A viagem de lua de mel trouxe uma referência importante para a reforma deste apê de 130 m², em São Paulo. “Em Portugal, vimos prédios com arcos no teto e decidimos colocar aqui como lembrança de nossa lua de mel”, conta o arquiteto e morador André, que se casou no início do ano passado com a psicanalista Camila Colás. A obra estava em andamento quando eles viajaram. Com projeto do Estúdio BRA, comandado por André e Rodrigo Maçonilio, o imóvel já passava por várias transformações, como a demolição da maioria das paredes para ampliar o living. “Dois dos três quartos foram abertos, e, para deixar a sala com formato retangular, foi retirada uma parte da cozinha. Em um jogo de perde e ganha, a cozinha expandiu para a área de serviço, e a lavanderia ocupou o quarto de serviço”, explica o arquiteto Rodrigo Maçonilio. “Para guardar o quarto do casal e esses cômodos, criamos um painel de madeira, como se fosse uma caixa.”
Nesse painel ficam camufladas as portas pivotantes que dão acesso aos ambientes. “Apenas os puxadores, que são cavas na marcenaria, sinalizam onde ficam, e, ao entrar no hall da área íntima, há as portas dos banheiros social e do casal e a do nosso quarto”, diz André. Mas a maior surpresa está atrás da porta camarão, que revela um escritório dentro do painel. Acima, fica o armário cujas portas abrem no quarto.
Em nome da brasilidade do projeto, o casal escolheu para o painel a madeira tauari, que também foi usada no piso, no restante da marcenaria e nos móveis de designers consagrados. Já os arcos de gesso foram criados na laje da área onde ficavam os dois quartos, ambos com varandinhas, e agora estão a sala de estar e o escritório. “Demarcamos com o piso de cimento queimado rosa uma área para futuramente ser fechada e transformada no quarto de nosso filho”, explica André. Na sala de estar, uma estante de aço ocupa uma parede inteira com nichos para TV e para expor as peças de artesanato e design compradas em viagens. “A estante na altura do painel cria simetria e passa a sensação de maior amplitude. E as bases soltas do chão, igual ao rodapé recuado 2 cm, dão leveza ao ambiente”, diz Rodrigo.
Ao remover o reboco das paredes da sala para mostrar a textura dos tijolinhos originais do prédio, os arquitetos decobriram um cofre que virou nicho para expor azulejos portugueses. E não bastasse a janela do piso ao teto, eles aumentaram a iluminação natural e a circulação de ar com a troca das janelas dos antigos quartos por painéis de vidro retráteis, cujos vãos abrem totalmente. Como a reforma demorou além do previsto, até para incluir os arcos, a mudança só aconteceu em maio, dois meses após o casamento. Mas valeu a espera, garante o casal.
"O uso de madeira clara e as paredes brancas deixam os ambientes mais iluminados.""
Rodrigo