• Juliana Malacarne
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Mãe com bebê no colo (Foto: Pexels)

Mãe com bebê no colo (Foto: Pexels)

Criar filhos não é fácil, mas para a maioria das mães (82%), a felicidade que as crianças trazem supera os obstáculos do dia a dia, de acordo com estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (Portugal). Baseados em formulários preenchidos por 2500 mulheres, os pesquisadores descobriram que, por outro lado, 18% das mulheres com filhos não se sentem realizadas.

Para essas mulheres, a maternidade não foi o que esperavam. Do total de mães que participaram do estudo, 5% declararam que, se pudessem voltar no tempo, não teriam filhos e 13% disseram que escolheriam ter os filhos novamente, apesar de não se sentirem felizes por serem mães. As principais razões que as mulheres apontaram por terem se “arrependido” ou “não se sentirem realizadas” com a maternidade foram: “ser pouco orientada para a maternidade”; “ter enfrentado sozinha ou quase a educação e o cuidado dos/das filhos/as por tê los tido no contexto de uma relação fracassada ou no seio de uma família monoparental” e, por último, “ter tido algum filho ou filha que tenha sido difícil de criar ou educar”.

A pesquisa revelou também que, para 38% das mães, educar os filhos foi muito mais desafiador do que esperavam. Destas, metade declarou que algum dos filhos foi difícil de criar e a outra metade afirmou que educar as crianças foi mais difícil do que tinham imaginado, apesar de os pequenos não terem sido especialmente complicados de criar. As mães para quem a educação dos filhos ou filhas foi tal como imaginavam ou mais fácil representam 62%.

Parceiro (a)

As participantes do estudo deram notas de 0 a 10 para seu nível de felicidade, e, com base nelas, os pesquisadores descobriram que o companheiro (a) é o principal fator para determinar se o resultado será alto ou baixo. No geral, as mulheres que têm parceiro(a) e se sentem satisfeitas com a relação são as mais felizes, seguidas pelas que não têm parceiro e, por último, as que têm parceiro, mas estão infelizes com o relacionamento.

As quatro características do companheiro que mais contribuem para que a mulher se sinta feliz na relação são: participar de forma ativa nas tarefas domésticas, ouvir o que elas têm a dizer, dedicar tempo à mulher e ser carinhoso e atencioso. Já as que mais causam infelicidade são: infidelidade, falta de generosidade e relações sexuais pouco satisfatórias.

Tarefas domésticas

A pesquisa mostrou também que, em Portugal, a divisão das tarefas domésticas ainda é muito desigual sendo que as mulheres ficam responsáveis por 74% delas, os homens por 23% e a ajuda externa remunerada por 3%. Os casais que considerados «simétricos» na distribuição destas tarefas são menos de um terço (30%). Nos dois terços restantes, elas fazem mais ou muito mais do que o companheiro. Entre os casais em que a mulher trabalha fora, os «casais simétricos» aumentam apenas três pontos percentuais, ficando em 33%.

De acordo com o estudo, quando uma portuguesa tem um filho menor de 5 anos, fica praticamente sem tempo para ela. Das horas diárias em que estão em casa acordadas, as mães nessa situação dedicam 46% ao/à filho/a, 35% às tarefas domésticas, e 1% ao cuidado de netos/as ou pessoas dependentes. O tempo que sobra para higiene pessoal, alimentação e lazer é cerca de 54 minutos.

No cuidado e educação dos/das filhos/as, as mulheres também suportam mais que o triplo de trabalho que o pai. A mulher se ocupa, em média, de 73% das tarefas relativas ao cuidado e educação dos/ das filhos/as e o pai de 21%. Dos 6% restantes ocupam-se familiares ou empregados domésticos. Os casais com filhos/as que considerados «equilibrados» no cuidado com os pequenos são mais de um terço (35%). Já entre os casais em que a mulher trabalha fora, a situação é um pouco melhor e 43% dos casais são considerados simétricos na divisão de cuidados com as crianças.

Opinião de especialista

Para a psicóloga do Hospital Santa Cruz (PR), Patrícia Rosário, a idealização da maternidade é uma das causas de frustração das mães. “A criação de expectativas altíssimas sobre como será, como essa mãe será e o que se deve sentir neste momento, romantiza uma vivência que, como várias na vida, terá seu lado bom, mas também terá o lado trabalhoso e contraditório. Em seguida, na grande maioria das vezes, vem a culpa pela realidade se apresentar diferente do que foi imaginado”, explica.

Certas atitudes, porém, podem tornar as mães mais satisfeitas e realizadas em seu dia a dia. A psicóloga aponta algumas delas :

- Não super proteger os filhos: as frustrações são importantes para o crescimento emocional deles e não assumir essa tarefa impossível possibilita menos culpa e sofrimento.

- O tempo dedicado ao filho não deve ser avaliado e mensurado pela quantidade, e sim pela qualidade: quando estiver com o filho é importante estar presente, olhar, escutar, deixar o celular ou outras atividades de lado naquele momento.

- Dedicar um tempo a si e para suas preferências é extremamente importante: cuidar de si é cuidar da sua relação com os filhos, pois eles serão mais felizes vendo a mãe feliz.

- Não colocar todas suas expectativas de se sentir completa e feliz na maternidade: somos seres de muitos papéis e todos esses papéis têm um valor.

- Não renunciar prazeres e programas a dois (jantares, cinema, etc.): esse tempo faz com que o casal também mantenha-se próximo.

- Valorize a mãe que você é: as mães não são perfeitas e não são responsáveis por tudo de bom ou ruim que acontece com os filhos.

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