Cientistas usam ilha extremamente remota e árida para simular vivência em Marte

Localizada a 1.600 km ao sul do Polo Norte, a região recebe de testes de tecnologias, como pouso de aeronaves, a treinamentos de emergência

Por Redação Casa e Jardim


A Ilha de Devon é a maior desabitada do mundo e faz parte do arquipélago canadense do Alto Ártico Haughton Mars Project / Wikimedia Commons

Cientistas costumam descrever Marte como um deserto vermelho, repleto de crateras e superfícies rochosas áridas, extremamente frias e desprovidas de vida vegetal. Mas essa definição também pode ser usada para se referir a uma remota ilha canadense localizada 1.600 km ao sul do Polo Norte da Terra.

Devon é a maior ilha desabitada do mundo e faz parte do arquipélago do Alto Ártico, no território Nunavut. Para o povo Inuit, que habita a região, a região é conhecida como Taallujutit Qikiktagna – Ilha do Osso da Mandíbula.

Sonda em teste na Cratera Houghton, na Ilha Devon, no Canadá — Foto: NASA / Wikimedia Commons

Para um grupo de cientistas, a área também é considerada "Marte da Terra". Durante dois meses, no auge do verão, quando o solo está sem neve, pesquisadores se dirigem ao acampamento-base do Projeto Haughton-Mars, na ilha, para estudar como os humanos podem viver e trabalhar em outros planetas. Apesar de ser verão, as temperaturas raramente sobem acima de 8 °C, com a média anual de -16 °C.

A Cratera Haughton é um dos principais locais onde os trabalhos são desenvolvidos. A depressão de 22 km de largura foi formada há cerca de 23 milhões de anos, quando um asteroide ou cometa colidiu com o planeta.

Esse projétil provavelmente tinha cerca de 1 km de diâmetro e causou um impacto na Terra equivalente a 100 milhões de quilotoneladas de dinamites na colisão. O impacto destruiu quase toda a vida em um raio de centenas de quilômetros e arrasou a paisagem.

A Cratera Houghton na Ilha Devon, no norte do Canadá — Foto: Haughton Mars Project / Wikimedia Commons

Esse buraco árido sofreu pouca erosão devido à falta de chuvas – tal como a superfície da Lua. Esses fatores o tornaram um campo ideal para simular uma expedição interplanetária. No local, geólogos e biólogos investigam as rochas e formas de vida microbiana. Engenheiros testam a aterrizagem de aeronaves e outras tecnologias espaciais, como veículos robóticos, ferramentas de perfuração e sistemas de suporte de vida.

Técnicos da NASA simulam na ilha potenciais emergências de missão, tais como vazamentos de produtos químicos tóxicos, falhas de energia, despressurização de habitats, incêndios e emergências médicas, visando desenvolver protocolos e estratégias para lidar com elas.

Imagem capturada por satélite da Nasa em 28 de junho de 2001, mostrando a Ilha Devon de cima — Foto: NASA / Wikimedia Commons
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