• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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Raquel pode visitar a filha na UTI apenas uma vez (Foto: Reprodução Facebook)

Raquel pode visitar a filha na UTI apenas uma vez (Foto: Reprodução Facebook)

"Tivemos um susto muito grande. Malu testou positivo para a covid", desabafou a mãe, Raquel Matos Rocha, de São Paulo, em um grupo do Facebook. Ela conta que no dia 5 de maio, a filha de 3 anos começou a ter febre. Dois dias depois, os pais resolveram levá-la ao médico. "A garganta estava muito inflamada e ela passou por alguns exames. Meu marido, João, ficou com ela aguardando os resultados e eu voltei para casa, pois tinha alguns compromissos profissionais. Os resultados estavam muito alterados e os médicos acharam melhor fazer o teste de covid. Ficamos tranquilos acreditando que seria negativo, pois, além de ela não apresentar qualquer sintoma respiratório, estávamos cumprindo a quarentena, trabalhando em home office, e apenas João saindo para ir ao mercado", conta.

Devido as regras do hospital, até o resultado do exame, não poderia haver troca de acompanhante. Então, Malu ficou com o pai. Dois dias depois, 9 de maio, saiu o resultado: positivo! "Foi um misto de angústia, medo e incerteza. Eu fiquei sem chão. Foi um choque porque estávamos sem sair de casa, tomando um milhão de cuidados. Além disso, com o resultado, não pode mais haver a troca de acompanhante. Eles ficaram 7 dias no hospital e eu longe. As chamadas de vídeo foram a minha salvação", lembra. Raquel conta que sentiu muito medo, já que a filha é asmática. "Ela já teve muitas crises. Em 2018, ficou internada dez vezes. Em 2019, foram cinco vezes. Neste ano, já foram três internações: duas por crise e a última por causa da covid. Ela já teve bronquiolite, coqueluche e três pneumonias. Malu tem um grande histórico de problemas respiratórios", conta. Felizmente, a mãe disse que, dessa vez, não houve necessidade de oxigênio e cuidados invasivos, apenas antibióticos. "Ela ficou internada na UTI por precaução. A febre ia e voltava e ficou assim até o dia 11. Depois, não teve mais febre, a garganta melhorou e voltou a comer", completa.

Durante a internação, Raquel pode ver a filha apenas uma vez, no Dia das Mães. "Pude ver ela durante apenas uma hora e tive que vestir muitos equipamentos de segurança. Quando eu entrei na UTI, ela me viu e disse: 'Mamãe, eu te amo' Eu desabei. Quando fui embora então.... meu Deus", lembra. "Ela estava muito bem cuidada pela equipe médica e estava com o pai, mas, como mãe, foi como se eu estivesse abandonando ela. Foi muito difícil", lembra. Malu recebeu alta no dia 14 de maio. "Quando a porta da UTI abriu e eu a vi, chorei litros. Agarrei ela no meu colo, abracei e chorei, chorei e chorei. Toda a equipe médica se emocionou. Depois, ficamos os três em isolamento por 14 dias. Eu e meu marido usando máscara o tempo todo. Só tirávamos quando ela ia dormir. Malu está totalmente recuperada. Amanhã (11), ela fará 3 anos. Vamos fazer uma festa em casa, nós três apenas", finalizou.

Raquel, Malu e João, no dia da alta (Foto: Reprodução Facebook)

Raquel, Malu e João, no dia da alta (Foto: Reprodução Facebook)

PAIS TESTARAM NEGATIVO

Além de Malu não ter tido complicações por conta da covid, os pais ficaram surpresos ao fazer o teste e descobrirem que não tinham o vírus. "João e eu não apresentamos sintomas. No dia 4 de junho, fizemos a sorologia e deu 'não reagente'. Não há uma explicação", diz. De acordo com cientistas franceses, novas evidências mostram que os pequenos não "espalham" o vírus tão facilmente. Eles chegaram a essa conclusão depois que um menino de 9 anos contraiu o vírus e não o transmitiu para ninguém, apesar de ter entrado em contato com mais de 170 pessoas nos dias seguintes.

Segundo o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, pode acontecer, sim, de uma pessoa contrair e não passar para os outros moradores da casa. "É um vírus que passa, principalmente, através do contato respiratório, é o que chamamos de carga viral. Então, uma das hipóteses também é que a criança tenha sido infectada fora de casa e, durante um período, não houve troca de beijos e abraços, ou compartilhamento de objetos, como copos e talheres, com uma carga víral suficiente", explica. "Outra possibilidade é o falso negativo. É preciso verificar qual exame os pais fizeram. Testes rápidos costumam dar mais falso negativo. O PCR, nesse caso, é mais seguro. No entanto, são vários os fatores que podem levar uma pessoa a não ser infectada", finalizou.