Projeto resgata essência do modernismo em apartamento brasiliense

Um apartamento de 125 m², na Asa Sul, em Brasília, passou por uma transformação que não apenas renovou seus espaços, mas também resgatou a essência do modernismo que caracteriza a arquitetura brasiliense.

Sob a batuta do escritório CoDA Arquitetura (@coda.arq), liderado pelos arquitetos Pedro Grilo e Julia Coutinho, com a equipe composta por Luiza Ceruti e Rafferson Camel, realizou uma intervenção que combinou funcionalidade contemporânea com elementos clássicos da geração modernista brasileira.

A reforma, que demandou seis meses de trabalho, foi uma resposta às demandas dos jovens moradores apaixonados pela arquitetura da capital. Desejando preservar e valorizar a estrutura original do edifício, um típico bloco clássico da cidade, com vários elementos da geração modernista brasileira – janelas em fita, cobogós e uso de pilotis –, o projeto priorizou a otimização dos espaços sociais e a integração da cozinha como ambiente de convívio.

A paixão dos moradores pelo design moderno aliado ao estilo contemporâneo brasileiro foi refletida na decoração do apartamento. Peças de designers renomados, como Samuel Lamas e Mel Kawahara, foram escolhidas criteriosamente a fim de resultar em uma atmosfera acolhedora e sofisticada.

Na sala, o foco é o grande banco de concreto aparente, moldado in loco, que organiza o espaço e cumpre funções diversas – desde assentos para a mesa de jantar, até apoio para os equipamentos de TV.

"O banco é versátil e percorre todo o ambiente social, garantindo que o casal receba várias pessoas para reuniões entre amigos e familiares, do jeitinho que eles gostam", diz Pedro.

Essa atmosfera recebe ainda a luz natural proveniente das janelas amplas, que valorizam a vista do apartamento.

O caráter social assumido pela cozinha pode ser revertido, quando desejado, pelo uso de portas de correr de serralheria com folhas de vidro aramado, uma escolha novamente feita em referência ao próprio edifício e às suas esquadrias originais.

Já a porta de entrada, específica dos edifícios projetados em Brasília, foi restaurada com alumínio, conforme as originais que ainda restavam. A lateral de vidro aramado também foi reincorporada e garante a luz natural necessária para o hall de entrada.

O uso da cor verde aparece por todo o apartamento, principalmente na cozinha e nos banheiros. O branco, tão presente no projeto, ganha vida por meio do uso de novas texturas, como as pastilhas cerâmicas, que percorrem a cozinha e se estendem até a sala de estar, em referência ao uso desse material nos pilotis das superquadras.

Os tons frios ganham contraste com o uso da madeira, que percorre todos os cômodos, ora em abundância, por meio do jogo de painéis de compensado que formam a circulação do apartamento, ora de maneira mais discreta. "A enxuta paleta de cores é, então, enriquecida pelo jogo de texturas, com destaque para os ladrilhos hidráulicos que aparecem no banheiro", diz Julia.

O casal também desejava uma área de trabalho e um quarto de hóspedes, que pode vir a se transformar em um novo quarto, caso a família cresça.

Ainda na área íntima, a suíte dos moradores deveria ser o "refúgio do estresse cotidiano". Os janelões deixam entrar a luz natural no ambiente, que ganhou cabeceira de madeira ripada – um item que traz sensação de aconchego.

As principais alterações aconteceram principalmente nas áreas molhadas do apartamento. As dependências de serviço foram reformuladas, e o banheiro da suíte expandido, o que permitiu ressaltar os cobogós, tornando-os protagonistas desse ambiente e também da lavanderia, que agora tem luz e ventilação naturais.