Jogos Olímpicos Paris 2024

A um ano de Paris 2024, saiba quais são as expectativas dos atletas para os próximos Jogos

Por ZK Goh
10 min|
Teddy Riner celebrates at the Olympic handover ceremony in 2021 
Foto por Aurelien Meunier 2019

A exatamente 365 dias da Cerimônia de Abertura, descubra o que os principais esportistas do mundo – cuja maioria estará nas disputas Olímpicas – estão pensando sobre o evento na capital francesa. 

Falta exatamente um ano para a pira Olímpica ser acesa em Paris, na França, marcando o início dos Jogos Paris 2024.

Fãs de todos os continentes estão ansiosos pelo maior espetáculo esportivo do mundo, mas não há ninguém mais animado do que os mais de 10.500 atletas que participarão dos Jogos.

Em meio às celebrações de um ano para o evento, o Olympics.com perguntou a alguns deles quais são suas expectativas com relação a Paris 2024.

Atração pelo significado especial dos Jogos Olímpicos

Muitos dos atletas com os quais o Olympics.com conversou expressaram sua empolgação em poder competir nos Jogos Olímpicos novamente, por terem um carinho especial pelo evento.

Medalhista de prata no skate street em Tóquio 2020 e já considerada uma das referências do esporte mesmo com apenas 15 anos, Rayssa Leal afirmou: "É um lugar, na verdade, uma competição, a mais importante para mim, porque foi onde eu fiquei conhecida, onde o skate se tornou muito conhecido lá no Brasil e onde eu pude inspirar muitas meninas e meninos de diferentes idades a começar a andar de skate. Então os Jogos Olímpicos são muito especiais para mim, têm esse arzinho especial por estar rodeada de atletas fenomenais, de diferentes esportes e idades."

Outro esporte que fez sua estreia Olímpica nos Jogos da capital japonesa - e no qual o Brasil também tem uma equipe muito forte - foi o surfe. Em Paris 2024, os surfistas terão como palco Teahupo’o, no Taiti, na Polinésia Francesa.

“As Olimpíadas são a cada quatro anos e são um torneio histórico. Sempre sonhei em chegar lá, é um sonho desde quando eu era pequena, estar lá e ganhar a medalha de ouro”, comentou a brasileira Tatiana Weston-Webb, cujo passaporte já está carimbado para os Jogos. “É bom saber que já estou lá [em Paris 2024], isso me deixa mais focada”, acrescentou.

Atual campeão do circuito masculino da WSL (Liga Mundial de Surfe), Filipe Toledo não foi a Tóquio, tendo ficado atrás de Ítalo Ferreira, que viria a ser o primeiro campeão Olímpico, e Gabriel Medina na briga pelas duas vagas disponíveis. "Nosso esporte ainda é muito novo nas Olimpíadas, mas já está fazendo história," comentou Filipinho. "Então ter um ouro Olímpico na bagagem é algo que pode trazer grandes oportunidades para um futuro mais promissor ainda”, comenta.

Ítalo, por sua vez, ressaltou: "É incrível representar o país, ter toda uma nação pensando em você. Não vai ser diferente em Paris."

O colombiano Rigoberto Urán pode se juntar a um seleto grupo de atletas do ciclismo de estrada com cinco participações em Jogos Olímpicos caso consiga se classificar a Paris 2024. "Os Jogos Olímpicos são algo especial; tentaremos estar lá", comentou Urán. "Quero competir por mais alguns anos e depois me aposentar - ainda gosto de pedalar. A ideia é disputar os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris," completou.

Quem concorda com o colombiano é o equatoriano Richard Carapaz, atual campeão Olímpico da prova de estrada: "Quero estar lá na minha melhor forma. Sou muito ambicioso, quero voltar, poder fazer isso da melhor maneira e sonhar em vencer novamente. Acho que é a maior motivação que temos agora".

Campeão mundial dos 100m do atletismo, o americano Fred Kerley comentou que sentir uma experiência Olímpica mais completa em relação a Tóquio 2020, que foi realizada com restrições devido à pandemia, estava no topo de sua lista de coisas que o motivavam. "Sinto que todo mundo sonha em ver diferentes culturas ao redor do mundo," comentou o americano. "Fazer algo com todos os melhores do mundo: é perfeito voltar à jornada das Olimpíadas. Ninguém quer perder os Jogos Olímpicos."

Atletas ainda na briga pela classificação já sonham

Para alguns atletas que nunca estiveram em uma edição dos Jogos Olímpicos, esse prazo de um ano até a Cerimônia de Abertura representa a arrancada final em busca daquela cobiçada vaga entre um dos 10.500 atletas presentes na capital francesa.

Um exemplo é o de Cravont Charleston, novo campeão americano dos 100m masculino, que se destacou nas seletivas nacionais:

"É o sonho de toda criança estar na NFL, NBA ou nas Olimpíadas, e (para) mim não será a NFL ou a NBA, serão as Olimpíadas. Para atingir esse objetivo... bem, na verdade, estabeleci aquele objetivo lá atrás, quando eu tinha 12 ou 11 anos e, para realmente concretizá-lo agora, eu ficaria muito grato, assim como minha família, meus amigos, todos que são meus fãs, todos que me apoiam, isso significaria muito tanto para eles como para mim."

Toby Roberts, uma das esperanças da Grã-Bretanha na escalada, tem apenas 18 anos e também espera estar presente em sua estreia Olímpica ano que vem, quando o novo evento combinado de boulder e lead substitui a antiga prova, que mesclava boulder, lead e velocidade - as três disciplinas do esporte.

"A maior coisa pela qual estou animado com Paris é apenas estar nas Olimpíadas", disse ele. "Só de estar naquele ambiente vai ser absolutamente incrível. Assisto às Olimpíadas na TV há anos e não consigo imaginar como é estar naquele ambiente, estar na Vila Olímpica, sair para escalar diante dessas grandes multidões. Vou dar tudo de mim para chegar lá," completou.

É o que também acha Leslie Romero, atleta da escalada nascida na Venezuela e que representa a Espanha nas competições internacionais. Ela não esteve em Tóquio 2020 e vai estrear já no novo evento de escalada velocidade, completamente distinto do combinado de lead e boulder:

"Tenho o sonho de me classificar para os Jogos Olímpicos Paris 2024. Sonho estar lá e estou trabalhando para tornar isso realidade."

Animação para ver outros atletas competindo

Destaque do atletismo e atual campeão mundial dos 200m, Noah Lyles disse estar animado para ver sua grande amiga Katie Ledecky nas provas de natação. "Isso seria muito legal," comentou ele.

"Nós moramos na mesma área, DMV - DC, área de Maryland, Virgínia. Ela até treina em Gainsville (no estado americano da Flórida) agora, que fica a apenas uma hora e 20 minutos de mim, e fizemos muitos projetos juntos. Finalmente ser capaz de poder vê-la competir seria muito legal," afirmou.

O atleta americano Colin Duffy também citou poder assistir a alguns dos melhores de outros esportes como uma das coisas que ele está mais empolgado para fazer durante os Jogos.

"Estou muito animado para ver os atletas de todo o mundo. É incrível representar a escaIada no cenário global e tê-la próxima de outros esportes", disse.

Elogios pelo uso dos locais icônicos de Paris 

A junção entre Paris - cidade que é um dos destinos de turismo favoritos do planeta - e uma França que é uma das grandes potências do esporte mundial tem deixado os atletas bastante animados. Os planos do Comitê Organizador de usar muitos dos locais icônicos da capital francesa, incluindo o Rio Sena, também chamaram a atenção.

A esgrimista Nathalie Moellhausen, que defende o Brasil desde 2014, mora na cidade-sede dos próximos Jogos e afirmou: "Paris vai relançar a alma Olímpica, o espírito Olímpico. A Cerimônia de Abertura será histórica, nunca aconteceu uma cerimônia no rio, acessível ao público. Os franceses amam o esporte. É o que a gente precisa".

"Estou muito animado com a Cerimônia de Abertura (no Sena)", disse Lyles. "Acho que definitivamente vou (para Paris) mais cedo para estar na Cerimônia de Abertura e realmente poder aproveitar por lá. Estava em Paris há algumas semanas (para correr na Diamond League) e estávamos vendo os estádios dentro da cidade."

Outra atleta da esgrima, a japonesa Emura Misaki, campeã do sabre feminino em 2022, está animada para competir em locais como o Grand Palais. "Foi o palco do Mundial de 2010 e todo mundo que trabalhou naquele evento diz que foi a melhor competição da história," comentou Emura. "Imagine nas Olimpíadas como seria isso!"

"Adoro país, a paisagem urbana. Em um dia ensolarado, fico feliz em ver a bela cidade, onde posso desfrutar de comidas deliciosas e fazer compras."

O canadense Sean McColl, também da escalada, disse o seguinte: "Vindo da América do Norte, você pergunta a qualquer um qual é o lugar ideal para ir na Europa e a resposta é, quase sempre, Paris. As Olimpíadas serem em Paris é um pouco surreal, só o nome, o lugar, a linguagem, tudo isso junto, é muito empolgante."

E que melhor forma de celebrar a cidade do que como planejado por Woo Sang-Hyeok, atleta do salto em altura da República da Coreia? "Nunca estive na França e, quando penso em Paris, a imagem icônica da Torre Eiffel imediatamente me vem à mente", disse ele. "É meu sonho tirar uma foto em frente à Torre Eiffel, exibindo com orgulho uma medalha de ouro conquistada em Paris 2024."

Atletas da casa empolgados em atuar diante da torcida francesa

Por fim, temos um grupo de atletas que talvez seja o mais empolgado com Paris 2024: os franceses e nascidos em países de língua francesa, que serão ovacionados em alto e bom som no próximo verão.

"Paris é como se estivéssemos em casa", disse a velocista da Costa do Marfim Marie-Josée Ta Lou. "Quando estou competindo aqui, é como se estivesse correndo na frente dos meus fãs."

Se Ta Lou mal pode esperar para competir em Paris, imagine o nível de emoção entre os atletas da França, que terão a rara oportunidade de competir em uma edição dos Jogos em casa.

Campeão Olímpico do vôlei em Tóquio 2020, Earvin Ngapeth disse: "Falamos muito (disso) em nosso time. Mal podemos esperar para estar lá, vai ser incrível. Poder defender a medalha Olímpica em Paris é uma oportunidade incrível."

Marine Boyer, da ginástica artística, também está ansiosa: "Será em casa e uma experiência única na vida. São os Jogos, é história." Sua colega de equipe, Coline Devillard, acrescentou: "Temos tudo no local, conhecemos o país, conhecemos a cidade, conhecemos as pessoas, estamos em casa! Temos tudo o que precisamos para tornar isso incrível!"

A última palavra, por enquanto, vai para Koumba Larroque, da luta – que sente o alcance dos Jogos ainda mais do que a maioria, estando radicada na capital francesa. "Penso nisso (Paris 2024) todos os dias. Moro em Paris, então sinto ainda mais. Vejo os Jogos Olímpicos se aproximando: estamos treinando para alguma coisa. É onipresente."

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