Medicina
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Por — Rio de Janeiro

A nova vacina da dengue Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, chegou ao Brasil em julho do ano passado, quando se tornou o primeiro imunizante destinado para a prevenção de todos de 4 a 60 anos, tanto aqueles que nunca tiveram a doença, como os que já foram infectados.

Qual o valor da vacina da dengue?

Seis meses depois, segundo levantamento do GLOBO, as doses podem ser encontradas por valores entre R$ 350 e R$ 490. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

Movimentos como a maior atenção à vacina pela incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) e a chegada do verão, época de maior disseminação do mosquito que transmite o vírus, têm feito a busca crescer.

A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) registrou um aumento de 110% na vacinação contra a dengue em clínicas privadas em janeiro em relação à dezembro e disse que "algumas clínicas privadas já relataram a falta do imunizante em algumas regiões devido à alta procura.

Recentemente, a Takeda, laboratório responsável pela vacina, disse que vai limitar a oferta de doses na rede privada para atender o SUS, priorizando apenas o quantitativo necessário para que aqueles que já tomaram a primeira dose completem o esquema vacinal.

No Richet Vacina, marca do Grupo Rede D’or no Rio de Janeiro, o início do ano registrou um aumento de 50% no número de doses aplicadas em relação ao mês anterior. O mesmo foi observado nas unidades da rede de saúde integrada Dasa, conta Maria Isabel de Moraes-Pinto, infectologista do grupo:

— Tivemos um aumento significativo. Comparando com a primeira quinzena de janeiro com dezembro, foi mais de 70%. Observamos também um alto crescimento pela procura na região Centro-Oeste (que teve uma alta incidência de dengue ano passado) chegando a mais de 160%.

José Geraldo Leite Ribeiro, epidemiologista do Grupo Fleury e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), identificou que mais pessoas procuraram as unidades do grupo logo após o governo anunciar a inclusão na rede pública.

Isso porque, nesse primeiro momento, a Qdenga vai ser ofertada no SUS somente para grupos específicos de jovens de 10 a 14 anos residentes de determinados municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue, devido à oferta limitada de doses durante o ano.

— A vacinação no setor privado é muito diferente da rede pública. Nas clínicas, você mira a proteção individual. O percentual de pessoas que se vacinam no setor privado não é suficiente para impactar o número de casos, não é mais de 10% da população, mas protege o indivíduo — diz Ribeiro.

Apesar da alta, a procura é mais baixa que a por outros imunizantes – ainda que, em 2023, o Brasil tenha batido o recorde de mortes pela dengue, diz Patrícia Rosa Vanderborght, doutora em Biologia Molecular/Genética Humana pela Fiocruz/RJ e responsável pelo setor de Imunização do Richet Vacina:

— Vacinas contra outras doenças como Herpes-Zóster, HPV e Pneumonia saem bem mais.

Abaixo, confira as indicações dos especialistas, os valores da vacina e as contraindicações.

Quem deve tomar a vacina da dengue?

A vacina, chamada Qdenga, foi aprovada pela Anvisa em março do ano passado para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, as duas doses demonstraram uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) indica a proteção para todos que fazem parte do grupo etário elegível, tanto os que nunca tiveram a doença, como aqueles que já foram infectados antes.

— Infelizmente a maioria dos casos graves de dengue são acima de 60 anos, idade em que a dose não está aprovada no Brasil. Mas de 4 a 60 anos, acredito que ela seja benéfica para todos, em qualquer idade é possível ter um quadro mais grave. Mas vemos uma procura maior por adultos — afirma Ribeiro.

Rosana Richtmann, diretora do Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que, na Europa, por exemplo, a vacina foi aprovada a partir de 4 anos sem idade máxima, e que por isso muitos médicos têm recomendado de forma off-label (finalidade diferente da bula) para idosos.

Porém, no seu caso, diz que prefere seguir as delimitações da Anvisa. Ela conta ainda que, além de avaliar o critério etário, costuma reforçar a importância com base no local em que a pessoa vive e se ela já teve dengue antes.

— No Brasil, praticamente todas as regiões têm casos, mas há algumas com mais. Em termos de incidência, ano passado a região Centro-Oeste teve um aumento importante de número de casos. A região Sul também, que é a que mais nos chamou atenção. Antes não tínhamos dengue lá, eles estão começando a viver a epidemia de uma doença que eles não tinham o manejo para lidar com o vírus — afirma.

Quem já teve dengue pode tomar a vacina?

Em relação a já ter sido infectado com dengue , ela lembra que são casos em que a vacina é ainda mais benéfica já que uma segunda contaminação – possível pelo fato de o vírus ter quatro sorotipos – ser geralmente mais grave.

— Mas vale lembrar que a vacina não é indicada para gestantes, lactantes, pessoas com alergia a componentes da vacina, ou com imunossupressão, pois é uma vacina de vírus vivo atenuado. Nessas situações, o risco associado à vacinação pode ser maior, por isso é importante a consulta médica antes de tomar a decisão — destaca o infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, Leonardo Weissmann, professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).

Quanto custa a vacina da dengue?

Segundo levantamento do GLOBO, os valores da dose da vacina da dengue variam hoje de R$ 350 e R$ 490, ou seja, o esquema completo fica de R$ 700 a R$ 980.

No geral, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão responsável pela regulação do mercado de medicamentos no Brasil, estipula que o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) da Qdenga pode variar de R$ 346,66 a R$ 390,90, a depender da alíquota do ICMS em cada estado.

A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), explica que a precificação final é maior porque inclui valores referentes ao “atendimento, à triagem, à análise da caderneta de vacinação, às orientações pré e pós-vacina, além de todo o suporte que os pacientes necessitam para se informar corretamente sobre a questão da vacinação”.

Onde a vacina da dengue está disponível?

A Qdenga pode ser encontrada em laboratórios, clínicas de vacinação e farmácias. Em redes de drogarias como Droga Raia e Drogasil, Pacheco e São Paulo, a dose custa R$ 349,90.

Nas unidades do grupo Fleury, que engloba marcas como Labs a+, Clínica Felippe Mattoso e LAFE em 12 estados e no Distrito Federal, o preço de cada dose vai de R$ 400 e R$ 490 a depender da região.

No Richet Medicina, marca da Rede D'Or no Rio de Janeiro, a dose está disponível nas unidades Ipanema, Tijuca, Barra e Península, além de atendimento domiciliar, por R$ 450 cada. Nas clínicas do Labi, presentes em cidades dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, pode ser encontrada por R$ 390.

Quem também oferece a vacina é a rede de saúde integrada Dasa, que engloba 30 marcas como Sérgio Franco, Bronstein, Alta, Delboni, Exame e Atalaia em 12 estados e no Distrito Federal. Os valores, no entanto, não foram informados pela rede.

Precisa de prescrição médica para a vacina da dengue?

Segundo a bula, a vacina deve ser vendida apenas mediante prescrição médica. Isso era importante especialmente devido à resolução da Anvisa 197/2017, que obriga a cobrança de receita em estabelecimentos privados para doses que não estão contempladas pelo Calendário Nacional de Vacinação do SUS.

No entanto, como o imunizante foi aprovado recentemente para entrar no calendário do SUS, a sua indicação pela Anvisa é ampla e muitos locais de vacinação contam com médicos que fazem a triagem, é comum que clínicas dispensem a necessidade prévia da prescrição.

Quem não pode tomar a vacina contra a dengue?

Não são todos que podem receber a nova vacina da dengue segundo a bula. Ela foi aprovada pela Anvisa para a faixa etária de 4 a 60 anos, por isso, crianças pequenas e recém-nascidos, assim como idosos, não devem receber a proteção.

Além disso, a dose é contraindicada nos cenários abaixo:

  • Alergia aos princípios ativos ou a qualquer um dos outros componentes da vacina, listados abaixo;
  • Sistema imunológico (defesas naturais do corpo) comprometido, como devido a um defeito genético ou infecção por HIV;
  • Uso de medicamento que afeta o sistema imunológico (tais como corticosteroides em doses altas ou quimioterapia). Seu médico não indicará QDENGA antes de 4 semanas de você parar o tratamento com esse medicamento;
  • Mulheres grávidas;
  • Mulheres durante a amamentação;

Reação alérgica após receber a primeira dose. Os sinais de uma reação alérgica podem incluir erupção na pele com coceira, falta de ar e inchaço na face e na língua;

A lista com as substâncias que aqueles com hipersensibilidade devem evitar envolve:

  • α,α-Trealose di-hidratada
  • Poloxamero 407
  • Albumina sérica humana
  • Di-hidrogenofosfato de potássio
  • Hidrogenofosfato dissódico
  • Cloreto de potássio
  • Cloreto de sódio

Muitas das contraindicações, como a para mulheres gestantes, são comuns às vacinas atenuadas, ou seja, as que são feitas com vírus enfraquecidos, capazes de induzir uma resposta imunológica, mas não de provocar uma infecção.

Quem poderá se vacinar no SUS?

O Ministério da Saúde anunciou que 521 cidades receberão unidades da vacina para a campanha de 2024 na rede pública, primeira do mundo com o imunizante, prevista para ter início em fevereiro. Devido ao quantitativo limitado de doses, foram priorizados jovens de 10 a 14 anos residentes de municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue.

Devido às limitações produtivas da Takeda, o acordo com o Ministério da Saúde contempla a entrega de somente 6,6 milhões de doses para a aplicação na campanha do SUS neste ano, o que alcança 3,3 milhões de brasileiros. Para 2025, estão acordadas mais 9 milhões de unidades, suficiente para proteger outras 4,5 milhões de pessoas.

Dengue no Brasil

Segundo informe da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 243.720 casos de dengue nas quatro primeiras semanas epidemiológicas de 2024, o que revela uma alta de 273% em relação ao ano passado.

Recentemente, a OMS alertou que o Brasil é o país com mais casos de dengue no mundo, responsável por mais da metade dos diagnósticos registrados globalmente. Além disso, em 2023, o país bateu o recorde de ano com mais mortes causadas pela doença e teve o segundo ano com mais casos da série histórica.

De acordo com o Ministério da Saúde, foram 1.094 óbitos confirmados, além de outros 218 que estão em investigação, no ano passado. Antes, o ano com mais vítimas fatais era 2022 que contabilizou 1.053 vidas perdidas.

Em relação aos casos, foram 1.658.816 diagnósticos prováveis da infecção pelo vírus em 2023, 52.871 com evolução para hospitalização. O número é mais baixo apenas de 2015, quando o Brasil atingiu o recorde de 1.688.688 casos de dengue.

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