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Criança triste; transtornos psicológicos (Foto: Shutterstock)

Câncer infantil compromete milhões de anos de vida (Foto: Shutterstock)

Coletivamente, os cânceres infantis são o 6º maior contribuinte para a carga total de câncer em todo o mundo, após o câncer de pulmão, fígado, estômago, cólon e mama em adultos; e a nona causa principal de carga de doenças na infância globalmente. Embora o número de novos casos em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos seja relativamente baixo — em torno de 416.500 em todo o mundo em 2017 — calcula-se que os problemas de saúde e incapacidade relacionados ao tratamento e o câncer fatal causem cerca de 11,5 milhões de anos de vida saudável perdidos globalmente todos os anos.

Os números foram revelados pelo Estudo Global sobre Carga e Doença (GBD), que avaliou a carga de câncer na infância e adolescência em 195 países em 2017, e foi publicado na revista The Lancet Oncology. Essa é a primeira vez que se tem uma imagem completa da carga global e regional do câncer infantil, além da incidência, mortalidade e sobrevivência. O estudo estima o número de anos de vida saudável que crianças e adolescentes com câncer perderam devido a doença, incapacidade e morte prematura — uma medida conhecida como anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs).

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Um DALY é equivalente a um ano de vida saudável perdida. No entanto, a incapacidade em sobreviventes de câncer infantil foi limitada aos primeiros 10 anos após o diagnóstico de câncer, ao invés de todo o curso da vida, por isso a carga global de DALYs associados ao câncer infantil é provavelmente subestimada, dizem os pesquisadores. "Avaliando a carga global do câncer infantil através das lentes dos anos de vida ajustados por incapacidades, podemos entender de forma mais compreensível o impacto devastador do câncer em crianças globalmente", diz Lisa Force, do St Jude Children's Research Hospital, nos Estados Unidos. Ela liderou a pesquisa que foi realizada em conjunto com o Institute for Health Metrics and Evaluation. "Nossas descobertas são um importante primeiro passo para estabelecer que o câncer infantil tem um papel em estruturas que abordam a oncologia global e a saúde infantil global", afirma.

PAÍSES DE ALTA X BAIXA RENDA

Crianças com câncer que vivem em países de alta renda tendem a ter boa sobrevida, com cerca de 80% sobrevivendo cinco anos após o diagnóstico. Mas essas melhorias não se traduziram na maioria dos países de baixa e média rendas, onde a sobrevivência é de 35 a 40%, mas algumas estimativas sugerem que poderia ser de 20%. Índia, China, Nigéria, Paquistão, Indonésia e Estados Unidos são os que enfrentam o maior número de casos de câncer infantil entre os países com maior população de crianças.

Infelizmente, a falta de um diagnóstico precoce e o acesso a cuidados de saúde são os principais responsáveis pelos altos índices em muitos dos países mais pobres. As crianças que moram nesses locais enfrentam uma carga de câncer desproporcionalmente alta — contribuindo com mais de 82% da carga mundial de câncer infantil — equivalente a quase 9,5 milhões de anos de vida saudável perdidos em 2017. A maioria (97%) dessa carga global está relacionada a morte prematura, com cerca de 3% por comprometimento da qualidade de vida.

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Os autores destacam o fato de que os mecanismos para abordar a carga de câncer em adultos, que se concentram em estratégias de redução de risco e intervenções de triagem, não são tão relevantes para cânceres infantis, já que geralmente progridem rapidamente, não são passíveis de programas de rastreamento que visam identificar crescimentos pré-cancerígenos e são fatais sem diagnóstico e tratamento rápidos. Isso enfatiza o papel crucial que o diagnóstico e o tratamento precoces terão para reduzir o impacto global.

"Melhorar a sobrevivência do câncer na infância exigirá considerável planejamento por parte dos formuladores de políticas para assegurar sistemas de saúde que funcionem bem e sejam capazes de diagnóstico e tratamento precoces", diz Lisa Force. "Estimar os anos de vida saudável que as crianças perderam devido ao câncer permite que os formuladores de políticas comparem as implicações do câncer infantil ao longo da vida, potencialmente ajudando-os a determinar a maneira mais eficaz de gastar recursos limitados e identificar decisões de planejamento de controle de câncer de alto impacto", completa.

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