Com aumentos sucessivos e relevantes de preço ao longo dos últimos anos, a Pepsi e outros produtos do grupo PepsiCo foram banidos do Carrefour em lojas na França, Itália, Espanha e Bélgica. A reação da varejista é um protesto ao posicionamento da companhia, com quem vem reclamando há algum tempo da estratégia.
Com milhares de lojas em mais de 30 países, o Carrefour disse que deixaria de vender, além de Pepsi, Doritos, Cheetos, batatinha Lay's, salgadinhos Benenuts, chás gelados da Lipton e os alimentos secos e condimentos da Quaker e Alvalle. O refrigerante 7 Up, que fora dos EUA é vendido pela PepsiCo, também entrou na retaliação. A rede de supermercados francesa até colocou placas nas prateleiras para explicar aos clientes por que os produtos não estão mais disponíveis.
Cerca de quatro meses atrás, a varejista também começou a colar rótulos nos produtos que foram alvo da "shrinkflation": quando a indústria aumenta o preço de um item não por unidade, mas reduzindo o conteúdo da embalagem e mantendo o mesmo valor na etiqueta. Na França, a inflação sobre os alimentos atingiu dois dígitos em 2022 e ficou em mais de 7% para os 12 últimos meses em dezembro do ano passado. O governo do país afirmou que vai pressionar as fabricantes.
Durante a pandemia, marcas como McDonald's, GM e a própria PepsiCo testaram seus consumidores e se gabaram ao mercado de sua capacidade de aumentar preços sem grandes impactos no volume de vendas. O CFO da PepsiCo Hugh Johnston atribuiu a vantagem ao fato dos consumidores manterem o consumo de snacks e refrigerantes como pequenos luxos em tempos econômicos mais difíceis. Na mesma entrevista, em outubro, o executivo prometeu ao Wall Street Journal que os aumentos dos preços dos produtos desacelerariam em 2024 e estariam em linha com a inflação.
“Estamos em discussão com o Carrefour há muitos meses e continuaremos a nos comunicar, de boa fé, para tentar garantir que nossos produtos estejam disponíveis”, disse uma porta-voz da PepsiCo ao The Wall Street Journal ontem.
No terceiro trimestre de 2023, o mais recente com resultados consolidados, a PepsiCo chegou a elevar em 11 pontos percentuais os preços. Na divulgação dos resultados do último período do ano passado, que deve ocorrer no mês que vem, a companhia espera um crescimento de 10% no faturamento e de 13% nos lucros de 2023, já excluindo a variação cambial. A Europa representou 14% da receita global da empresa nos primeiros nove meses de o ano passado.