• Marcela Bourroul
Atualizado em
puberdade_precoce (Foto: shutterstock)

Muitos pais se assustam quando este momento de transição chega antes do esperado e, aquela garotinha que ainda acredita na fada do dente, por exemplo, de repente começa a desenvolver seios. Naturalmente surgirão preocupações, mas se a criança tiver acompanhamento adequado desde o aparecimento dos primeiros sinais, é possível desacelerar os hormônios e frear esse processo até o momento adequado. Separamos aqui tudo o que você precisa saber sobre o assunto.

Quando a puberdade é considerada precoce?

A puberdade é um processo natural de amadurecimento. Por conta de modificações hormonais, surgem mudanças físicas e o indivíduo adquire capacidade reprodutiva. Esse processo é considerado precoce em crianças com menos de 8 anos. No caso de meninas, ele é caracterizado principalmente pelo crescimento da mama e surgimento de pelos pubianos. No caso de meninos há aumento dos pelos corporais, do pênis e da bolsa escrotal.

A puberdade precoce é mais comum em meninas?

Sim. De cada 10 casos de puberdade precoce, 9 são em meninas.

Por que ela aparece?

Na maioria dos casos, os médicos não conseguem encontrar uma causa definida para a liberação precoce de hormônios. Algumas vezes, a puberdade precoce pode ser deflagrada por tumores. Nesse caso, os médicos devem tratar a doença de base.

Quando devo procurar um médico?

Se algum dos sinais citados anteriormente aparecerem no seu filho e ele tiver menos de 8 anos, marque uma consulta com o pediatra para que seja feita a primeira avaliação e encaminhe, se necessário, a um endocrinologista.

Qual é o tratamento indicado?

Se o médico identificar uma causa para a puberdade precoce, ele vai tratar a raiz da doença. Caso seu filho faça parte da maioria, não haverá diagnóstico definido. Aí, o médico precisará avaliar uma série de fatores para decidir se indicará o medicamento que suspende a produção hormonal e por quanto tempo. Se optar pelo tratamento, o remédio utilizado será uma injeção administrada mensal ou trimestralmente, que barra a evolução da puberdade. A dose mensal custa cerca de R$ 500. Dependendo do caso, o médico também pode sugerir um tratamento com hormônios de crescimento para que a criança não fique muito baixinha. Isso porque é na puberdade que acontece a última fase de crescimento da criança. Se ela chegar muito cedo, pode impedir que seu filho chegue a uma estatura dentro da média.

Quais fatores o médico leva em conta para decidir tratar a criança?

Existem alguns aspectos principais para se decidir se o tratamento deve ser iniciado. O primeiro é a questão social e emocional. Isso é, se a criança é muito nova, além de ela não estar emocionalmente preparada para as mudanças em seu corpo, o processo da puberdade pode torná-la uma estranha entre os colegas e criar situações desconfortáveis. O segundo fator é a idade óssea. Quanto mais avançada, menor a probabilidade de essa criança continuar crescendo. A previsão de estatura também é considerada. O tratamento ajuda a retardar a maturidade da criança até que sua idade óssea fique mais próxima de sua idade real.

Existem fatores externos que podem levar à puberdade precoce?

Sim. O sobrepeso é um deles. O tecido adiposo produz hormônios e eles podem estimular o processo da puberdade, fazendo com que ele ocorra antes do esperado. Outro ponto importante: o erotismo precoce, como a preocupação excessiva com a estética, e a cobrança demasiada sobre a criança também podem desencadear esse processo. Isso porque quando a criança é tratada como adulto sua condição emocional pode estimular os processos biológicos. Em outras palavras, criança precisa brincar e ter preocupações compatíveis com a idade dela. Ser obrigada a cumprir uma agenda cheia de compromissos e ainda ganhar um monte de responsabilidades precocemente pode enviar uma mensagem errada ao cérebro – de que já está na hora de virar adulto.

Fontes: Amanda Athayde, endocrinologista e membro do departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Durval Damiani, chefe da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas (SP)