• Renata Menezes
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Verônica com a família (Foto: Arquivo Pessoal)

Verônica com a família (Foto: Arquivo Pessoal)

O Brasil está em um momento epidemiológico bastante delicado do sarampo, sobretudo o estado de São Paulo, que tem 1.662 casos confirmados da doença, segundo o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado hoje 20/8. Mas um caso, em especial, e que foi contado pela CRESCER, deixou os pais bastante preocupados. 

A  empresária e administradora Verônica Nery, 29 anos, que tinha tomado duas doses da vacina em campanhas passadas, e a sua filha Júlia, com 7 meses na época, acabaram contraindo a doença. A bebê ainda não tinha tomado a vacina, já que a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo não havia ampliado a campanha de vacinação para bebês de 6 a 11 meses, quando a menina apresentou o sarampo. Hoje, bebês dessa idade devem tomar a primeira dose da vacina.

Com a confirmação do sarampo da mãe, Júlia acabou recebendo a dose de bloqueio, que é feita quando alguém próximo a você é infectado. Mas isso não evitou o contagio do vírus, já que ele fica encubado por um período de até duas semanas, conforme explica a médica infectologista do Hospital Emílio Ribas e do Hospital Pro Matre Paulista, Rosana Richmann (SP). Ou seja, o vírus já estava na bebê, antes dela ter tomado o bloqueio.

Júlia teve uma das complicações mais séria da doença, que é a encefalite (inflamação cerebral). Caso raro que, segundo Rosana Richmann, acontece em 1 a cada 1.000 casos de sarampo. Além da encefalite, a pequena teve outras complicações graves, como celulite - infecção bacteriana que atinge a pele -, trombose e precisou fazer transfusão de sangue, o que resoltou em 10 dias de UTI.

Depois do susto, Verônica, que também é mãe de Mateus, 4, e Lucas, 2, comemora a alta da filha e o restabelecimento da saúde dela. A mãe também relembra do momento mais difícil que passou no hospital. "A primeira noite na UTI me vi sozinha com ela chorando sem voz, perna e braço inchados, com encefalite (inflamação cerebral) e ainda sem a confirmação da trombose. Não liguei para não assustar ninguém, mas dormi de tanto chorar com o dia já amanhecendo. Só pedia que Deus mudasse aquela situação", relembra.

Julia com a filha no colo (Foto: Arquivo Pessoal)

Verônica com a filha no colo (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de ficar quase um mês no hospital, 8 dias com ela mesma e 22 dias com a Júlia, ela diz que nunca deixou de acreditar e ter fé. "Me descobri com muito mais fé do que imaginava ter, com uma força que jamais achei que teria. Uma paz de espírito e uma certeza de que a Júlia é desde sempre um presente de Deus nas nossas vidas e é ele quem cuida dela", diz.  

Segundo Verônica, o primeiro dia da família inteira reunida em casa foi de alegria e alívio. "Eu agradeci muito a Deus por ter a oportunidade de voltar com ela para casa e abracei muito os meninos. Que abraço que tivemos, todos juntos", disse aliviada. 

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Verônica também não deixou de refletir sobre os percalços da vida. "Tudo pode mudar de um dia para o outro. Um dia eu estava trabalhando normalmente, inclusive combinando de ir tomar vacina na hora do almoço (reforço da campanha). No outro, já acordei no hospital e o pesadelo começou. Portanto, a minha mensagem é que possamos valorizar mais momentos com quem amamos. Sentar no chão, brincar mais e amar muito os nossos filhos, todos os dias", finaliza.