Materiais naturais marcam casa sustentável de 20 m² na Serra da Mantiqueira

"Foi tudo minuciosamente pensado para que o pequeno espaço tivesse tudo aquilo que um grande imóvel oferece, priorizando sempre o conforto e bem-estar e servindo de exemplo de que é possível ser sustentável e sofisticado em um ambiente rústico e natural no alto da montanha", comenta o arquiteto Ricardo Delgallo (@ricardo.delgallo).

Ele optou pelo sistema wood frame, que usa madeira reflorestada e tratada no lugar de concreto. Graças à facilidade deste método construtivo, o imóvel ficou pronto em apenas 45 dias.

A casa foi construída para uso próprio do arquiteto e de sua esposa, uma vez que ambos cresceram em ambiente rural e são muito apegados à natureza e à preservação do meio ambiente. "A residência é a realização de um sonho, pautado em ter um local único e acolhedor para viver bons momentos com a família", fala Ricardo.

A metragem interna reduzida foi bem aproveitada, com espaço para quarto, sala, cozinha e banheiro. A área externa ampla em meio ao verde agrega espaço de churrasqueira, rede e o deque com vista das montanhas.

O profissional optou por sustentar a casa sob nove pilares a fim de evitar interferência na topografia original do terreno, levemente inclinada. O conforto térmico foi conquistado com o uso de lã de vidro ecológico em toda a construção.

"Uma manta asfáltica garante a impermeabilização do telhado, e papel polietileno instalado nas paredes externas impede a infiltração de água para o seu interior, mas permite que a casa respire, criando uma atmosfera mais confortável", explica o profissional.

Grandes janelas levam luz natural aos ambientes internos, além de oferecer vista das montanhas. Outro destaque construtivo é o uso de madeira de demolição no revestimento interno, feito de peroba rosa rústica, oferecendo um ambiente bastante aconchegante.

"Também de madeira, o revestimento da parte externa recebeu a técnica japonesa Shou-sugi-ban, que consiste na carbonização dessa matéria, garantindo qualidade, durabilidade e impermeabilidade, algo importante por se tratar de uma área que sofre diversos tipos de intempéries", conta Ricardo.

Um jardim vertical em uma das paredes externas garante frescor aos interiores nos dias mais quentes e "camufla" esse lado da estrutura em meio à mata.

O arquiteto investiu no plantio de cerca de 350 mudas de árvores nativas e frutíferas no terreno. A vegetação ajuda a proteger e preservar o curso d'água que passa pelo terreno e abastece a casa. Outras 130 árvores foram plantadas em diversos pontos, fazendo o paisagismo do imóvel.

O mobiliário interno foi planejado segundo as referências de tiny houses americanas visitadas pelo arquiteto. Já o mobiliário externo, como bancos, poltronas e mesas de madeira, veio da paixão que o profissional nutre pela criação de móveis de madeira rústica.

Na decoração, os materiais foram escolhidos com foco na sustentabilidade, sem perder a sofisticação. O verde aparece na marcenaria, no lustre e nos utensílios para harmonizar com o ambiente externo cercado pela Mata Atlântica. Já a pedra natural do banheiro combina com a montanha rochosa.