Reboco baiano: saiba o que é e como aplicar o acabamento artesanal

De cimento ou argamassa, esse efeito é criado com reboco aplicado de forma irregular, gerando uma superfície orgânica pintada de branco. O resultado é um visual aconchegante, que conversa com os estilos tropical, boho e rústico.

Conhecido também como reboco grego, o baiano é um tipo de acabamento de parede, mas que também pode ser usado no teto. "Quando geralmente se sobe uma parede de alvenaria, esta passa pelas fases de chapisco, emboço, reboco e pintura antes do revestimento escolhido. Mas, para o de estilo baiano, o processo se interrompe na etapa do reboco", explica Bruno Moraes, arquiteto à frente do BMA Studio (@brunomoraesarquiteturastudio).

Neste caso, o reboco se torna o acabamento final – ou seja, já funciona como um revestimento da parede, que você pode pintar posteriormente. "O reboco baiano possui uma aparência rústica e irregular de forma proposital, criando um efeito visual aconchegante", diz o arquiteto João Gabriel (@arquitetojoaogabriel).

Essa sensação de curvas e ondulações vem do trabalho manual de sua aplicação – a parede não fica reta, como àquelas que estamos acostumados, mas, sim, artesanal.

Segundo João Gabriel, apesar do apelido de "grego", o acabamento está presente há anos nas casas do litoral da Bahia – como em Trancoso, Porto Seguro, Ilhéus, Itaparica, etc. "Encontrar as nossas referências culturais é importante para não 'internacionalizar' tudo", defende.

Além disso, não se trata de um revestimento exclusivo da Bahia ou Grécia. Existem casas por toda a América Latina que usam técnicas similares, com resultados parecidos. "O uso do termo 'baiano' é apenas para trazer essa referência à nossa localidade e abrasileirar o material e a técnica, que também são nossos", diz.

"Considerado por muitos uma técnica tradicional da arquitetura brasileira, especialmente no Nordeste, onde são encontradas em maior uso, o reboco baiano é ligado às culturas indígenas e africanas e é valorizado como memória arquitetônica do Brasil", completa Bruno.

O arquiteto do BMA Studio explica que este revestimento nada mais é que a mistura do cimento e da areia, ou uma massa de cal, ou uma argamassa pronta. "Já vi muitos pedreiros fazerem com a própria argamassa de assentamento de porcelanato, que possui uma aderência boa e gruda bem, ou com cimento e areia também", diz.

O processo de aplicação, geralmente, é todo manual – as pessoas fazem com a mão ou usam ferramentas simples, como uma colher e uma desempenadeira.

O uso mais comum do reboco baiano é em paredes, sejam externas, seja internas. Mas ele também pode ser usado no forro ou mesmo em áreas molhadas, como banheiros e cozinhas.

"O reboco baiano é versátil e pode ser aplicado com diversos estilos de decoração, mas o rústico ou praiano são os mais indicados, justamente pela aparência irregular e a combinação com os outros elementos das duas estéticas", comenta Bruno.

Para João Gabriel, o reboco baiano apresenta a vantagem de ser um produto mais econômico do que um revestimento de porcelanato ou textura pronta de empresas de tintas, já que sua aplicação requer apenas cimento ou argamassa, água e tinta.

Além disso, possui aparência e personalidade únicas e benefícios de durabilidade, isolamento térmico e acústico.

Por outro lado, por ser um material áspero, é necessário escolher uma tinta com acabamento que suje menos. Caso contrário, a sujeira se impregnará facilmente no reboco. "Se misturado a estilos decorativos muito característicos, como o clássico, pode ser que você não consiga a estética desejada. É um material poroso e exige manutenção regular", finaliza Bruno.