• Juliana Malacarne
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menino; banheiro; fralda (Foto: Yuri Arcurs / Getty Images)

O momento do desfralde é um desafio para pais e filhos (Foto: Yuri Arcurs / Getty Images)

O momento de tirar a fralda do bebê é motivo de dúvida e preocupação para os pais. Saber a hora certa de começar o processo e não apressar nenhuma etapa costuma ser a chave para o sucesso dessa transição, que, para algumas crianças, pode ser complicada.

Segundo a pediatra Wylma Maryko Hossaka, do Hospital Beneficência Portuguesa (SP), a maioria costuma estar preparada para tirar as fraldas do dia a partir dos 2 anos, mas pode ocorrer um pouco antes ou depois. Isso acontece porque os bebês costumam adquirir o controle dos esfíncteres, músculos responsáveis pela expulsão das fezes e urina, entre os 18 a 30 meses. “Tirar as fraldas durante a noite costuma ser mais demorado e as tentativas podem começar a partir dos 3 anos”, disse.

Na última semana, a blogueira Manuela Tasca, de 32 anos, do Yellow Baby, virou notícia depois de escrever um post sobre como seu filho Luca usou a privada pela primeira vez aos 5 meses de idade. A técnica usada por ela é chamada de Elimination Communication, ou EC. “O EC parte do princípio que o bebê, já desde o nascimento, sinaliza sua necessidade de urinar e defecar, e essa sinalização, quando percebida pelos cuidadores da criança, pode ser utilizada para levar a criança ao local adequado para isso, ou simplesmente retirar a fralda no momento”, escreveu Manuela em seu blog.

Ela explicou ainda que começou a perceber os sinais que seu filho dava, como caretas, bater os pés e ficar vermelho, toda vez que queria ir ao banheiro e, então, o levava imediatamente até a privada. “Não perdemos quase nunca uma deixa e, há um mês, ele ficou condicionado. Agora, não esperamos nem ele dar sinal. Todas as manhãs, o colocamos no vaso e ele faz cocô, nos deixando livres da sujeira pelo resto do dia”, escreveu.

Segundo Manuela, o EC não tem a ver com desfralde precoce sob coerção porque funciona de forma natural e gradativa. Porém, para funcionar, é preciso que haja sempre um adulto atento aos sinais ao lado do bebê.

Para a pediatra Neuma Kormann, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), apesar de não ser coercitivo, o EC cria um condicionamento não natural da criança. "Esse método acaba criando um reflexo, mas a criança não usa a maturidade emocional e fisiológica para compreender o que está fazendo", diz. "É preciso esperar que o sistema urinário esteja maduro para que o bebê consiga identificar e saber como agir quando houver um estímulo natural", reforça.

Segundo a pediatra, o EC tem o risco de causar um mal condicionamento no esfíncter da criança, o que depois pode gerar problemas, como enurese noturna. Ela ressalta também que a posição de um bebê de alguns meses colocado na privada não é confortável e nem natural, pois não existem redutores para crianças tão pequenas. Mesmo para os bebês de 2 anos, o ideal é ter um lugar para que possam apoiar os pés e se sentirem mais seguros ao sentarem na privada. 

Vale lembrar ainda que, se a criança for forçada ao desfralde e fortemente reprimida quando ocorre um escape, ela pode começar a prender o xixi e o cocô por longos períodos de tempo. Esse tipo de hábito pode causar problemas de saúde, como infecção urinária e constipação intestinal.

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