• Wladimir Taborda
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gravidez_coluna taborda (Foto: Stephen Coburn/Shutterstock)

P.: Estou no ultimo mês de gravidez e com anemia. O que posso fazer para me recuperar antes do parto?
Ana Paula Vieira, Guaxupé (MG)
Dr.: A anemia é comum na gestação, mas raramente compromete o parto ou o bebê. Na verdade, é quase sempre uma “falsa” anemia, pois o volume de sangue em circulação no corpo aumenta entre 40% e 50% para manter o bebê em crescimento. Aí, a concentração de hemoglobina, que transporta oxigênio pelos tecidos, é menor, porque está diluída em um volume líquido maior. Mas isso não significa que há falta dela. A deficiência de ferro é outra causa de anemia na gestação, sendo necessária a suplementação de 30 mg por dia na dieta, por dois ou três meses. A incorporação do ferro suplementar ao organismo materno é lenta e não há como acelerar o processo. Carne vermelha, feijão, espinafre, peixe e frango são ricos no nutriente. Para aumentar sua absorção é melhor ingerir com alimentos ricos em vitamina C, como suco de laranja. Somente em casos extremos, com níveis de hemoglobina abaixo de 7g/dl, pode ser necessária uma transfusão sanguínea antes do parto.

P.: Na gravidez, descobri que tenho hepatite C. Com parto normal, há mais risco de o bebê contrair a doença?
Silene Souza, por e-mail
Dr.: Estima-se que até 3% da população mundial seja portadora do vírus HCV. A infecção costuma progredir sem muitos sintomas e pode causar insuficiência hepática crônica. O risco de transmissão do vírus de mãe para seu filho é de até 5% nos partos, dependendo da quantidade circulante no momento de dar à luz e se há presença de HIV. O risco no parto normal é aparentemente maior do que na cesariana e o aleitamento materno parece seguro, embora os estudos tenham resultados conflitantes. Não existem formas de prevenção segura da transmissão para o bebê durante o parto, mas nem todos os recém-nascidos desenvolverão doenças. A dosagem de anticorpos no bebê deve ser realizada 18 meses após o nascimento e pode ser negativa.

P.: O exame de translucência nucal do meu primeiro filho deu valores alterados, mas ele nasceu perfeito. Agora, tenho medo de engravidar novamente. Há predisposição maior para um segundo filho?
Christina Zeferino, Ipanema (MG)
Dr.: Se seu filho nasceu normal e não existem antecedentes, o risco de malformações é o mesmo que o da população geral. A translucência nucal é uma prega na nuca do bebê
e seu tamanho permite estimar o risco de o feto apresentar síndromes genéticas, como a de Down. Ela deve ser analisada por meio de ultrassonografia entre 11 e 14 semanas e, quanto maior for a medida, maior o risco. A boa notícia é que, mesmo quando a probabilidade de problema é alta, o cariótipo fetal pode ser normal e o bebê, saudável. Os testes de rastreamento não são perfeitos. Eles apenas apontam um grupo de alto risco. Diante de um exame alterado, o médico deverá empregar outros recursos, como o estudo do cariótipo fetal, para um diagnóstico definitivo. No caso em questão, o teste pode, portanto, ter acusado resultado falso-positivo.

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*Este texto faz parte da coluna Pergunte tudo sobre gravidez da edição 236 (Julho, 2013) da Revista Crescer

taborda (Foto: Daniela Toviansky)

WLADIMIR TABORDA é ginecologista, obstetra e doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo. É autor de A Bíblia da Gravidez. E-mail: w.taborda.colunista@edglobo.com.br