Esqueça aqueles espaços médicos com paredes e mobiliários de tons claros, luminárias embutidas e revisteiros. Ao girar a maçaneta do consultório da dermatologista Thais Sakuma, os pacientes se deparam com chapéus, cartas de baralho, relógios e muitas cores misturadas. Localizada na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a sala tem apenas 33,40 m², e não há dúvidas de que a decoração foi inspirada na obra de Lewis Carroll Alice no País das Maravilhas.
O arquiteto Luis Pedro Scalise é quem assina o projeto. A ideia surgiu quando Thais mencionou que adorava o filme e gostaria de um espaço em que seus pacientes pudessem se transportar para outro local. A intenção era distrair os pacientes de forma que eles não pensassem nos motivos que os levaram até lá.
O tema, apesar de infantil, foi pensado para um consultório que atende gente grande. “Trabalhamos com o lúdico, mas equilibramos utilizando ideias práticas. Todos os elementos são funcionais”, conta Luis Pedro. Um exemplo disso são as xícaras de cerâmica que viraram luminárias.
O espaço tem paredes pintadas de amarelo e cinco relógios pendurados – de tamanhos e cores diferentes. Há adesivos na mobília, reproduzindo cenários e texturas do filme; piso vinílico nas cores preta e branca, formando a característica estampa xadrez, além de poltronas, pufes e cortinas de veludo colorido. Por fim, há detalhes como cabideiros em forma de cartolas e cartas de baralho nos armários e nas mesas.
Recentemente, Casa e Jardim publicou uma reportagem sobre lojas que se especializam em um único produto ou tema. A professora e pesquisadora Clotilde Perez, da Escola de Comunicações e Artes de São Paulo, explica que essa tendência é global. Na visão do arquiteto Luis Pedro Scalise, os projetos temáticos sofreram um boom, e curiosamente se tornaram comuns em consultórios. “Quem é que não adora a sensação de poder mergulhar em outro lugar?”, diz o arquiteto. Resta saber o que os pacientes pensam dessa decoração nada padrão.