• Juliana Malacarne
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Bebê não deve ser deixado sozinho, chorando, para aprender a dormir (Foto: Thinkstock)

Durante os primeiros meses de vida do bebê, o choro é um dos grandes motivos de angústia para o pais. Por isso, conseguir identificar o motivo da insatisfação do filho é um desafio. Mas não há motivos para desespero. Isso porque, lembre-se, o choro é a forma que o bebê encontra para se comunicar e, geralmente, traduz uma necessidade não atendida. Portanto, o segredo para acabar com o chororô é manter a calma (sim, você precisa tentar!), fazer uma lista mental dos possíveis motivos e contar com a ajuda de algumas técnicas.

Técnicas que acalmam

Você sabia que a música é uma poderosa aliada para os pais na hora de tranquilizar o filho? Isso mesmo! Um estudo da Universidade de Montreal, publicado recentemente, comprovou que bebês permanecem mais tempo calmos quando estão ouvindo música do que quando ouvem alguém falar, mesmo que essa pessoa seja a mãe ou o pai.

Os pesquisadores analisaram a reação de 30 bebês, com idades entre 6 e 9 meses, ao ouvirem cantigas turcas pela primeira vez, e ao ouvirem a fala da mãe. Quando estavam escutando a música, eles demoraram, em média, 9 minutos até ficarem com a expressão de choro, que pode ser identificada por sobrancelhas franzidas, lábios esticados e boca aberta. Já, quando a mãe conversava com eles, o tempo médio para os bebês começarem a demonstrar sinais de aflição foi de 4 minutos.

As mães também cantaram cantigas para os bebês em sua língua materna, no caso o francês, e o efeito calmante continuou presente. Os pesquisadores concluíram, então, que, para acalmar o bebê por meio da música, basta a mãe cantar em voz baixa e escolher uma canção tranquila para o repertório. Para as que preferem não cantar, pode lançar mão de cantigas gravadas.

Outro dado apontado pelo cientistas foi de que as músicas mais eficientes para acalmar o filho são aquelas com muitas rimas e estruturas parecidas. Isso porque, acreditam, elas preenchem um desejo inato de simplicidade e repetição. Além de cantar, outras técnicas como embalar e passear com o bebê no colo pela casa podem ajudá-lo a se distrair.

Chorar é normal

Portanto, respire fundo antes de se debulhar em lágrimas também. A consciência de que o choro é um comportamento normal e de que diversos pais também estão passando por isso ajuda nessa tarefa. De acordo com Tadeu Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, mais de 20% dos pais relatam choro ou irritabilidade excessiva do bebê até completar os três meses de vida.

De acordo com o médico, existe um pico de incidência de choro na sexta semana de vida, que diminui progressivamente até a 16ª semana. “Pesquisadores já dimensionaram o tempo de choro que variou de 110 a 118 minutos por dia na 6ª semana a 72 minutos de choro ao dia após a 10ª semana de vida”, afirma o pediatra. Para Sheila Kitzinger, antrópologa e autora do livro A Experiência do Parto, essa redução do chororô acontece nessa idade porque os bebês começam a conseguir segurar objetos e a brincar com eles, então não choram mais com tanta frequência por tédio ou frustração.

Causas mais comuns

Depois de estar calmo, é preciso entrar em ação e encontrar o motivo do choro. A primeira atitude que os pais devem tomar é garantir que não se trata de nenhuma das causas mais comuns, como fome, sono, desconforto por uma fralda suja, calor e frio. Se nada disso parece estar causando a aflição do bebê, outra possibilidade, tão temida nos primeiros três meses de vida, é a cólica. Nesse caso, o bebê costuma enrugar a testa, ficar com o abdômen distendido e ter um choro agudo e prolongado.

No nascimento, o sistema digestivo ainda não está completamente maduro, então crises de cólica até o bebê conseguir digerir o leite sem dificuldade são comuns. Para combatê-las, é recomendado colocar a criança perto do corpo, e intercalar massagens no abdômen e na região dorsal com movimentos nas pernas do bebê, como se ele estivesse pedalando uma bicicleta. Vale lembrar que não se deve dar nenhum tipo de medicamento por conta própria para aliviar a cólica. Converse com o pediatra do seu filho sempre!

Carinho, colo...

Além de tentar resolver as causas físicas para o choro, é preciso também responder às necessidades emocionais do bebê. Sim, pode ser que tudo o que o seu filho precisa em meio às lágrimas é do seu colo. Por isso, abraçar, segurar o bebê e demonstrar amor e carinho nunca é demais. “O mito de que, ao chorar e ser pego no colo, tornaria os bebês mimados caiu por terra há muito tempo”, afirma a psicóloga Rita Calegari, do Hospital São Camilo.  “Estudos comprovam que bebês que são ‘acudidos’ quando estão chorando tendem a se tornar crianças menos ansiosas, pois aprendem que não precisam fazer um escândalo para ter atenção dos adultos. Já as crianças que precisam chorar muito para ter acolhimento aprendem desde cedo que o mundo só dá atenção se você fizer muito, muito escândalo”, defende Rita.

Para a psicóloga, ignorar o choro com a esperança de que o bebê pare sozinho pode produzir um estado de desamparo, em que a criança passa a ter o sentimento de que o mundo é um lugar inseguro, já que sofre sem que ninguém dê atenção. “Dar colo, falar com voz calma, tentar tranquilizar, mesmo que sem sucesso, cria na mente dos bebês a percepção de que os pais são a fonte de calma diante do caos”, afirma Rita. “Isso vale ouro para o desenvolvimento dos pequenos, que encontrarão nos pais o apoio que tanto irão necessitar ao longo de seu crescimento.”

Porém, se mesmo depois de manter a calma, oferecer apoio, satisfazer as necessidades físicas do bebê e usar técnicas tranquilizantes, o choro persistir, vale uma conversa com o médico. Só ele poderá fazer exames físicos e laboratoriais para descobrir o motivo do sofrimento.

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