• Andressa Basilio
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Criança com a fita métrica na barriga (Foto: ThinkStock)

(Foto: ThinkStock)


Crianças obesas geralmente se tornam adultos obesos, com predisposição a desenvolver inúmeros problemas de saúde, como doenças do coração e diabetes. É o que mostram as estatísticas infelizmente. Mas um novo estudo olha para essa situação com mais otimismo e sugere que a adolescência pode ser um período chave para reverter a condição. A conclusão foi feita a partir do acompanhamento durante 31 anos de mais de 2.700 finlandeses, que tiveram seus Índices de Massa Corporal (IMC) medidos pelos pesquisadores ao longo da infância, adolescência e fase adulta. Os resultados mostraram que a maioria dos adultos que se tornaram obesos já eram crianças mais pesadas que seus colegas aos 6 anos de idade.

A nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo (SP), Marisa Coutinho, explica que o risco de obesidade é maior na primeira infância porque a multiplicação das células que armazenam gordura se inicia na 30ª semana de vida do feto e permanece intensa até os dois anos do bebê. “Durante esse período, se a criança tiver uma alimentação com mais calorias do que ela é capaz de gastar, as células aumentam em tamanho e número para armazenar mais gordura”. Depois dessa fase, as células de gordura permanecem estáveis até por volta dos 9 anos, quando voltam, com a puberdade, a se multiplicar mais rapidamente. Somado a esse fator biológico, muitos jovens adotam estilos de vida mais sedentários, gastam muito tempo com videogame e smartphones e tendem a abusar de alimentos calóricos.

A pesquisa, porém, descobriu que cerca de 3% dos adultos avaliados que tinham sobrepeso quando crianças perderam os quilos extras justamente entre a adolescência e o início da fase adulta. Maior preocupação com o corpo e o estirão de crescimento, que favorece a perda de peso, ajudam a explicar o achado. Segundo a publicação, as meninas reverteram a condição mais cedo, em média aos 16 anos. Já os meninos emagreceram por volta dos 21 anos. A autora do estudo, Marie-Jeanne Buscot, da Universidade da Tasmania, na Austrália, destacou que tal descoberta é a prova de que é possível reverter a situação da obesidade. “Os esforços para alterar as trajetórias de IMC para a obesidade adulta devem idealmente começar ainda na primeira infância”, descreve a pesquisadora no artigo publicado. “Mas a adolescência é também uma segunda oportunidade para prevenção secundária”.

O endocrinologista Eurico Ribeiro de Mendonça, do Sabará Hospital Infantil (SP), explica que o fato genético faz diferença e não pode ser ignorado. “Muitas crianças obesas têm um ou os dois pais também obesos, ou seja, é a combinação de predisposição genética e hábitos alimentares e estilo de vida que favorecem a condição”, alerta. Além disso, quando o problema é recorrente na família, a sua percepção pode ser mais difícil.

Como combater a obesidade na infância


A primeira medida importante para a prevenção da obesidade é o aleitamento materno ou uso de fórmulas infantis (quando for o caso) na diluição correta, seguindo as orientações do nutricionista ou pediatra. “Uma segunda medida é a família manter uma alimentação saudável desde o início para dar o exemplo aos filhos, afinal, dificilmente a criança vai querer comer o que não vê os pais consumindo”, indica a nutricionista Marisa Coutinho, do São Camilo. 

Uma vez que a criança já está com sobrepeso, o sedentarismo e o abuso de frituras, refrigerantes, doces e alimentos gordurosos são fatores ambientais que dificultam o processo de emagrecimento, por isso, uma mudança completa do estilo de vida pode ser necessária. “Muitas vezes algum problema emocional pode estar causando os hábitos errados. Nesses casos, uma abordagem psicoterápica tem que ser feita também”, aconselha Mendonça.
E, claro, você está cansado de ouvir isso, mas não custa repetir: a mudança começa em casa. “Se a família se alimenta mal, todos devem buscar reeducação alimentar, com dieta baseada em vegetais (folhas, grãos, frutas), com peixes e carnes magras em pequena quantidade e atividade física diária, além de diminuir o tempo em frente à televisão, videogames e smartphones”, aconselha o especialista do Sabará.

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