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Orc

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 Nota: Se procura outras acepções, veja ORC.
Uma arte mostrando um Orc do universo fictício World of Warcraft.

Orc, ork, orco ou orque (termos vindos do latim Orcus, um dos títulos de Plutão, o senhor do mundo dos mortos), aparece nas línguas germânicas e nos contos de fantasia medieval como uma criatura deformada e forte, que combate contra as forças "do bem".

Todavia, acredita-se que a definição moderna de "orc" foi cunhada por J.R.R. Tolkien, autor de livros como O Hobbit e O Senhor dos Anéis, a partir de quem o termo se tornou recorrente em jogos de RPG de mesa ou de RPG eletrônico, como D&D, World of Warcraft, Lineage II, Tibia, Grand Chase e Ragnarok Online. Há, no entanto, algumas exceções, como nas franquias The Elder Scrolls ou World of Warcraft, nas quais os Orcs não aparecem como criaturas maléficas, mas sim como uma raça semelhante aos Homens.

Desde 2018, a tradução brasileira dos livros de J.R.R. Tolkien, publicada pela HarperCollins Brasil, passou a utilizar a grafia Orque (pl. Orques) em vez de Orc (pl. Orcs), seguindo as sugestões do próprio autor para as futuras traduções de seus livros[1].

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Segundo J.R.R. Tolkien, ele retirou o termo "Orc" do anglo-saxão (inglês antigo), cuja palavra signifiva "demônio" e que geralmente se supõe derivar do latim Orcus ("Hades", "Inferno")[2]. Todavia, o autor sempre deixou claro que se utilizou do termo tão somente por causa de sua "adequação fonética"[3], posto que "Orc" se assemelhava às palavras alto-élfica (Orco, p. Orkor) e élfico-cinzenta (Orcho, pl. Yrch) para estas criaturas, de modo que uma palavra não tinha relação com a outra[4].

Dentro de seu universo, o termo "Orcs" foi utilizado porque deveria representar a palavra utilizada pelos rohaneses para descrever este povo[5]. A palavra rohanesa para os Orques é desconhecida, sendo que Orques seria a "tradução" desta palavra, já que o autor se utilizava do inglês antigo para "traduzir" termos na língua rohanesa (e o inglês moderno para "traduzir" termos em westron, a língua falada pelos Hobbits).

Mais tarde, após a publicação de O Senhor dos Anéis (1954), J.R.R. Tolkien aparentemente abandonou o uso do termo Orc (pl. Orcs) e passou a dar preferência à grafia Ork (pl. Ork).

Dos livros publicados por J.R.R. Tolkien ainda em vida, o único no qual a nova grafia foi levada em consideração foi As Aventuras de Tom Bombadil (1962), no poema Bombadil Goes Boating ("Bombadil Passeia de Barco", em tradução literal), que possui o verso "I'll call the orks on you: that'll send you running!" ("Mandarei os orkes atrás de você: eles te farão fugir correndo!", em tradução literal).

Dos livros póstumos do autor, editados e publicados por seu terceiro filho e executor literário, Christopher Tolkien, alguns deles trazem a grafia Ork (pl. Orks), posto que abordam os textos mais tardios do autor - como os últimos volumes da coleção A História da Terra-média e o livro A Natureza da Terra-média (2021).

No livro O Hobbit (1937) - o primeiro que o autor publicou dentro do universo da Terra-média, embora não tenha sido o primeiro a ser escrito - o autor se utilizou do termo "goblin" (gobelim, na nova tradução) como tradução de "orc" (orque, na nova tradução).[6]

Tradução[editar | editar código-fonte]

No Brasil, a Martins Fontes, antiga editora das obras de J.R.R. Tolkien, manteve a grafia original inglesa na tradução dos livros (Orc, pl. Orcs), o que ajudou a popularizar esta grafia no país, posto que se tratava de uma "tradução oficial".

Todavia, desde 2018, com a republicação das obras de Tolkien pela HarperCollins Brasil, Orc e Orcs passaram a ser traduzidos como Orque e Orques. Já Ork e Orks, que até então não tinham aparecido em nenhum dos livros publicados pela antiga editora Martins Fontes, apareceram pela primeira vez como Ork e Orkes[7].

A decisão foi tomada levando como base as orientações do próprio autor, que escreveu uma cartilha com dicas de traduções após se incomodar com as primeiras traduções (para as quais ele não foi consultado) de O Hobbit.

Essa cartilha, comumente conhecida como Guide to the Names in The Lord of the Rings [Guia para os Nomes em O Senhor dos Anéis] ou como Nomenclature of The Lord of the Rings [Nomenclatura de O Senhor dos Anéis], que foi publicada A Tolkien Compass (1975) e em The Lord of the Rings: A Reader's Companion (2005), dispõe que o termo Orc representava uma palavra na fala comum (westron), que, no original, é representada pelo inglês, razão pela qual ela deveria ser traduzida para a língua de destino.

O autor sugere que o tradutor, caso tenha conhecimento de palavras arcaicas em sua língua, utilize de um termo que tenha um sentido semelhante ("demônio"). Para a hipótese de não haver substituto semelhante na língua de destino, o autor sugere que o tradutor faça a simples transcrição fonética da palavra, posto que ele gostava da sonoridade.

[Citação de Guide to the Names]

Levando isso em consideração, a nova tradução das obras de Tolkien no Brasil, que, segundo a editora e os tradutores, tem como principal objetivo se aproximar o máximo possível das intenções do autor, passou a traduzir os termos Orc, Orcs e Orks como Orque, Orques e Orkes.

Uso na vida real[editar | editar código-fonte]

Desde o começo da Guerra Russo-Ucraniana em 2014, os ucranianos usam o termo "orcs" (орки) para se referir aos russos, demonizando as forças russas e suas táticas. O uso da palavra voltou a crescer no país após militares russos invadirem a Ucrânia em 2022.[8]

Referências

  1. «O Senhor dos Anéis - Entenda a mudança de "orc" para "orque" nas novas edições brasileiras». Jovem Nerd 
  2. J.R.R. Tolkien (autor); Humphrey Carpenter, Christopher Tolkien (coordenadores). As Cartas de J.R.R. Tolkien (Carta 290a). 1.ª Edição, Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2023
  3. J.R.R. Tolkien (autor); Humphrey Carpenter, Christopher Tolkien (coordenadores). As Cartas de J.R.R. Tolkien (Carta 144). 1.ª Edição, Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2023
  4. J.R.R. Tolkien (autor); Christopher Tolkien (editor). The War of the Jewels
  5. J.R.R. Tolkien. O Retorno do Rei: A Terceira Parte de O Senhor dos Anéis (Apêndices; F; Os Idiomas e Povos da Terra-média; De Outras Raças). 1.ª Edição, Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2019
  6. J.R.R. Tolkien. O Hobbit (Introdução). 1.ª Edição, HarperCollins Brasil, 2019
  7. J.R.R. Tolkien (autor); Carl F. Hostetter (editor). A Natureza da Terra-média (Parte Três: O Mundo, suas Terras e seus Habitantes; 17. Elfos Silvestres e o Élfico Silvestre). 1.ª Edição, Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2021.
  8. MacLachlan, Christopher (9 de abril de 2022). «Why are Ukrainians calling Russian invaders 'orcs'?». The Spectator 
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