Cientistas costumam descrever Marte como um deserto vermelho, repleto de crateras e superfícies rochosas áridas, extremamente frias e desprovidas de vida vegetal. Mas essa definição também pode ser usada para se referir a uma remota ilha canadense localizada 1.600 km ao sul do Polo Norte da Terra.
Devon é a maior ilha desabitada do mundo e faz parte do arquipélago do Alto Ártico, no território Nunavut. Para o povo Inuit, que habita a região, a região é conhecida como Taallujutit Qikiktagna – Ilha do Osso da Mandíbula.
![Sonda em teste na Cratera Houghton, na Ilha Devon, no Canadá — Foto: NASA / Wikimedia Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/BQBDoly2F_TltZL25cbkfhgqDHw=/0x0:1400x1050/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/Y/5/m8sphpSuOlY9aTmomWxg/ilha-canadense-extremamente-remota-e-arida-e-usada-por-cientistas-para-simular-vivencia-em-marte3.jpg)
Para um grupo de cientistas, a área também é considerada "Marte da Terra". Durante dois meses, no auge do verão, quando o solo está sem neve, pesquisadores se dirigem ao acampamento-base do Projeto Haughton-Mars, na ilha, para estudar como os humanos podem viver e trabalhar em outros planetas. Apesar de ser verão, as temperaturas raramente sobem acima de 8 °C, com a média anual de -16 °C.
A Cratera Haughton é um dos principais locais onde os trabalhos são desenvolvidos. A depressão de 22 km de largura foi formada há cerca de 23 milhões de anos, quando um asteroide ou cometa colidiu com o planeta.
Esse projétil provavelmente tinha cerca de 1 km de diâmetro e causou um impacto na Terra equivalente a 100 milhões de quilotoneladas de dinamites na colisão. O impacto destruiu quase toda a vida em um raio de centenas de quilômetros e arrasou a paisagem.
![A Cratera Houghton na Ilha Devon, no norte do Canadá — Foto: Haughton Mars Project / Wikimedia Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/UAgwtsgoFEms2cj6liDcHj_0rPs=/0x0:1400x1050/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/G/y/uBzAY5RYGOrf1GXtIOcQ/ilha-canadense-extremamente-remota-e-arida-e-usada-por-cientistas-para-simular-vivencia-em-marte4.jpg)
Esse buraco árido sofreu pouca erosão devido à falta de chuvas – tal como a superfície da Lua. Esses fatores o tornaram um campo ideal para simular uma expedição interplanetária. No local, geólogos e biólogos investigam as rochas e formas de vida microbiana. Engenheiros testam a aterrizagem de aeronaves e outras tecnologias espaciais, como veículos robóticos, ferramentas de perfuração e sistemas de suporte de vida.
Técnicos da NASA simulam na ilha potenciais emergências de missão, tais como vazamentos de produtos químicos tóxicos, falhas de energia, despressurização de habitats, incêndios e emergências médicas, visando desenvolver protocolos e estratégias para lidar com elas.
![Imagem capturada por satélite da Nasa em 28 de junho de 2001, mostrando a Ilha Devon de cima — Foto: NASA / Wikimedia Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/c7-cvDsBHVfpkvbRDMoH4HRU6Sc=/0x0:634x417/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/6/B/kjP9rmTZakBZJmuBKMrw/ilha-canadense-extremamente-remota-e-arida-e-usada-por-cientistas-para-simular-vivencia-em-marte1.jpg)