• Marcela Bourroul
Atualizado em
bebe_andar (Foto: shutterstock)

Entre 2006 e 2013, cerca de 1 em cada 10 acidentes com produtos infantis aconteceram por conta de andadores, de acordo com o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Para reduzir o número de acidentes, o órgão decidiu certificar os andadores comercializados no Brasil.

No início de agosto, o Programa de Análise de Produtos, coordenado pelo Instituto, divulgou os resultados de ensaios realizados em amostras de andadores disponíveis no mercado brasileiro, reprovando todos os produtos analisados. Foram dez marcas analisadas, sendo cinco nacionais, e todas
apresentaram algum tipo de problema.

“A decisão do Inmetro, levando em consideração anseios, benefícios e necessidades da sociedade, foi a regulamentação do produto associada à certificação, que será compulsória”, afirmou em nota o diretor de Avaliação da Conformidade, Alfredo Lobo. “Esta não será a única ação, pois vamos iniciar uma campanha de conscientização dos pais e responsáveis, principalmente alertando quanto aos cuidados na montagem e uso seguro pelas crianças”, ressaltou.

O Inmetro vai utilizar na regulamentação as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que serão elaboradas com base nas estabelecidas em países europeus e nos Estados Unidos. O Instituto afirma que elas devem estar prontas em até seis meses. Logo depois, o regulamento ficará em consulta pública por 60 dias antes que a portaria definitiva seja publicada.

O uso do andador é um tema polêmico. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) condena sua comercialização. Este ano, inclusive, lançou uma campanha para banir os andadores. “Todo pediatra sabe perfeitamente que o andador é um equipamento que só traz prejuízos, seja pela sua absoluta inutilidade no processo de aquisição da marcha, mas sobretudo pelos grandes riscos à segurança (que incluem não só os riscos de traumatismos cranianos potencialmente letais, mas também de queimaduras, intoxicações e até afogamentos)”, escreve Eduardo Vaz, presidente da SBP no documento em que convoca a campanha contra o produto.

Há um projeto de lei no Senado que começou a tramitar este ano para vedar a produção, a importação, a distribuição e a doação de andador infantil. A medida seria semelhante à implantada no Canadá, que desde 2004 proíbe a comercialização de andadores.