• Malu Echeverria
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Amamentação após a introdução alimentar (Foto: Thinkstock)

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No quesito 'culpa', o desmame, certamente, compete com a volta ao trabalho na disputa pelo pódio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o aleitamento exclusivo até os 6 meses, sendo que a amamentação, se possível, pode e deve ser estendida por dois anos ou mais. “Mas sabemos que as dificuldades para amamentar são inúmeras, o que requer muito esforço das mulheres. Por isso, é natural que boa parte delas sofra quando chega a hora de interrompê-la. Isso sem falar do vínculo intenso que a amamentação promove entre mãe e filho”, diz a pediatra Loretta Campos, que possui o certificado International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC) de consultora em aleitamento materno. O momento ideal para iniciar o processo, de acordo com a especialista, depende da rotina da família e também da disponibilidade da mãe. “O mais importante é que seja feito de maneira gentil”, diz.

Para alcançá-lo, ela sugere que a livre demanda (quando a mãe oferece o seio sempre que o bebê deseja, como recomenda a OMS) seja substituída, aos poucos, por mamadas em horários e locais estipulados. E ensina algumas técnicas. “Quando a criança solicitar o peito em momentos de estresse, por exemplo, tente distraí-la com outras coisas, como um passeio ou brinquedo, para acalmá-la. Além disso, em alguns casos, também vale ‘atrasar’ um pouco a solicitação, explicando que ela vai mamar depois que vocês guardarem os brinquedos, por exemplo. Pode ser que ela acabe se esquecendo de pedir outra vez”, explica Loretta. A pediatra recomenda explicar ao pequeno de maneira lúdica – livros, bonecos e desenhos ajudam – que ele agora só vai mamar de manhã e/ou de noite e assim por diante. O desmame pode levar alguns meses, sendo que a mamada da noite costuma ser a última a ser interrompida, então, seja paciente.

A administradora de empresas Tatiana Becker, 42, mãe de João Lucas, 4, sofreu para amamentar, no início. “Nunca tive muito leite e, aos 4 meses, meu filho foi diagnosticado com APLV (alergia à proteína do leite de vaca). No entanto, com o apoio dos pediatras, prolonguei o aleitamento até os 2 anos”, conta. Então, imagine como foi difícil para ela decidir que era hora de parar. Tatiana buscou algumas estratégias de desmame gentil, como escrever uma carta do peito para o bebê, mas nada resolvia. Até que uma amiga recomendou que ela passasse chá de arruda e losna nas mamas. “Apliquei em um feriado, porque íamos passar o dia todo juntos. Ele ficou com nojo, chorou umas duas ou três vezes naquele dia, depois aceitou”, recorda. Tatiana acredita que o fato de explicar ao menino que ele já não era mais um bebê e que a maioria dos amigos não mamava mais também facilitou. “O meu método pode ter sido meio ‘torto’, mas o importante é que ficamos bem. Meu filho raramente fica doente e, ainda hoje, dorme agarrado ao meu peito”, afirma. Amor define!

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Caso o seu bebê tenha usado chupeta e mamadeira, não dá para esperar tanto assim para deixá-los, ok? A primeira deve ser retirada por volta dos 12 meses, no máximo, enquanto a segunda, no segundo ano. Isso porque, como você já deve ter ouvido falar, os bicos podem deformar a arcada dentária, entre outros malefícios. “Fazer chantagem quase nunca é uma recomendação dos pediatras, mas aqui resolve. As crianças tendem a trocá-los por presentes sem reclamar tanto. Claro que vão pedi-los de volta à noite. Pode ser que vocês não durmam por uns três dias, mas depois, acabou”, brinca o pediatra Nisenbaum. Para o especialista, quando os pais se mostram firmes em suas decisões, a criança entende que essas perdas são para o bem dela, por mais difícil que seja a transição. “É como vacina. Dói, mas ela sabe que é importante para a saúde”, exemplifica.

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