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Menino observando o que acontece na rua fora através de janela (Foto: Pexels)

O uso de cannabis medicinal é um tratamento efetivo, bem-tolerado e seguro para crianças autistas, ajudando a reduzir uma série de sintomas físicos e comportamentais, de acordo com estudo da Universidade Ben-Gurion (Israel) em parceria com o Centro Universitário Médico de Soroka.

De 2015 a 2017, os pesquisadores acompanharam 188 crianças no espectro autista, que tinham entre 4 e 18 anos de idade, e fizeram um tratamento com um óleo de cannabis, composto por 30% de óleo de canabidiol (CBD), e 1,5% de THC, entre 2015 e 2017. O óleo, que deve ser colocado embaixo da língua, foi dado aos pequenos três vezes por dia durante seis meses. Os cientistas, baseados em entrevistas feitas com os pais dos participantes, afirmam que o remédio diminuiu o número de convulsões, depressão e ataques de raiva nos pacientes.

Cerca de 54% dos pais relataram melhora moderada nos sintomas dos filhos depois do tratamento, 30% informaram ter ocorrido melhora significativa, 6% disseram que houve uma pequena melhora e 9% não notaram mudança. Antes do tratamento, 31.3% das famílias afirmavam ter uma “boa qualidade de vida”. Depois de seis meses do início do uso do óleo, o número que concordava com essa afirmação foi para 66.8%.

Após o fim do tratamento, cerca de um quarto dos pacientes relataram pelo menos um efeito colateral. Os mais comuns foram: inquietação (6.6%), sonolência (3.2%), efeito psicoativo (3.2%), aumento do apetite (3.2%), problemas de digestão (2.2%), boca seca (2.2%) e perda de apetite (2.2%).

No estudo, os pesquisadores ressaltam que o mecanismo com que os componentes da cannabis atuam no cérebro de paciente autistas ainda não está completamente esclarecido. “Embora este estudo sugira que o tratamento com cannabis é seguro e pode melhorar os sintomas do Transtorno do Espectro Autista e a qualidade de vida dos pacientes, acreditamos que estudos controlados com placebo são essenciais para uma melhor compreensão do efeito da cannabis em pacientes com TEA”, disse, em nota, o professor doutor em medicina Victor Novack, um dos autores do estudo.