• Maria Clara Vieira e Susana Berbet
Atualizado em
Obesidade (Foto: Thinkstock)

Pode admitir: é difícil resistir às bochechas rechonchudas de crianças e bebês, não é mesmo? Dá vontade de apertar! Mas, ao contrário do que muitos pensam, gordura não é sinônimo de saúde. E não faltam estudos científicos para alertar os pais sobre os perigos da obesidade infantil.

Obesidade infantil: as consequências

Uma pesquisa recente, financiada pelo Instituto Nacional de Saúde, nos Estados Unidos, analisou exames de ressonância magnética de 20 crianças obesas. A descoberta é impressionante: 40% delas apresentam alto risco de ter problemas cardíacos. Segundo os pesquisadores, quando essa situação aparece durante a infância, a saúde pode ficar comprometida de forma séria na vida adulta, e, no pior dos casos, levar à morte prematura, justamente pelas consequências que afetam o coração.

O segundo alerta vem do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), também dos Estados Unidos. A instituição compilou e analisou dados americanos de 2011 a 2014 e fez a seguinte descoberta: 21% das crianças com mais de 5 anos de idade têm níveis de colesterol acima do recomendado - e isso aumenta os riscos de infarto e derrame

Embora esses problemas costumem se manifestar na fase adulta, a qualidade de vida na infância também pode ser comprometida. “Alterações ortopédicas, desencadeadas pela obesidade, são muito limitantes.Quando o esqueleto está sobrecarregado, há modificações na coluna, no joelho e nos pés, além de prejuízos no crescimento”, afirma a endocrinologista pediátrica Gabriela Kremer, do Ambulatório de Obesidade do Hispital Pequeno Príncipe (PR)

A hora de comer 

Depois de acompanharem 60 famílias, pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA) concluiram que fazer refeições distraidamente, ou seja, alimentar-se enquanto realiza outra tarefa, é bastante perigoso para a saúde, por favorecer a obesidade infantil, já que a criança não nota o que está comendo e pode acabar ingerindo calorias demais.

Por isso, os cientistas afirmam que é importante os pais restringirem o uso de equipamentos eletrônicos à mesa e evitarem ao máximo oferecer as refeições aos filhos enquanto fazem outras atividades. Os adultos, aliás, também precisam policiar a si mesmos. O estudo mostrou que, que quando estão em ambientes barulhentos, com equipamentos eletrônicos ligados, tendem a comer mais e a deixar de dar a devida atenção às crianças.

As causas da obesidade

Exercícios físicos são fundamentais (Foto: Thinkstock)

Exercícios físicos são fundamentais (Foto: Thinkstock)

Se os pais notarem o excesso de peso no filho, o primeiro passo é consultar um médico para averiguar as causas. "Apenas 5% dos quadros de obesidade infantil têm origem hormonal ou genética – e aí, devem ser tratados individualmente com especialistas", explica Gabriela Kraemer. 

O excesso de peso, na grande maioria dos casos, é causado pela má alimentação e pela falta de exercícios físicos, já que, atualmente, as crianças passam muito tempo dentro de casa, em frente  às telas, e deixam de se movimentar.

Segundo o ortopedista pediátrico Evando Góis, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), os exercícios físicos aeróbicos auxiliam na perda de peso, ajudam no crescimento e corrigem a postura. O problema, segundo ele, é que, hoje em dia, vivemos em locais cada vez menores e as questões de segurança afastam a criança da rua. Então, elas ficam apenas dentro de casa, realizando atividades que requerem pouco esforço físico.

Para estimular seu filho a se movimentar, a dica é ouví-lo, para descobrir quais modalidades de exercício interessam a ele. “Não existe criança que odeie todos os esportes, existe criança que ainda não conheceu um por que se apaixonar”, garante Góis. E ressalta: "O objetivo não é fazer com que a criança seja a melhor em determinada atividade, é fazer com que sinta prazer ao praticá-la. Se houver imposição, ela desenvolverá aversão.”

 O bom exemplo

A amamentação fortalece o vínculo entre mãe e bebê (Foto: Thinkstock)

A amamentação contribui para evitar a obesidade (Foto: Thinkstock)

É possível prevenir a obesidade desde o início da vida da criança. Para isso, é importante que o bebê  seja amamentado exclusivamente até os 6 meses e, em seguida, comece a receber um cardápio rico em comidas naturais e pouco gordurosas, com alimentos variados que estimulem o paladar. Vale lembrar que o aleitamento continua fundamental, de forma complementar, até os 2 anos.

O exemplo dos adultos também é essencial. “É preciso que os pais se questionem sobre os alimentos que estão colocando dentro de casa. Não ponha na despensa o que você não quer que o seu filho coma. A família toda deve passar por uma reeducação alimentar”, defende a nutricionista Karla Vilaça, de São Paulo (SP).

Ou seja, não adianta a mãe e o pai exigirem que a criança coma legumes, frutas e verduras se eles mesmos não consomem esses alimentos. A família toda deve ter uma dieta balanceada e saudável, para que a criança aprenda pelo exemplo. Se os adultos da casa consomem refrigerantes, doces, fast-food e alimentos congelados, ricos em gordura, sódio e açúcar, é isso que os filhos aprenderão a comer.

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