• Amanda Oliveira, do home office
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Mulheres grávidas e puérperas entram no grupo de risco para coronavírus (Foto: Pexels)

Mulheres grávidas e puérperas entram no grupo de risco para coronavírus (Foto: Pexels)

O Ministério da Saúde colocou as grávidas e puérperas no grupo de risco para o novo coronavírus. Apesar de não haver estudos suficientes comprovando que essas mulheres seriam mais vulneráveis, o órgão decidiu redobrar a atenção com essa população, como forma de precaução, já que algumas puérperas morreram com Covid-19. Foi o caso da fisioterapeuta Viviane Albuquerque, 33 anos, que morreu após dar à luz ao pequeno Erick. Após ter febre e tosse, a mãe foi internada com Síndrome Respiratória Aguda Grave e teve que fazer uma cesárea de emergência. De acordo com relato de amigos e familiares, ela era saudável, se exercitava com frequência e não tinha nenhuma comorbidade. Mesmo assim, o caso se agravou.

Segundo o Ministério da Saúde, as gestantes e puérperas são mais vulneráveis a infecções e, por isso, estão nos grupos de risco do vírus da gripe. "Estudos científicos apontam que a fisiopatologia do vírus H1N1 pode apresentar letalidade nesses grupos associados à história clínica de comorbidades dessas mulheres. Sendo assim, para a infecção pelo Covid-19, o risco é semelhante pelos mesmos motivos fisiológicos, embora ainda não tenha um estudo específico conclusivo. Portanto, os cuidados com gestantes e puérperas devem ser rigorosos e contínuos, independente do histórico clínico das pacientes", disse a instituição em nota à imprensa. 

Para esclarecer as dúvidas dos leitores, CRESCER conversou com especialistas que falaram sobre o impactos da Covid-19 em grávidas e puérperas e deram algumas recomendações para as mães. 

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AS GESTANTES E PUÉRPERA SÃO GRUPO DE RISCO? 

De acordo com a ginecologista Juliana Esteves, membro da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), não há motivo para pânico, já que as grávidas e as mães que deram à luz recentemente seriam mais um grupo de atenção do que de risco. A médica explica que ainda não há tantos casos graves para afirmar que as gestantes seriam mais suscetíveis a desenvolverem complicações pela Covid-19. No entanto, Juliana ressalta que no caso das puérperas, é preciso ter cuidado, pois até seis semanas após o parto, o sistema imunológico delas pode estar mais vulnerável, devido às modificações no corpo. 

As gestantes com comorbidades também precisam de atenção redobrada. "Essas, sim, seriam um grupo de risco", diz. Por exemplo, um quadro de pré-eclampsia, que tem como principal característica a pressão arterial elevada, pode fazer com que o organismo da mulher tenha uma resposta fisiológica ruim à infecção causada pelo vírus. 

QUAIS CUIDADOS AS GRÁVIDAS DEVEM TER? 

Segundo Braulio Zorzella, obstetra e representante da ReHuNa, Rede pela Humanização do Parto e Nascimento, é fundamental que as gestantes mantenham o isolamento social, não recebendo visitas. Além disso, é preciso manter a higiene e ter uma alimentação mais saudável para fortalecer a imunidade. 

Uma outra dica é tentar praticar exercícios físicos em casa ou mesmo fazer ioga. "É importante manter a mente sã. O medo e o pânico podem desestabilizar o organismo. Por isso, se possível, evite assistir muito aos noticiários e faça atividades mais leves", diz o médico.

MULHERES COM CORONAVÍRUS SÃO MAIS PROPENSAS À CESÁREA?  

Segundo o obstetra, uma gestante infectada com coronavírus só precisará fazer uma cesárea caso desenvolva um quadro de insuficiência respiratória. "Se a mãe estiver em estado grave, a cesárea é uma forma de salvar a vida da mãe e do bebê", afirma. Mas, as mulheres com sintomas leves não necessariamente precisarão do procedimento.  

A COVID-19 FAVORECE O PARTO PREMATURO? 

Zorzella explica que já há alguns trabalhos que mostram que as mulheres com coronavírus possuem uma tendência maior de terem partos prematuros. Em um estudo, publicado no periódico acadêmico Ultrasound in Obstetrics & Gynecology (UOG), pesquisadores ingleses analisaram 32 mulheres com Covid-19 e dessas, 47% tiveram partos prematuros. Segundo Juliana, da Febrasgo, as alterações no quadro clínico da gestante, como insuficiência respiratória e febre alta, são alguns dos motivos que podem levar a grávida a um parto prematuro.

ACOMPANHANTE NO PARTO, PODE? 

A  Lei Nº 12.895 estabelece que toda gestante tem o direito de ter um acompanhante durante o parto, desde que essa pessoa não tenha sintomas do novo coronavírus. Para Zorzella, preservar esse direito é fundamental. "Deixar a mulher dar à luz sozinha pode gerar um transtorno emocional muito grande, já que ela está mais frágil. Além disso, geralmente, a pessoa que acompanha a grávida no parto já está com ela há algum tempo e vai continuar a ajudando no pós-parto", complementa,

HÁ RISCOS PARA O BEBÊ? 

Se uma gestante está infectada com coronavírus há risco para o bebê? Esta pergunta já deve ter passado pela cabeça de muitas mulheres. A boa notícia é que ainda não tivemos casos de transmissão do vírus da mãe para a criança, que foram, de fato, comprovados.

Zorzella explica que, apesar de terem acontecido casos de recém-nascidos com Covid-19, não se sabe se essa infecção ocorreu dentro ou fora do útero. O obstetra também ressalta que o coronavírus, aparentemente, não provoca má formação nos bebês, como ocorreu com o zika vírus.

MÃES COM A COVID-19 DEVEM FICAR AFASTADAS DO BEBÊ? 

A recomendação dos especialistas é que as mães restrinjam o contato com o bebê apenas à amamentação. Segundo a ginecologista Juliana, é importante manter a amamentação, já que não há nenhum estudo que comprove que o coronavírus possa ser passado por meio do leito materno. No entanto, é essencial que as mulheres estejam atentas às medidas de higiene. 

"Quando for amamentar, a mãe deve trocar de roupa, usar máscara, manter os cabelos presos e evitar usar brincos, pois eles podem acumular sujeira", diz a especialista. Sobre as outras tarefas, como banho e troca do bebê, o recomendado é que sejam realizadas por outra pessoa para evitar a contaminação. 

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) alerta que, no caso de a mãe não se sentir à vontade para amamentar diretamente seu filho, ela poderá extrair o seu leite manualmente ou usar bombas de extração láctea, desde que bem higienizadas. Assim, um cuidador saudável poderá oferecer o leite ao bebê por copinho, xícara ou colher.

Os impactos do coronavírus vêm levantando muitas dúvidas dos leitores. Por isso, a CRESCER tem feito uma cobertura completa da COVID-19, com o objetivo de trazer aos pais informações confiáveis. Para ter acesso, se inscreva na nossa newsletter.

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