O garimpo ilegal devastou, apenas em 2023, o equivalente a quatro campos de futebol por dia nas terras indígenas Yanomami, Kayapó e Munduruku, de acordo com um estudo recente realizado pelo Greenpeace Brasil. O levantamento mostra que, juntos, esses três territórios concentram mais de 26,4 mil hectares da atividade criminosa, o que representa cerca de 90% de todo o garimpo ilegal na região amazônica. Foi para denunciar essa situação de depredação do patrimônio nacional que a organização ambiental lançou, na semana passada, um game que simula um sobrevoo hiper-realista na Amazônia.
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Usando imagens de satélites, o Flying Guardians (guardiões voadores) permite ao jogador encontrar e observar locais reais de mineração ilegal e desmatamento na maior floresta tropical do mundo, especialmente nos territórios Munduruku, que fica no Amazonas e no Pará, e Yanomami, em Roraima.
![Jogo usa geolocalização real — Foto: Divulgação / Greenpeace](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/8qVAoJWu4U73fGX5VSi9PLOTabQ=/0x0:941x530/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/V/7/mE6lIsRVmBSBL9HE5dWQ/flying-guardians-coordenadas-.jpg)
O jogo é uma modificação do Flight Simulator, da Microsoft. Na prática, quando um usuário do game “sobrevoar” essas áreas da Amazônia, que deveriam ser protegidas, ele vai poder identificar locais de desmatamento ilegal, graças a uma tecnologia que substitui os mapas originais por dados atualizados de satélite fornecidos pela Planet Labs PBC. Sem sair do game, o jogador também terá a oportunidade de apoiar o abaixo-assinado “Amazônia livre de garimpo”.
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As customizações no simulador incluem opções de aeronaves do próprio Greenpeace, frequentemente utilizadas em ações de proteção ambiental em áreas remotas no Norte do Brasil. Há, ainda, quatro “torres de comando” para informar aos jogadores as coordenadas geográficas das terras indígenas Munduruku e Yanomami.
— As terras indígenas Munduruku e Yanomami têm sido vítimas do garimpo ilegal, resultando em mortes de indígenas, devastação do meio ambiente, proliferação de doenças como a malária e contaminação dos rios por mercúrio — explica Jorge Dantas, porta-voz da frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil. — A tecnologia usada na atualização constante dos mapas mostra a destruição causada pelo garimpo ilegal na Amazônia. Para ajudar a frear essa devastação, todos podem contribuir assinando nossa petição Amazônia Livre de Garimpo, ajudando as autoridades brasileiras na completa retirada de invasores das terras indígenas.
A dinâmica do game conta com quatro canais de rádio que transmitem conteúdos informativos para o usuário. Uma estação, por exemplo, explica as atividades e o papel do Greenpeace, fazendo um chamado para o jogador aderir à missão de defensor da Amazônia. Outro canal tem a voz de um membro do grupo que atua como interlocutor e um enredo fictício em terras Munduruku e Yanomami.