Comportamento
Crianças sendo crianças: fotos resgatam a infância e dão saudade da liberdade
Em uma era onde a tecnologia parece raptar os pequenos da “vida real”, as fotos do baiano Sérgio Zacchi causam um certo contraste. Mais do que mostrá-los se divertindo, elas revelam a riqueza de uma época que muitos acreditam ter se perdido com o tempo: a das brincadeiras simples e livres
3 min de leituraO mais interessante desse acervo riquíssimo que você está vendo é que ele estava perdido em pastas antigas do computador do fotógrafo. “Cada imagem foi feita em um momento e lugar diferentes: São Paulo, Pernambuco, Amazonas, Bahia e até na África. Não lembrava delas, mas, num certo dia, encontrei-as e comecei a fazer essa edição”, conta o fotógrafo baiano Sérgio Zacchi, 40 anos, pai de Rafael, 17, e Vitor, 13.
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São mais de 15 anos viajando e fotografando e, nessas andanças, ele conta que, apesar de as crianças quase nunca serem a pauta principal do trabalho, sempre tiveram um papel importante. “Elas fazem parte de uma espécie de ritual para ser aceito em um lugar. Quando chego em uma comunidade, primeiro aparecem os pequenos, curiosos. Normalmente, ficam só olhando. Alguns até se escondem. Aos poucos, começo a brincar e eles vão se soltando. Se você sorri, eles retribuem”, diz. Mas essa aproximação leva um certo tempo, digno de um processo de conquista. “Sempre dá certo. Quebra o gelo. Crianças são sinceras e, a partir do momento em que elas nos aceitam, o lugar se abre”, diz.
Uma foto que transmite perfeitamente essa “conquista” foi feita em uma ilha de Guiné-Bissau, país da África Ocidental. Nela, as crianças aparecem sorrindo e brincando em uma praia. “Foi muito legal, porque elas não falavam português, então a gente não tinha comunicação. Comecei a brincar com elas sem falar uma palavra e, aos poucos, elas foram retribuindo, se soltando e nos acolheram. Nós, que éramos completos invasores naquele cenário”, lembra. “É muito interessante, pois apenas com gestos é fácil perceber essa aceitação”, completa.
CLIQUES ESPONTÂNEOS
Depois de conquistar a confiança, vem o melhor momento: o da bagunça. “Elas riem, se divertem e entram na frente da câmera, sem medo nenhum”, descreve Sérgio. Nessa fase, a espontaneidade rouba a cena, proporcionando fotos de uma beleza sem igual. “
Em todos esses locais, não há pobreza. Essas crianças vivem muito bem. Infelizmente, temos um certo preconceito em achar que são pobres, que passam fome ou que, por estarem brincando com objetos feitos por elas mesmas – como um caminhãozinho fantástico de madeira –, passam necessidades. Mas não falta nada. Elas apenas se sentem muito à vontade brincando com objetos simples”, diz
De fato, o rosto de cada uma demonstra a abundância de felicidade. Para esses pequenos, o contato com a natureza também começou muito cedo.
Tanto que eles revelam uma intimidade total com o ambiente: “É como se não houvesse limites entre um território intocado e o habitado.”
Mas essas são apenas algumas das fotos do acervo. O fotógrafo planeja, em breve, reuni-las em uma exposição ou, quem sabe, fazer um livro. Sérgio já passou por diversos veículos, como Editora Globo, Folha de S.Paulo, Editora Abril, e hoje trabalha como freelancer, viajando o mundo inteiro e participando, principalmente, de projetos sociais. “Desde sempre viajei muito com a minha família, e adorava documentar tudo”, diz. Graças a esse hábito, podemos nos emocionar com esses cliques tão sensíveis sobre a infância.
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