• Vanessa Lima
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A foto postada por Mallory Smothers: à esquerda, o leite ordenhado antes do bebê ficar resfriado e, à direita, o leite ordenhado depois (Foto: Reprodução/ Facebook)

A foto postada por Mallory Smothers: à esquerda, o leite ordenhado antes do bebê ficar resfriado e, à direita, o leite ordenhado depois (Foto: Reprodução/ Facebook)

Nas últimas semanas, uma foto de dois saquinhos com leite materno ordenhado e congelado tem circulado pela internet e despertado a curiosidade de pessoas do mundo inteiro. A imagem foi publicada no Facebook pela norte-americana Mallory Smothers e mostra uma das embalagens com o leite branco e outra, com o líquido mais alaranjado.

Na legenda, a mãe explica que ordenhou o leite que saiu mais branco em uma noite antes de deitar. Ela conta que amamenta o filho a cada duas horas e não extrai mais até a hora de levantar. “Nessa madrugada, eu notei que, por volta das três da manhã, ela [a filha] estava congestionada, irritada e espirrando muito. Provavelmente, um resfriado, certo? Quando acordamos no dia seguinte, extrai o leite, como sempre faço. O que eu extrai está do lado direito da foto”, relata a mãe, referindo-se ao leite mais alaranjado.

“Não havia notado a diferença até hoje, mas, observem como o leite que eu extraí pela manhã se parece com o colostro (o superleite cheio de anticorpos e leucócitos que você produz durante os primeiros dias após o parto) e isso acontece logo depois de amamentar o bebê que ficou resfriado durante a noite... Incrível, não é? O corpo humano não para de me surpreender”, completou.

O que diz a ciência


Um estudo de 2013, citado pela mãe no post, sugere que a saliva do bebê é “interpretada” por receptores presentes na glândula mamária. Assim, o corpo entende de quais anticorpos o bebê precisa para combater certo vírus ou infecção e produz um leite materno customizado, fortalecendo o sistema imunológico do bebê contra aquela infecção específica.

O pediatra e homeopata Moisés Chencinski, defensor da amamentação, diz que a foto publicada por Mallory é realmente incrível, mas exige uma interpretação cuidadosa. Ele explica que o leite materno, de fato, é um alimento vivo, que se transforma de acordo com as necessidades do bebê e vai mudando a composição conforme o tempo e a fase da mamada.“No entanto, não dá para responsabilizar o leite por tudo”, ressalta.

Ele explica que a imunização não é um processo assim tão rápido. “Mesmo que a saliva passe a mensagem para o leite materno e que ele produza os anticorpos necessários, dificilmente é um processo instantâneo, cujo resultado se verifique na hora”, afirma. “É como as vacinas. Não é porque seu filho acabou de sair do posto de saúde, ao tomar uma dose, que ele estará imediatamente protegido contra aquela doença. O processo leva tempo”, compara.

De acordo com ele, o estudo citado por Mallory é um dos poucos que tratam sobre o tema e sugere que o seio materno recebe informações sobre o estado do bebê pela saliva. No entanto, isso ainda não é um consenso científico. “São necessárias muitas outras pesquisas para comprovar e entender o que realmente acontece, nesse sentido”, alerta Chencinski.

O pediatra esclarece ainda que há várias possibilidades pelas quais o leite pode ter sido alterado. “O leite materno até pode conter os anticorpos, mas talvez porque a mãe está ali, convivendo com o bebê, e também pode ter sido infectada pelo vírus. Então, o corpo dela produz os leucócitos que combatem aquela infecção e eles também passam para o leite”, exemplifica.

Vale lembrar que o leite materno é o melhor alimento e realmente ajuda a fortalecer o sistema imunológico dos bebês, além de oferecer uma série de outras vantagens. “Ele ajuda, sim, a combater doenças porque fortalece o organismo, mas são necessários mais estudos para entender se há essa resposta específica e imediata”, pontua o médico.

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