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Um anúncio de vaga para governanta, publicado em um site de empregos, exige que a candidata seja vacinada contra a covid-19 com o imunizante da Pfizer. A vaga, publicada no site Trabalha Brasil, é para cuidar de duas crianças, em Campinas (SP), e tem um salário previsto de R$ 1.600. 

Anúncio de emprego no site Trabalha Brasil  (Foto: Reprodução: Trabalha Brasil )

Anúncio de emprego no site Trabalha Brasil (Foto: Reprodução: Trabalha Brasil )

Entre as tarefas exigidas estão: organizar a rotina das crianças, ser responsável pela alimentação diurna delas, assim como a realização das atividades diárias (estudos, cursos fora, lazer e afins). Além disso, há tarefas relacionadas às dependências da casa como limpeza da residência. 

Para a vaga, a candidata deve ter experiência, boa bagagem cultural e ter sido vacinada contra a covid-19 com o imunizante da Pfizer. A pessoa também terá uma folga remunerada por mês ou férias (15 dias) após de contrato. O anúncio também exige registro como MEI. 

No anúncio, não há contato do empregador apenas um cadastro de candidatos. Caso o empregador queira se posicionar, basta entrar em contato com a redação da CRESCER pelo nosso WhatsApp (11) 98808-7558. 

A CRESCER também tentou entrou em contato com o site Trabalho Brasil, eles disseram que atuam como um banco de currículos. "O anúncio das vagas é feito pelas empresas. Vamos verificar essa situação. Frisamos que nossa equipe acompanha e que em casos como esse, orientamos os anunciantes e efetuamos a correção no site", disse a empresa. 

Sommelier de vacina

Nos postos, vem tendo uma grande procura pela vacina da Pfizer, no entanto, os especialistas desestimulam esse comportamento já que pode atrasar o ritmo da vacinação. Além disso, as vacinas aplicadas, atualmente, são seguras. “Qualquer vacina precisa passar por estudos que definem que é um produto eficaz e seguro. As vacinas contra a covid-19 são um produto novo, é natural que exista um receio. Mas é importante lembrar que elas só começam a ser aplicadas depois que os órgãos regulatórios autorizam o uso”, explica o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm).

As fake news em torno  da vacina acabam impactando o plano de imunização do país. "Tanta desinformação acaba contaminando a confiança em todos os produtos. Mas devemos sempre lembrar que todas as vacinas disponíveis no PNI são seguras, passam por todos os estudos necessários e só são usadas depois da autorização dos nossos órgãos regulatórios", diz o especialista. 

Atualmente, as vacinas disponíveis no Brasil são: CoronaVac, imunizante da empresa chinesa Sinovac, produzido em parceria com o Instituto Butantan, AstraZeneca, Oxford, produzida no Brasil pela Fiocruz e a da Pfizer. 

Ponto de vista legal 

Na perspectiva legal, quando um empregador exige que um candidato seja vacinado com um tipo de vacina específica, essa exigência pode se configurar como um caso de discriminação. Segundo Antonio Rodrigues de Freitas Junior, professor associado de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), na Constituição Brasileira e na CLT, existem regras proibindo a discriminação por motivo de sexo, origem étnica e orientação sexual. 

O professor explica que os empregadores só devem fazer exigências ligadas ao desempenho profissional dos candidatos. "Por exemplo, você pode oferecer uma vaga para uma pessoa que tenha a partir de uma certa altura ou um certo porte físico, quando isso for recomendado para a atribuição que você vai destinar aquela pessoa", explica o advogado.  

Quanto ao anúncio, o especialista diz que esse tipo de discriminação é inaceitável, pois ela está impondo um tipo de atributo que não é da escolha do candidato. "Nós não podemos escolher a vacina que vamos tomar em uma campanha de vacinação pública". 

O advogado ainda ressalta que esse empregador pode ser penalizado criminalmente, pois sua atitude se configura como uma atitude discriminatória, uma preferência imotivada.