Alimentação
Anvisa vai discutir rótulos de alimentos que oferecem risco de reação alérgica
Há três meses, famílias de crianças com alergias alimentares criaram a campanha #poenorotulo com o objetivo de fazer com que as embalagens dos produtos traga com clareza informações sobre ingredientes com potencial de provocar reações
2 min de leitura![Mãe e filha fazendo compras no supermercado (Foto: Shutterstock)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/IaqkF0GwEhz2jY9EDJjALdC-2r4=/620x345/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2013/02/22/mercado_shutter.jpg)
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou nesta terça (21), uma nota afirmando que vai discutir a regulamentação da obrigatoriedade de declaração de alimentos alergênicos nos rótulos dos produtos.
O objetivo é apresentar informações claras para o consumidor se aquele alimento oferece risco de reação alérgica. Segundo a Anvisa, “em nível internacional, tal abordagem regulatória é amplamente utilizada e vem demonstrando resultados positivos”.
Entre os alimentos reconhecidos por causarem reações estão: leite, ovos, amendoim, peixes, crustáceos, soja, nozes e castanhas. Apesar de serem inofensivos para algumas pessoas, há quem apresente sensibilidade ao consumi-los mesmo em pequenas quantidades – o que pode afetar os sistemas cutâneo, digestivo, respiratório ou cardiovascular. O quadro mais grave é anafilaxia, que pode levar à morte.
Segundo a Agência, a medida atende demandas da sociedade recebidas pelo órgão. Em breve, será aberta Consulta Pública sobre a possível regulamentação.
#poenorotulo
Há cerca de três meses, um grupo de famílias de crianças com alergia alimentar criou a campanha #poenorotulo como forma de pressionar as autoridades para a importância de informações claras nas embalagens. O movimento ganhou força e adesão de celebridades, como Mariana Belém, Reynaldo Gianecchini, Mateus Solano, entre outros, e a página do Facebook já conta com mais de 42 mil seguidores.
Em março deste ano, CRESCER conversou a advogada Maria Cecília Cury, uma das fundadoras da campanha e mãe de uma criança com alergia à proteína do leite: "Nosso objetivo é que os produtos passem a indicar a presença dos alérgenos de forma destacada", disse à época.
Diagnóstico difícil
A alergia alimentar está relacionada ao anticorpo imunoglobulina E (IgE) produzido pelo nosso organismo que provoca uma reação específica a algum alimento. A pediatra e alergista da Unifesp Renata Rodrigues Cocco explica que existem dois tipos de alergia alimentar. Um deles tem a forte atuação do componente IgE, produzido pelo organismo. Nesse caso, a reação alérgica se manifesta de segundos a até duas horas após a ingestão do alimento causador da alergia.
“Mas há um segundo tipo de alergia que pode se manifestar mais tardiamente, horas e até semanas depois do contato com o alimento causador. Os sintomas podem vir em forma de diarreia, vômito e até anemia ou inflamação gastrointestinal”, esclarece a especialista. Este segundo tipo, no entanto, é mais difícil de ser diagnosticado porque pode ser confundido com outras doenças cujos sintomas são parecidos. “Não existem exames laboratoriais que comprovam exatamente qual alimento foi o causador do mal-estar. Ao menor sinal dos sintomas, o ideal é procurar um médico especializado”, aconselha Renata.