• Moises Chencinski
Atualizado em

31ª Semana Mundial de Aleitamento Materno:
FORTALECER A AMAMENTAÇÃO. EDCUANDO E APOIANDO.

6º AGOSTO DOURADO:
Mês dedicado à sensibilização, informação e conscientização sobre a importância do aleitamento materno.

E o que mais temos a dizer sobre o amamentação que ainda não foi dito? Temos novidades?

INACREDITÁVEL.
Temos.

Mãe amamentando o filho sentada o sofá (Foto: Mart Production/Pexels)

 (Foto: Mart Production/Pexels)

Existem evidências de que quanto mais tempo um lactente é alimentado com leite materno, ainda mais de forma exclusiva, melhor é o desenvolvimento neurológico e cognitivo na infância. O cérebro da criança se desenvolve de maneira e velocidade mais intensas nos primeiros dois anos de vida.

O leite materno é rico em componentes que favorecem o desenvolvimento cerebral nessa fase crítica.

Estudo recente, feito com 586 crianças avaliadas aos 7 anos de idade corrigida (leu aqui, na nossa coluna?), nascidas prematuras, com menos de 33 semanas de gestação (já fez as contas?), na Austrália, trouxe algumas revelações muito interessantes. E novas, acredita?

Esses prematuros receberam leite materno enquanto estavam hospitalizados e após sua alta. Os volumes de leite e a duração da amamentação foram anotados dos prontuários dos hospitais e dos acompanhamentos.

Detalhe (nem tão detalhe): não foi utilizado leite humano pasteurizado de doadoras. Só o leite da própria mãe.

Dados médios dos prematuros, para se entender melhor o tamanho dos resultados:
- Tempo médio de gestação: 29,6 semanas
- Peso médio ao nascer: 1.323 g
- Idade média das mães: 30,4 anos
- Na alta da UTI, 92,3% dos prematuros estavam tomando algum leite materno

Resultados “surpreendentes” (??) do estudo

Quanto maior a quantidade de leite materno que o prematuro recebeu durante a internação na UTI, maior o QI de desempenho, melhor desempenho acadêmico em leitura e matemática e menor a quantidade de sintomas de TDAH na idade escolar.

Também foi avaliado que quanto maior o tempo de alimentação com leite materno, incluindo o período após a alta hospitalar, mais benefícios para o desempenho acadêmico em termos de leitura, ortografia e pontuação em matemática apareceram aos 7 anos.

Mas essas conclusões observadas já apareceram em estudos anteriores. Vamos lá.

Em um estudo anterior, feito na Austrália também, mas em outro grupo de prematuros, observaram que, no primeiro mês de vida, quanto maior o número de dias em que o leite materno representava mais de 50% da alimentação, melhores eram as associações positivas com QI, matemática, memória de trabalho e testes de função motora aos 7 anos de idade

Na França, em um grande grupo de crianças prematuras nascidas em 1997, a alimentação com leite materno, comparada com a alimentação com fórmula, avaliada no momento da alta da UTI, foi associada a um efeito protetor contra o baixo QI aos 5 anos de idade.

Sabe-se que bebês muito prematuros estão em maior risco de TDAH em relação aos bebês que nasceram no tempo esperado. Um estudo da Rede Neonatal Alemã, o aleitamento materno por 3 meses ou mais esteve associado a menores escores de conduta e desatenção/hiperatividade, protegendo os prematuros nessa área.

Para concluir, os estudos sobre Origens do Desenvolvimento da Saúde e da Doença apontam para uma associação biológica benéfica do leite materno com os resultados do desenvolvimento neurológico na idade escolar, através de pesquisas importantes no campo da ciência.

Então, começamos com um estudo novo e acabamos com sete deles.

Isso é leite materno. Peça um, leve sete. É lucro na certa, inclusive em prematuros.

Dr. Moises Chencinski é pediatra, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), editor do blog 'Pediatria Orienta'  da Sociedade de Pediatria de São Paulo, multiplicador de curso oficial do Ministério (Foto: Arquivo pessoal)

Dr. Moises Chencinski é pediatra, membro afiliado da WABA. Membro da Câmara Técnica de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. Coordenador do livro "Aleitamento Materno na Era Moderna. Vencendo Desafios", da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) (Foto: Arquivo pessoal)

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