as xilogravuras do mestre J. Borges. O poeta se inspirou nas gravuras clássicas desse grande artista nordestino para criar textos belíssimos sobre rituais, festejos e mais.

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A gente abre este livro e parece que ouve música: em Maroca & Deolindo e outros personagens em Festas (Paulinas), o pernambucano André Neves nos leva diretamente às manifestações populares de Bonfim a Nazaré, por meio de histórias de personagens altamente brasileiros, em um conto melhor que o outro.

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O Saci de Lobato
Após o mergulho nas informações da memória do povo brasileiro na enquete mencionada na página ao lado, o Saci foi o ser imaginário que mais fez parte das histórias do Sítio do Picapau Amarelo, criado por Monteiro Lobato. Em O Saci, lançado em 1921, o leitor é apresentado a esse ser mítico por meio da curiosidade de Pedrinho. Cuca, Lobisomem e a Mula Sem Cabeça também aparecem por lá. A Editora Globo lançou, em 2016, duas versões, uma com as ilustrações de Voltolino e Le Blanc, e outra com o artista Eloar Guazzelli. Recentemente, a FTD pôs nas livrarias uma edição com desenhos de Silvia Amstalden.

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Direto Das origens
“Todos os contos desta antologia foram colhidos da fonte mais pura: a memória popular. (...) É um livro oferecido às crianças e aos jovens, como símbolo de esperança na preservação da nossa cultura. Mas também aos mais velhos, como sinal de agradecimento”, escreve o pesquisador Marco Haurélio na introdução de Contos Folclóricos Brasileiros (Paulus), com ilustrações de Mauricio Negro. Ele faz uma divisão de contos de animais, de encantamento, religiosos, humorísticos e mais.

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Animações na web
O canal Animaflix tem uma playlist no YouTube chamada Animacriança Lendas Brasileiras. São 20 episódios disponíveis, com histórias do nosso folclore narradas por crianças, como se elas mesmas tivessem conhecido os personagens. Assim, temos uma menina que vai ao fundo do rio comprar roupas de sereia com a Iara; um garoto que vê o Boitatá flagrando um homem com uma serra elétrica; um Bicho-Papão que mora no armário de dois irmãos e por aí vai. Direção de Paulo Conti e Camila Kauling, da produtora Animaking.

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E na TV...
O encantador Baú de Histórias – com Cris Miguel e Sergio Serrano – ainda enriquece a programação da TV Cultura e da TV Rá-Tim-Bum. Nele, histórias de Pedro Malazartes e outras enchem a imaginação da criançada com divertidas passagens de nossa cultura popular. Com menos espaço para produções brasileiras, o canal Nick Jr coloca também sua semente no recente Tainá e Os Guardiões da Amazônia, com uma criança indígena e amigos animais ajudando os telespectadores a pensar mais sobre os seres da floresta.

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