• Marcelo Cunha Bueno
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Começo este texto com uma afirmação: elogiar é mais eficaz do que criticar... Tem gente que diz que o elogio é uma forma de estagnar as crianças. Você as elogia, elas se acomodam e não evoluem. Essa é uma percepção que nasce a partir da ideia de que não há aprendizado sem sofrimento, e que o esforço sempre recompensa. Sim, pode ser, mas não é só isso. Quando a gente elogia uma criança pelo que fez, falou, expressou ou como agiu, reforçamos, definimos caminhos éticos, reconhecemos e encorajamos, ajudamos o pequeno a criar estrutura emocional para encarar o que virá lá na frente.

Elogiar não fomenta a falta de capacidade de lidar com frustrações. Tem quem diga que, quando você elogia, cria um campo de proteção na criança que a afasta da realidade (que parece, para os adultos, ser sempre dura). Quando se elogia, ao contrário, você abre caminho para a verdade, para a parceria e o pertencimento e, quando a criança se frustrar, sempre poderá contar com quem a elogia e a reconhece para avançar nesse desafio.

Mãe e filho brincando  (Foto: Getty Images)

Elogiar não fomenta a falta de capacidade de lidar com frustrações  (Foto: Getty Images)

Elogiar reforça o conhecimento, as atitudes. Elogiar cria um campo de confiança supernecessário nesses tempos difíceis. Gera empatia, solidariedade e compaixão. Porque, cada vez que elogiamos uma criança, abrimos mão de sermos donos da razão e compartilhamos o mundo com elas. O elogio reforça a segurança dela em relação ao que antes desconhecia. Sim, porque ela se reconhece na ação e se sente sempre sujeito do conhecimento. Elogiar cria uma estrutura de caráter sólida. Porque, ao elogiar uma criança, criamos um movimento de autoconhecimento e percepção sobre si muito propositivo, potente e positivo.

"Elogiar gera empatia, solidariedade e compaixão”"

Marcelo Cunha Bueno

Elogiar significa acreditar, significa ter esperança, significa reconhecer o esforço, ajudar a outra pessoa a crescer na humildade do reconhecer. Elogiar significa ser e se entregar a outra pessoa.

A crítica também pode ser uma forma de elogio. No sentido profundo dessa palavra. A crítica também transforma, também mobiliza, também demonstra interesse e importância. O problema é quando ela vem vazia, raivosa, sem fundamento e quando não é encarada como processo de aprendizado e demonstração de importância e afeto. Criticar não é oposto de elogiar.

Então, para aqueles que não elogiam suas crianças, só posso dizer que estão perdendo uma oportunidade gigante de formar pessoas crescidas no reconhecimento, no amor, na humildade e na confiança. O cérebro não se sente separado do coração. O elogio conforta a alma e, na mesma medida, estimula conexões cerebrais.

Reconheça, sensibilize-se, escolha suas palavras e elogie sem medo. A infância de hoje e a “adultez” de amanhã agradecem!
 

Marcelo Cunha Bueno é um educador apaixonado pela infância. É pai do Enrique, 9 anos. Diretor da Escola Estilo de Aprender, autor dos livros Sopa de pai e No chão da escola: por uma infância que voa (Foto: Divulgação)

Marcelo Cunha Bueno é um educador apaixonado pela infância. É pai do Enrique, 9 anos. Diretor da Escola Estilo de Aprender, autor dos livros Sopa de pai e No chão da escola: por uma infância que voa (Foto: Divulgação)