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Thea von Harbou

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Thea von Harbou
Thea von Harbou
Thea em 1928
Nome completo Thea Gabriele von Harbou
Nascimento 27 de dezembro de 1888
Tauperlitz, Império Alemão
Nacionalidade alemã
Morte 1 de julho de 1954 (65 anos)
Berlim, República Democrática Alemã
Ocupação Cineasta, roteirista, escritora e Atriz
Atividade 1905–1954
Cônjuge

Thea Gabriele von Harbou (Döhlau, 27 de dezembro de 1888Berlim, 1 de julho de 1954) foi uma atriz, cineasta, roteirista e escritora alemã. É conhecida pelo roteiro do filme clássico de ficção científica Metrópolis, de 1927, baseado no livro escrito por Thea. Junto de um de seus maridos, o cineasta Fritz Lang, Thea trabalhou como roteirista no período de transição entre o cinema mudo para o falado.

Thea nasceu em Tauperlitz, uma vilã em Döhlau, no Reino da Baviera, em 1888.[1] Era uma família da base da nobreza, com oficiais no governo, o que lhe deu uma vida com conforto enquanto crescia. Quando criança, foi educada em um convento, com tutores particulares, onde aprendeu a falar diversos idiomas, a tocar piano e violino, sendo considerada uma criança prodígio.[2]

Seus primeiros trabalhos foram contos publicados em uma revista e um livro de poemas publicado por conta, focado em suas percepções a respeito da arte, algo incomum para uma criança de 13 anos. Apesar de levar uma vida privilegiada, Thea queria ganhar seu próprio dinheiro, o que a levou a ser atriz, apesar dos protestos de sua família.[2][3]

Após sua estreia em 1906, Thea conheceu Rudolf Klein-Rogge, com quem se casou durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1917, o casal se mudou para Berlim, onde Thea se dedicou a construir uma carreira de escritora. Começou a escrever sobre mitos épicos e lenda, em geral com um tom ultranacionalista. Segundo historiadores, seus livros começaram a se tornar patrióticos e com a intenção de levantar a moral do povo alemão, pedindo que as mulheres se dedicassem e se sacrificassem a promover a "glória eterna da pátria".[1][1]

Sua primeira interação com o cinema foi através do diretor alemão Joe May, que decidiu adaptar um dos livros de Thea, Die heilige Simplizia. Sua produção de ficção começou a cair, conforme ela se tornavam uma das maiores roteiristas alemãs, não apenas por sua parceria com Fritz Lang, mas por seus roteiros escritos para F. W. Murnau, Carl Dreyer e E. A. Dupont, considerados os luminares alemães.[1][2]

Seu irmão, Horst von Harbou, foi trabalhar para a UFA como fotógrafo e começou a trabalhar com Thea e Fritz em várias de suas produções.[1][2]

Parceria com Fritz Lang

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O primeiro trabalho de Thea com Lang foi marcado pelo interesse em comum sobre a Índia. Como Thea trabalhou na adaptação de seu livro de 1918, Das Indische Grabmal, ("Mistérios da Índia"), Joe May designou Lang para ajudar a escrever um roteiro e nos detalhes da produção. Thea era conhecida por sua força criativa, pela motivação e pela eficiência. Thea conseguia chegar nas pessoas, trabalhar em equipe e conseguia reverter situações ruins.[1][2]

Thea começou um caso com Lang por volta dessa época e ela então se divorciou de Klein-Rogge em 1920.[4] Com o sucesso de Dr. Mabuse e a morte da primeira esposa, de Lang, eles se casaram em 1922. Os dois escreveram um roteiro que refletia o orgulho do casal por sua herança alemã, Die Nibelungen, o que elevou ainda mais a reputação de Thea como escritora e roteirista. Ficou conhecida por sempre usar o mesmo vestido durante toda uma filmagem e por cozinhar para a equipe quando eles gravavam até tarde.

Nesta época, década de 1920, a pobreza na Alemanha vinha aumentando, portanto Thea comprava comida para alimentar toda a equipe, conseguindo incluir nas despesas da filmagem os custos com a alimentação.[1] Passava horas cortando batatas e fervendo sopas para dar uma refeição quente, em especial aos figurantes.[2]

Thea novelizou diversos roteiros para que a publicação do livro coincidisse com a estreia do filme, mas este não foi o caso de Metrópolis, um de seus trabalhos mais famosos. Thea teve papel central na produção do filme que se tornou também um dos mais famosos de Fritz Lang e da Alemanha. Além de ter escrito o livro e o roteiro e de desenvolver o final do filme, Thea também encontrou o ator Gustav Fröhlich, que interpretou um dos protagonistas, Freder Fredersen.[1][2]

Fritz Lang e Thea von Harbou em seu apartamento em Berlim, 1923 ou 1924

Logo após o casamento, Fritz Lang começou a se envolver com mulheres bem jovens, ainda que representassem o papel do casal feliz. Na produção de Das Testament des Dr. Mabuse, Lang a pegou na cama com Ayi Tendulkar, um jornalista indiano, 17 anos mais nova que Thea.[2] O divórcio saiu em 20 de abril de 1933 e pouco a pouco o casal foi perdendo contato. Thea e Ayi se casaram secretamente já que a Alemanha Nazista não permitia o casamento de seus cidadãos com pessoas de pele escura e outra etnia.[2][5]

Quando Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, a indústria cinematográfica alemã se tornou uma máquina ideológica de propaganda nazista. Thea permaneceu leal ao novo regime. Em 1934, por conta própria, ela escreveu e dirigiu dois filmes: Elisabeth und der Narr e Hanneles Himmelfahrt (A Ascensão de Little Hannele). Porém, Thea não gostou a experiência de dirigir e continuou uma prolífica roteirista nesta época.[1][2]

Pós-Segunda Guerra

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De julho a outubro de 1945, Thea foi mantida em Staumühle, um campo de prisioneiros britânico. Apesar de seu trabalho para a indústria alemã sob o nazismo, Thea alegou que ela só se filiou ao partido para ajudar os imigrantes indianos na Alemanha, como seu marido. Ela teria fornecido comida e cuidados médicos para imigrantes e de fato ganhou uma medalha de mérito por salvar pessoas em dois ataques aéreos.[1] Na prisão, dirigiu uma peça de Fausto e quando foi solta, trabalhou na Trümmerfrau, o nome em alemão para mulheres que, após a Segunda Guerra Mundial, ajudaram a limpar e reconstruir as cidades bombardeadas da Alemanha e Áustria.[2]

Monumento em sua homenagem em Tauperlitz

A hipertensão e as constantes enxaquecas debilitaram Thea ao longo da vida. Ainda assim, ela não parou de escrever, às vezes ditando textos de sua cama. Depois de ir a uma apresentação de Der müde Tod, como convidada de honra, ela caiu e lesionou o quadril. Ela foi internada e morreu em um hospital em Berlim, em 1 de julho de 1954, aos 65 anos.[1][2]

Diretora

  • Elisabeth und der Narr (1934)
  • Hanneles Himmelfahrt (1934)

Roteiros

  • Wenn's Morgen wird, 1905
  • Weimar: Ein Sommertagstraum, verse stories 1908
  • Die nach uns kommen, Ein Dorfroman, novel, 1910
  • Von Englen und Teufelschen, ten stories, 1913
  • Deutsche Frauen. Bilder stillen Hendentums, five stories, 1914
  • Der Unsterbliche Acker, ein Kriegsroman, 1915
  • Gold im Feuer, novel, 1915
  • Der Krieg und die Frauen, eight stories, 1915
  • Die Masken des Todes. Sieben Geschichten in einer, 1915
  • Die Flucht der Beate Hoyermann, 1916
  • Die Deutsche Frau im Weltkrieg, essays, 1916
  • Aus Abend und Morgen ein neuer Tag, 1916
  • Du junge Wacht am Rhein!, 1917
  • Das indische Grabmal (The Indian Tomb), 1918
  • Der belagerte Tempel, 1917
  • Die Nach uns kommen, 1918
  • Legenden, five stories (including Heiligen Simplicia), 1919
  • Sonderbare Heilige, Zehn Novellen, 1919
  • Die Unheilige Dreifaltigkeit, 1920
  • Das Haus ohne Tür und Fenster, 1920
  • Gute Kameraden, 1920
  • Gedichte, 1920
  • Das Niebelungenbuch, 1924
  • Mondscheinprinzeßchen, 1925
  • Metrópolis, 1926
  • Der Insel Der Unsterblichen, 1926
  • Mann Zwischen Frauen, 1927
  • Frau im Mond, 1928
  • Spione, 1929
  • Du Bist Unmöglich, Jo!, novel, 1931
  • Liebesbriefe aus St. Florin; Novelle, 1935
  • Adrian Drost und sein Land, 1937
  • Aufblühender Lotos, 1941
  • Der Dieb von Bagdad, 1949
  • Gartenstraße 64, 1952

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Brigitta B. Wagner (ed.). «Thea von Harbou». Women Film Pioneers Project. Consultado em 3 de dezembro de 2019 
  2. a b c d e f g h i j k l McGilligan, Patrick (1997). Fritz Lang: The Nature of the Beast. Nova York: St. Martin's Press. ISBN 978-0-312-19454-3 
  3. André Cáceres (ed.). «Thea von Harbou: a escritora que inspirou 'Metrópolis' e virou nazista». Estadão. Consultado em 3 de dezembro de 2019 
  4. Bruce Eder (ed.). «Overview:Rudolf Klein-Rogge». Allmovie. Consultado em 3 de dezembro de 2019 
  5. Dileep Padgaonkar (ed.). «The singular destiny of Ayi Tendulkar». The Times of India. Consultado em 3 de dezembro de 2019 

Ligações externas

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