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A Mata de Araucária, presente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e em algumas áreas de São Paulo e Minas Gerais, surgiu há 200 milhões de anos atrás, no período Jurássico, e se expandiu no passado graças à ação humana e às mudanças climáticas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP) encontrou evidências do período em que isso teria ocorrido.

Os especialistas analisaram o pólen fóssil da Araucaria angustifolia, também conhecida como pinheiro-do-paraná ou pinheiro-brasileiro, a principal espécie da Mata de Araucária, para determinar as datas. Os resultados indicaram que a disseminação da araucária é anterior ao que se imaginava. No Sul, ela teria acontecido há cerca de 70 mil anos, ou seja, anteriormente à ocupação humana.

“As mudanças climáticas, com aumento na frequência e intensidade das incursões polares e precipitação extratropical no Sul do Brasil, provavelmente promoveram a expansão precoce dessas árvores adaptadas ao frio no Sul, mas não na Serra da Mantiqueira, mais ao Norte”, escrevem os pesquisadores.

Na Serra da Mantiqueira, esse processo de se deu por volta de três mil anos, e pode ter origem nas mudanças climáticas ou na ação humana.

Os especialistas acreditam que o aumento das chuvas durante o Holoceno (período iniciado 11 mil anos atrás e que perdura até os dias atuais) teria facilitado a expansão da floresta na região. A espécie também pode ter sido favorecida pelo consumo do pinhão, semente da araucária, que remonta às primeiras populações indígenas que viviam no Sul do país.

O que se vê hoje são resquícios de uma floresta que foi mais amplamente distribuída no passado — Foto: Luiz Maffei / Wikimedia Commons
O que se vê hoje são resquícios de uma floresta que foi mais amplamente distribuída no passado — Foto: Luiz Maffei / Wikimedia Commons

“Verifiquei 64 tipos de estudos distintos em diferentes localidades, em que foi amostrado o solo, e vi onde e quando eles encontraram pólen de araucária, com base nas datações do estudo. Com os dados de distribuição atual da árvore, fizemos modelos correlativos dos pontos de presença com variáveis do clima e aí conseguimos estimar a distribuição da espécie e projetar ela no passado”, explicou a bióloga Mariana Vasconcellos, que liderou a pesquisa, ao Jornal da USP.

A espécie esteve mais bem distribuída há 21 mil anos, durante a última era glacial, e o que se vê hoje são resquícios de uma floresta maior que já existiu no passado. De acordo com o estudo, isso pode ser entendido como uma evidência de que os humanos favoreceram a permanência da mata onde ela está hoje.

O consumo do pinhão remonta às primeiras populações indígenas que viviam na região Sul — Foto: Fernando Jose Cantele / Wikimedia Commons
O consumo do pinhão remonta às primeiras populações indígenas que viviam na região Sul — Foto: Fernando Jose Cantele / Wikimedia Commons

“Nós não encontramos uma assinatura genética de contração e redução populacional da árvore, porque, na verdade, ela pode não ter ocorrido. As condições climáticas para a existência da floresta é que foram ficando mais reduzidas. Mas as populações humanas ali favorecendo o plantio podem ter aumentado a abundância dessas árvores localmente”, analisou Mariana.

Os pesquisadores fizeram o sequenciamento genético das árvores da região Sul e da Serra da Mantiqueira e verificaram que são diferentes. Por outro lado, a distância genética era muito baixa entre áreas de mata separadas por longas distâncias no Sul do Brasil, o que reforça a hipótese da ação humana na disseminação das sementes.

“Nós acreditamos que esse seja um efeito encontrado nas populações das localidades onde os humanos estariam favorecendo tanto a dispersão de sementes quanto a maior germinação, proporcionando uma maior abundância de indivíduos correlacionados, e esse efeito na floresta no Sul do Brasil foi bem maior do que na Mantiqueira”, relatou Mariana.

Por conta da falta de variedades genéticas no Sul do Brasil, os especialistas acreditam que a população de araucárias deve sofrer mais com alterações no clima.

“Prevemos que, no futuro, eventos climáticos extremos vão ser mais frequentes, logo, qualquer população que tenha uma maior diversidade genética vai ter mais soluções possíveis para lidar com essas mudanças, enquanto as que apresentam uma baixa diversidade genética têm potencial de sofrer mais”, alertou Mariana.

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