Arquitetura

Por Isabella Gemignani

O diálogo entre o natural e o construído, a natureza e a arquitetura e a justaposição entre eles: esses são os elementos responsáveis por tecer uma miragem moderna no ensaio fotográfico de Paul Clemence, batizado de Modern Mirage.

A partir dos reflexos da Lagoa da Pampulha – que abriga o conjunto arquitetônico homônimo e assinado pelo então jovem Oscar Niemeyer –, o artista visual refaz elementos característicos da construção iconoclasta através do movimento de um tecido que dança com a visão avant-garde de Niemeyer.

“A Casa do Baile sempre foi um dos meus projetos favoritos do Oscar Niemeyer,” conta Paul. “Foi ali que as famosas curvas do Oscar criaram força e decolaram em sua longa e bela trajetória. O conjunto em si é de uma coerência sublime, onde cada parte, mesmo tendo caráter próprio, está em sintonia ao todo, formando um poema arquitetônico em que cada edificação flui naturalmente à próxima. Cada uma é um exercício de formas e luz”, complementa.

O tecido traz elementos de Pampulha, como a Casa do Baile, a partir do reflexo do lago dos arredores do complexo de Niemeyer — Foto: Mateus Lustosa / Divulgação
O tecido traz elementos de Pampulha, como a Casa do Baile, a partir do reflexo do lago dos arredores do complexo de Niemeyer — Foto: Mateus Lustosa / Divulgação

“Até mesmo a relação entre cheios e vazios aqui é mais gentil, estabelecendo um contexto que convida e acolhe ao invés de se impor como monumento,” frisa.

Similarmente, Modern Mirage se relaciona com a arquitetura dessa maneira mais direta e íntima, em reverência e diálogo com o espaço. De linguagem semi-abstrata, o tecido de voile transita entre o estado líquido, do lago, e sólido da arquitetura da Casa do Baile, brincando com a noção de ilusão de ótica ao retratar composições como fachadas, eixos verticais e marquises refletidas.

A transparência da instalação propõe o diálogo com a paisagem e contexto da construção avant-garde — Foto: Mateus Lustosa / Divulgação
A transparência da instalação propõe o diálogo com a paisagem e contexto da construção avant-garde — Foto: Mateus Lustosa / Divulgação

O título – que significa “miragem moderna”, em tradução livre – vem justamente dessa perspectiva do artista diante de imagens distorcidas e ilusórias que, “derretendo”, adquiriram qualidade poética.

A luz, que perpassa o material, e a transparência, também evocam a sensação de enxergar por um filtro; a partir disso, a obra se vê não apenas como objeto, mas como uma experiência contemplativa da paisagem. “Ou seja, a obra traz para dentro da Casa tanto a paisagem como a própria Casa de volta a si mesma,” pontua Paul.

A obra semi-abstrata traz um novo nível de percepção ao edifício histórico e patrimônio da UNESCO — Foto: Mateus Lustosa / Divulgação
A obra semi-abstrata traz um novo nível de percepção ao edifício histórico e patrimônio da UNESCO — Foto: Mateus Lustosa / Divulgação

“Já a instalação dialoga com o espaço em vários níveis. Acho que o principal é a leveza da obra em justaposição a suavidade das linhas da arquitetura: a fluidez do traço arquitetônico com a balanço do tecido,” acrescenta Paul. O conjunto da Pampulha – patrimônio da UNESCO – é caracterizado justamente por essa característica: a manipulação do concreto em linhas e movimentos, que referenciam a organicidade das tradições brasileiras.

“A miragem é meio como um sonho, não ��? Um sonho acordado, um desejo de algo que não se tem, mas que a gente acha que está logo ali adiante... Foi ali na Pampulha que o sonho desse mundo moderno, exuberante, abstrato e livre de referências, começou,” conta o fotógrafo arquitetônico. “E aí fica a pergunta: chegamos nesse sonho moderno ou ele está ainda logo ali, mais adiante?”, conclui.

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