• Paola Lobo
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Filho da Paola Lobo (Foto: Crédito pessoal)

Os trigêmeos da Paola Lobo (Foto: Crédito pessoal)

Quem me conhece do blog Mãe Pirada e aqui, da coluna da CRESCER, já sabe que minha maneira de levar a rotina materna é com humor (senão a gente não aguenta o tranco, né, amiga???). Mas, nas últimas semanas passei pelos dias mais difíceis dias da minha vida. Não tinha vontade de rir e só chorava. E, se estou aqui, graças a Deus, é porque o susto passou e agora consigo falar sobre o assunto.

Um belo dia, no mês passado, meu filhote trigêmeo Vitor, 3 anos, estava brincando com os irmãos, quando minha filha mais velha percebeu que ele estava sorrindo só com a metade do rosto. Larguei tudo e fui correndo para o hospital.

Os médicos fizeram testes para descartar hipóteses mais graves (nós, leigos, logo pensamos que é AVC). A princípio, ele foi diagnosticado com Paralisia de Bell, uma paralisia facial rara, que pode ocorrer nessa idade e que não oferece maiores riscos. O tratamento seria tranquilo, com remédio via oral e fisioterapia.

No entanto, não era só isso... Dois dias depois, Vitor parou de comer, começou a vomitar e ficou prostrado. Ele acordou com o pescoço rígido e não conseguia olhar para baixo. Estava ofegante. Voltei às pressas para o hospital, desesperada, achando que era meningite. Após novos testes, veio a suspeita de encefalite e ele foi direto para a UTI, onde ficou por 11 longos dias. Foi o período mais difícil da minha vida.

Após as ressonâncias, ele foi diagnosticado com ADEM (Encefalomielite Disseminada Aguda), uma "doença desmielinizante do sistema nervoso central". Como o médico me explicou, a cauda do neurônio vai perdendo sua proteção isolante e aparecem as sequelas. No caso dele, foi a paralisia facial e uma leve perda de força em todo o lado direito do corpo.

Mas o que teria causado isso, gente? O Vitor veio ao mundo forte e saudável. Nunca havia tido nada grave. Como assim? Foi aí que fiquei sabendo que a ADEM é uma loteria... Pode acontecer com qualquer um. Geralmente, a causa é pós-viral. Ou seja, ela pode acontecer depois de uma virose respiratória comum ou como reação a algumas vacinas, mas não é possível afirmar com absoluta certeza qual foi o caso do Vitor.

Vitor, filho da Paola Lobo (Foto: Crédito pessoal)

Vitor, filho da Paola Lobo, com paralisia facial (Foto: Crédito pessoal)

Nos primeiros dias na UTI, eu saía de perto dele para chorar. Chorava no banheiro, no refeitório do hospital, chorava por dentro e por fora. Estava arrasada. Quando voltava para o leito, segurava a onda e me concentrava nas orações para que ele respondesse bem ao tratamento à base de antibióticos e antivirais. Passadas as primeiras 72 horas, ele virou outra criança. Ficou animado (e bravo por estar no hospital) e voltou a comer. Ali, eu renasci.

Após 14 intermináveis dias de internação, graças a Deus estamos em casa. Sou grata à equipe que cuidou dele e, sobretudo, a Papai do Céu, que trouxe de volta um dos meus amores, integrantes do quarteto fantástico! Os irmãos, que estavam morrendo de saudades, fizeram festa e ficaram visivelmente emocionados (e a mamãe aqui se debulhou em lágrimas como numa novela mexicana...he he he)!

Ele continua com a paralisia facial em metade do rosto e com uma discreta perda de força no bracinho e na perninha direita, mas são sequelas temporárias. Agora, é fazer muita fono e fisioterapia. O resto, graças a Deus, está normal. Ele está esperto e ativo! Segundo os médicos, são raros os casos de reincidência da ADEM. Na maioria das vezes, ela não volta. É coisa de um episódio e só.

Quando estava na UTI, o médico responsável (um amor de pessoa) fez questão de me apresentar a outra mãe, cuja filha havia passado pelo mesmo problema semanas antes. Ela também teve ADEM e ficou na UTI. Ela estava curada e sem sequelas! Uma lindeza! E no próprio hospital fiquei sabendo de inúmeros outros casos, todos, absolutamente todos, com final feliz!

Agora, é agradecer a Deus a todo momento (como sempre fiz) e viver a vida com muita alegria, sendo grata por poder levar meu filhote todos os dias pra fisioterapia. Sei que não é mole cuidar de quatro crianças, trabalhar fora e ter que incluir o tratamento nessa louca rotina. Mas só consigo agradecer, agradecer e agradecer! Com saúde, a gente vence qualquer desafio, né? Voltamos a sorrir e é isso que importa!

Paola Lobo (Foto: Paola Lobo)

PAOLA LOBO é jornalista, autora do blog Mãe Pirada e mãe da Rafaela, de 11 anos. Quando tentou o segundo filho, engravidou dos trigêmeos Gabriela, Vitor e Guilherme, de 3 anos. Aqui, ela vai contar como é sua louca rotina com quatro crianças. Quer escrever para ela? Mande para: redacaocrescer@gmail.com.

Rodapé Instagram OK (Foto: Crescer/ Editora Globo)

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