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Por — São Paulo


A expectativa dos analistas para o resultado da Viveo já era baixa, mas a companhia ainda assim conseguiu decepcionar. A distribuidora de insumos médicos teve queda de quase 92% no lucro líquido no primeiro trimestre, encerrando ainda no terreno positivo, em R$ 3 milhões, mas com salto na alavancagem e deterioração nas margens. O papel entrou em leilão ao longo da sessão na B3, depois de derreter 23% — fechou com desvalorização de 19,8%.

Somente neste ano, a companhia perdeu 72% do valor na bolsa, agora avaliada em R$ 1,2 bilhão. Há cerca de três anos, quando chegou à bolsa, valia R$ 5,7 bilhões. O que analistas e investidores já estão colocando na conta é que a empresa vai precisar considerar alternativas para desalavancagem, como uma capitalização — o que geraria diluição da base de acionistas. Esse tema, aliás, motivou o Bank of America a rebaixar o papel para venda no início da semana, antes mesmo do balanço.

Na Viveo, pressão de custos e piora no mix deterioram margens no primeiro trimestre — Foto: Unsplash
Na Viveo, pressão de custos e piora no mix deterioram margens no primeiro trimestre — Foto: Unsplash

A Viveo é resultado de uma série de aquisições e alguns gestores começam a questionar a capacidade da companhia de crescer sem ter que fazer compras (as receitas orgânicas cresceram apenas 5%, nota o Bradesco BBI) — e, quando compra, como digere a aquisição e a potencializa. É um problema semelhante ao da concorrente Elfa, controlada pelo Pátria.

O acionista de referência, que era ponto forte, também foi para berlinda: a DNA era selo para Viveo assim como para Dasa, o grupo de laboratórios que também lida com alta alavancagem. Num eventual aumento de capital, a gestora teria que fazer aporte relevante para manter o controle da operação.

No primeiro trimestre, o fluxo de caixa operacional da Viveo ficou negativo em R$ 477 milhões, um consumo 28% maior do que o Santander projetava. A dívida líquida aumentou 13% e a relação entre endividamento e Ebitda passou de 2,44 vezes no fim do ano para 2,97 vezes ao final de março no dado proforma, sem os saldos de M&As — considerando esse volume de compromissos a pagar e avaliando o Ebitda de 12 meses, o Bradesco chegou à alavancagem de 4,2 vezes, o que fez também o Goldman Sachs expressar dúvidas sobre a capacidade da empresa de equilibrar essa alavancagem.

O Bradesco considerou que os números foram fracos mesmo para sua projeção já conservadora, o que foi atribuído pelos analistas do banco à piora no mix de produto. O Ebitda ajustado veio em 21%, também menor que a projeção do banco.

Procurada pelo Pipeline, a Viveo não deu entrevista. Durante a teleconferência com os analistas, o CEO Leonardo Byrro disse que, apesar de não ter sido a realidade no ano passado, a sazonalidade, que favorece o caixa no segundo semestre, deve se concretizar em 2024. “Temos realizado um trabalho contínuo na redução de estoques e mantivemos o foco nos itens com ROE mais elevado. Algumas dessas medidas já têm dado resultado.”

Como parte do plano, a companhia encara como fatores-chave a racionalização de contratos no segmento de Alto Custo (medicamentos e insumos para condições e doenças raras) — que deve ganhar força na segunda metade do ano. A empresa tem renegociado contratos logísticos e aguarda a recuperação do segmento de fármacos e genéricos. Outra prioridade é baixar o nível dos estoques aos patamares do primeiro semestre do ano passado.

Byrro também destacou um esforço para reversão do PDD e a companhia mexeu na diretoria. A Viveo tirou o CFO da Riachuelo, Frederico Oldani, para assumir como VP Administrativo Financeiro — um chapéu que abarca as diretorias financeira, jurídica, RI e M&A. A empresa diz que é "parte de um movimento estrutural de reorganização e simplificação da estrutura corporativa, iniciado no ano passado".

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