Um só planeta
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Em tempos de mudanças climáticas cada vez mais intensas, a prefeitura inaugura hoje na Zona Oeste do Rio um novo espaço público de lazer que, pela primeira vez na cidade, foi projetado para influir no microclima do bairro onde fica: o Parque Realengo Susana Naspolini reforçou a presença de exemplares centenários da vegetação local com o plantio de 3,7 mil árvores. A área também ganhou um lago artificial preparado para regular a chegada da água das chuvas à rede pluvial, reduzindo o risco de enchentes na região.

— O conceito é o de um ‘‘parque esponja’’. A mesma técnica será adotada, adaptando-se às características locais de outros dois parques em construção: Oeste (Inhoaíba) e Piedade, este em implantação no antigo campus da Universidade Gama Filho —explica Wanderson Santos, presidente da Fundação Rio Águas.

Inauguração do Parque Susana Naspolini, em Realengo. — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo
Inauguração do Parque Susana Naspolini, em Realengo. — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo

Impacto no microclima

Com 76 mil metros quadrados em uma espécie de vale entre dois maciços (Pedra Branca e Mendanha), Realengo tem um histórico de médias de temperatura acima de 30°C por ano, de acordo com dados do Laboratório Integrado de Geografia Física Aplicada (Liga), da Universidade Federal Rural (UFRRJ), que monitora o clima do Rio de Janeiro com o auxílio de satélite:

— A proposta é interessante. A Zona Oeste é uma das áreas mais áridas e carentes da cidade. Na próxima passagem do satélite sobre a região vamos começar a estudar o impacto no microclima — diz o professor Andrew Lucena, coordenador do laboratório.

Morador de Bangu, o arquiteto Lucas Vicente Loyola estudou a área para seu trabalho final de graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Uma de suas sugestões era justamente ampliar a arborização para minimizar a sensação térmica:

— Essa era a única área de grandes dimensões disponível na região, já que a antiga Fábrica de Tecidos Bangu hoje é um shopping— explica Lucas.

O parque ocupa metade do terreno da antiga Fábrica de Cartuchos do Exército, que funcionou ali de 1898 a 1977. A instalação foi fechada quando os militares decidiram concentrar a produção em unidades da Indústria Brasileira de Material Bélico (Imbel) e ficou anos abandonada — chegou a ser alvo de invasões.

No terreno chegou a ser anunciado um futuro condomínio, com cerca de 700 apartamentos, a ser construído pela Fundação Nacional do Exército. Em acordo com o governo federal, a prefeitura conseguiu a cessão de parte da propriedade para transformá-la em área de lazer.

— Nós discutimos o uso do espaço por anos. Chegamos a entrar na Justiça para tentar evitar a construção do condomínio. Iríamos perdera a única área verde do bairro, o que aumentaria ainda mais a sensação de calor — diz o coordenador do movimento Parque Realengo Verde, Vagner Thomaz.

Inauguração do Parque Susana Naspolini, em Realengo — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo
Inauguração do Parque Susana Naspolini, em Realengo — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo

A obra custou R$ 72 milhões e ganhou um peculiar toque cenográfico: abrigou a construção de cinco torres, com alturas entre 17 e 47 metros, inspirada no projeto do Gardens By The Bay, um parque de Cingapura. As estruturas têm um sistema de pulverizadores que aspergirá vapor de água para refrescar o público.

Diariamente, das 18h às 21h, por dez minutos a cada hora, haverá a exibição de um show de luzes e música, que poderá ser visto a partir de uma das passarelas que ficam sobre o espelho d’água.

O espaço vai funcionar de terça a domingo, a partir das 6h. A administração estima que, nos fins de semana, 5 mil pessoas por dia frequentem o local. Um restaurante, quatro quiosques e caminhões de food truck já estão abertos.

A prefeitura publicou ontem um manual de conduta para os frequentadores. Nãos será permitida, por exemplo, a entrada com recipientes de vidro. Nas sete churrasqueiras, que poderão ser usadas a partir do próximo fim de semana gratuitamente, mediante reserva na administração, só serão permitidos espetos de madeira e talheres de plástico.

Ontem, o clima era de expectativa. Na vizinhança, muros e paredes de cerca de 50 casas nos acessos ao parque foram decorados com grafites criados por Wagner Trancoso, contratado pela prefeitura:

— Na fachada lá de casa pintaram um tatu. Ficou lindo como o parque. Lá só tinha mato e construções caindo aos pedaços. Vamos ver após outubro se esse investimento vai continuar na região — disse a aposentada Marinalva dos Santos, de 69 anos.

Entre os comerciantes do entorno, a aposta é que o Parque Realengo Susana Naspolini — batizado em homenagem à jornalista, morta em 2022, famosa por defender causas comunitárias — aumente o faturamento de bares e lojas:

— As pessoas até evitavam passar por aqui, com medo de assalto. Agora param para fotografar os grafites —conta a técnica de enfermagem Ana Gabriela Gonçalves, de 20 anos, que trabalha em uma lanchonete da tia, vizinha do parque.

Inauguração do Parque Susana Naspolini, em Realengo. — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo
Inauguração do Parque Susana Naspolini, em Realengo. — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo

Dois acessos

O local tem duas entradas: uma pelo Palácio Realengo, na Rua Carlos Wenceslau, onde fica a sede da prefeitura na Zona Oeste, e outra pela Rua Pedro Gomes, onde as fachadas foram grafitadas. Logo ao chegar, o visitante encontra um imenso jardim, com equipamentos diversos: há duas quadras poliesportivas, uma de basquete, um campo de futebol de grama natural e duas quadras de areia para futevôlei, além pista de skate e Academia da Terceira Idade.

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