Arte

Por Isabella Gemignani

Na 60ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, a participação brasileira resgata a jornada de resistência e ressurgimento – além da essência humana compartilhada – da cultura Tupinambá com a exposição Ka'a Pûera: nós somos pássaros que andam.

Em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Cultura, a mostra anunciada pela Fundação Bienal de São Paulo possui a participação de Glicéria Tupinambá, vencedora do Prêmio PIPA 2023, e prevê a renomeação do Pavilhão do Brasil para Pavilhão Hãhãwpuá.

Com convidados que trazem a riqueza Tupinambá e curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana, a representação na Bienal de Veneza traz interpretação ligada à ancestralidade e à marginalização, desterritorialização e violação dos direitos dos povos nativos, ao mesmo tempo em que se refere ao potencial de regeneração da comunidade.

“Em Tupi antigo, idioma dos Tupinambá, Ka'a Pûera são as antigas florestas derrubadas para se plantar roças. Após a colheita, esse espaço fica em repouso, surgindo assim um lugar com uma vegetação mais baixa,” explicam os curadores. “Ao primeiro olhar, esse local pode parecer infértil e inóspito, porém, com o solo em recuperação, logo poderá ser uma nova roça para sustento da comunidade ou uma nova floresta”, complementam.

Arissana Pataxó também assina a curadoria da mostra apresentada no Pavilhão do Brasil, que será renomeado como Pavilhão Hãhãwpuá a fim de mostrar como o Brasil já teve outros nomes — Foto: Fundação Bienal de São Paulo / Divulgação
Arissana Pataxó também assina a curadoria da mostra apresentada no Pavilhão do Brasil, que será renomeado como Pavilhão Hãhãwpuá a fim de mostrar como o Brasil já teve outros nomes — Foto: Fundação Bienal de São Paulo / Divulgação

O pássaro capoeira, conhecido pela cultura como uma pequena ave que vive em florestas densas e se camufla no ambiente, também é inspiração da coletânea, já que, com os humanos, o animal compartilha a memória da natureza.

Onde aparentemente não há vida, há a possibilidade de ressurgimento – essa é a mensagem central por trás da dupla significação do título, propondo que “nos lembremos daqueles que estão à margem, desterritorializados, invisibilizados, encarcerados, violados de seus direitos territoriais, porém que nos chamam para a resistência, acreditando que, somos humanos-pássaros-memória-natureza, porque sempre existirá a possibilidade de ressurgimento e resistência”, acrescentam.

Gustavo Caboco Wapichan integra a curadoria que traz o trabalho de Célia Tupinambá — Foto: Fundação Bienal de São Paulo / Divulgação
Gustavo Caboco Wapichan integra a curadoria que traz o trabalho de Célia Tupinambá — Foto: Fundação Bienal de São Paulo / Divulgação

Alinhada ao tema Foreigners Everywhere, a seção brasileira da Bienal traz a perspectiva de Foreigners Everywhere de séculos de marginalização em seu próprio território. Glicéria Tupinambá, encarcerada no ano de 2010, vive a trajetória do povo indígena Tupinambá, que foi estrangeiro por séculos em seu próprio território, com suas lideranças criminalizadas, perseguidas, desaparecidas, tendo parte de seus bens culturais levados.

Estrangeiros em seu Hãhãw – ou território ancestral, na língua patxohã –, os Tupinambás eram considerados extintos até o ano de 2001, quando o Estado Brasileiro reconheceu que o povo não foi exterminado, mas subsiste na luta para reaver seu território e parte de sua cultura retirada pela colonização.

“Através da seleção, temos a oportunidade de ampliar diálogos e fortalecer a inclusão das vozes que ecoam por todo o nosso país nesta vitrine global da arte contemporânea que é a Bienal de Veneza. Desta vez, o pavilhão será imbuído da visão de curadores e artistas de povos originários, que trazem uma perspectiva urgente para o mundo, ligada ao tema global da edição,” pontua José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

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