Um só planeta
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Por , Em The New York Times — Atenas, Nova Delhi e Washington

Um aplicativo que ajuda as pessoas a encontrar alívio para o calor e leis que ajudam quem trabalha ao ar livre a obter água e sombra em dias mais quentes. À medida que o perigo do calor se torna impossível de ignorar, uma série de inovações práticas tem surgido em todo o mundo para proteger as pessoas mais vulneráveis – e o mais notável é que esses esforços não exigem tecnologias não testadas. Pelo contrário: as ideias são baseadas em projetos com funcionalidade comprovada.

Esses projetos oferecem uma alternativa diante da necessidade de se adaptar aos novos riscos do calor extremo – que, inclusive, se manifestaram nas últimas semanas, quando centenas de peregrinos religiosos, turistas e trabalhadores eleitorais morreram ao redor do mundo. A Organização Meteorológica Mundial afirmou que o calor mata atualmente mais pessoas do que qualquer outro fenômeno climático extremo. O órgão apelou à criação de mais “produtos e serviços climáticos personalizados” para proteger a saúde das pessoas.

Iphigenia Keramitsoglou é uma física atmosférica que se especializou em dados de sensoriamento remoto. Ela liderou uma equipe que construiu um aplicativo de celular para dar aos usuários informações em tempo real sobre como se manter fresco e em segurança. Ao inserir sua localização no Extrema Global, ele mostra a temperatura externa, a qualidade do ar e os níveis de risco de calor codificado por cores. Ele preencherá um mapa com lugares para se refrescar: parques, piscinas, fontes e edifícios públicos com ar-condicionados, como bibliotecas.

Iphigenia Keramitsoglou, a física que ajudou a criar um aplicativo para encontrar alívio no calor, em sua casa em Atenas, Grécia, em junho de 2024 — Foto: Hilary Swift/The New York Times
Iphigenia Keramitsoglou, a física que ajudou a criar um aplicativo para encontrar alívio no calor, em sua casa em Atenas, Grécia, em junho de 2024 — Foto: Hilary Swift/The New York Times

Se o usuário quiser, também pode informar ao aplicativo para onde deseja ir, e ele oferecerá três opções: uma rota mais rápida, a rota mais fresca e a rota mais fresca com lugares para descansar. O projeto foi feito a partir de dados que Keramitsoglou, líder de pesquisa do Observatório Nacional de Atenas, sabia que existiam, mas que não estavam reunidos num único local útil: dados meteorológicos, mapas de árvores, locais de piscinas municipais, etc.

— O que é melhor do que trazer todas essas informações para as mãos das pessoas? — disse ela numa entrevista recente, enquanto ventos quentes sopravam em Atenas. — Foi essa a motivação: levar coisas que eu sei que existem às mãos das pessoas, para que essas informações possam ser úteis e salvar vidas — continuou.

Um primeiro protótipo do Extrema Global foi lançado em 2018 em Atenas. Desde então, o aplicativo se expandiu para incluir Paris, Milão e Roterdã. Outras cidades criaram aplicativos semelhantes. Melbourne tem um aplicativo que mapeia rotas sombreadas para pedestres e ciclistas, e Barcelona tem um aplicativo móvel que mapeia as fontes da cidade.

Apólice de seguro climático

Hansa Ahir, de 55 anos, percorre os montes de lixo na histórica cidade indiana de Ahmedabad e coleta o que pode ser reciclado. Depois, leva tudo para casa para ser limpo, separado e vendido. Em média, ela ganha 200 rúpias por dia (cerca de R$ 13). Desde março, disse, o calor extremo cortou sua renda pela metade, já que na manhã está muito quente para trabalhar – e seus braços estão vermelhos com erupções cutâneas. Não há torneiras públicas para encher sua garrafa de água.

O que a mantém ativa é um novo programa de seguro que serve como uma rede de segurança em dias de calor perigoso, oferecido a ela pela Associação de Mulheres Trabalhadoras Autônomas (SEWA, em inglês), uma organização com 2,9 milhões de mulheres – e da qual Ahir faz parte há 20 anos. A apólice de seguro custou a ela 200 rúpias por um ano de cobertura. Não se tratava apenas de um seguro estar disponível. Era porque ele veio através de uma organização em que ela confiava.

— Fiquei muito surpresa. Nunca tinha ouvido falar de um seguro que cobrisse minha incapacidade de trabalhar no calor — disse Ahir. — Pensei: ‘Vamos tentar. É só o salário de um dia’.

Kathy Baughman McLeod é especialista em finanças climáticas; ela propôs a ideia de seguro contra calor para a Self-Employed Women’s Association, uma organização com 2,9 milhões de mulheres — Foto: Atul Loke/The New York Times
Kathy Baughman McLeod é especialista em finanças climáticas; ela propôs a ideia de seguro contra calor para a Self-Employed Women’s Association, uma organização com 2,9 milhões de mulheres — Foto: Atul Loke/The New York Times

A ideia foi apresentada à associação de mulheres por uma especialista americana em finanças climáticas, Kathy Baughman McLeod, que dirige um grupo sem fins lucrativos chamado Resiliência Climática para Todos. Ela levantou US$ 250 mil para subsidiar os custos. O grupo de mulheres começou como um programa piloto em 2023. Este ano, 50 mil membros se inscreveram – vendedores de mercado, agricultores de subsistência e catadoras de lixo como Ahir.

O programa funciona assim: quando as temperaturas estão previstas para atingir níveis perigosos, Ahir recebe mensagens de alerta em seu celular. Quando as temperaturas atingem esse limite, os pagamentos do seguro são acionados. Em maio, quando a temperatura máxima da cidade atingiu 40ºC por três dias consecutivos, Ahir recebeu um pagamento de 400 rúpias (R$ 26) em sua conta bancária. Com isso, ela comprou remédios e mantimentos. Em junho, ela recebeu mais 750 rúpias (cerca de R$ 50) e conseguiu pagar o aluguel.

Um direito legal à sombra

Como muitos filhos de trabalhadores rurais, Edgar Franks começou a ajudar seus pais nos campos antes de entrar no ensino fundamental. No início do verão, colhia espargos na parte oriental de Washington, depois morangos no oeste de Washington e, em seguida, regressava ao Texas para ir à escola. Agora com 44 anos, Franks ajuda uma nova geração de famílias de trabalhadores rurais a se adaptarem a um novo perigo: temperaturas extremas, às vezes misturadas com a fumaça de incêndios florestais que paira sobre os campos.

Edgar Franks organizou trabalhadores agrícolas para pressionar o estado de Washington a estabelecer novas regras que o direito à sombra, água e pausas remuneradas quando as temperaturas aumentam — Foto: Grant Hindsley/The New York Times
Edgar Franks organizou trabalhadores agrícolas para pressionar o estado de Washington a estabelecer novas regras que o direito à sombra, água e pausas remuneradas quando as temperaturas aumentam — Foto: Grant Hindsley/The New York Times

Franks organizou os trabalhadores rurais para pressionar o estado de Washington a implementar novas regras para proteger a saúde desses trabalhadores. Quando as temperaturas atingem cerca de 27ºC, eles têm o direito legal de pedir sombra, água e pausas remuneradas.

Washington é um dos apenas cinco estados do país que têm regras de proteção para trabalhadores ao ar livre. Isso contrasta com a revogação de regras semelhantes no Texas e na Flórida, onde as leis estaduais agora proíbem decretos locais que garantiam aos trabalhadores ao ar livre pausas obrigatórias para água e descanso em dias excessivamente quentes. Este grupo está entre os mais vulneráveis dos 2,4 bilhões de trabalhadores em risco de perigos relacionados ao calor em todo o mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho.

As regras de proteção contra o calor em Washington foram implementadas pela primeira vez em 2008, mas o limite anterior de cerca de 32ºC não era suficiente para proteger os trabalhadores ao ar livre. Trabalhadores rurais fizeram piquetes em frente aos escritórios do Departamento de Trabalho do estado. Vários grupos trabalhistas e comunitários, incluindo Familias Unidas por la Justicia, o sindicato para o qual Franks trabalha, peticionaram às autoridades estaduais.

As regras de emergência atuais, com o limite inferior, foram finalizadas em 2023, embora muitos ainda não estejam familiarizados com elas.

Mais recente Próxima Mergulhadores lutam contra branqueamento de corais em todo o mundo: fenômeno é registrado em mais de 60 países
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