Medicina
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Por — Rio de Janeiro

Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, no Brasil. Embora destinado para diabetes tipo 2, o remédio é muito utilizado de forma off-label (finalidade diferente da bula) para perda de peso no tratamento da obesidade, já que leva à maior redução entre os fármacos disponíveis hoje.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Food and Drug Administration, agência reguladora americana, avalia autorizar oficialmente a indicação do Mounjaro a pacientes obesos. O remédio, cujo princípio ativo é a tirzepatida, é como uma segunda geração da semaglutida, presente no Ozempic e no Wegovy, medicamentos da Novo Nordisk indicados para diabetes e obesidade.

Porém, ainda que o Mounjaro nem tenha previsão para chegar ao Brasil, uma terceira geração desses medicamentos já está em desenvolvimento e entrou na última etapa dos testes clínicos no final de agosto: a retatrutida. Além disso, os resultados da segunda das três fases dos estudos já apontaram uma eficácia ainda maior para o emagrecimento.

A diminuição foi de em média 24,2% do peso corporal após apenas 48 semanas de tratamento, cerca de 11 meses e meio. Em comparação, o Mounjaro proporciona uma redução de 20,9% após um ano e cinco meses. No mesmo período, o Wegovy, diminui em 17%.

— Essas medicações inauguram uma nova fase no tratamento da obesidade, em que se consegue, através das ações de mudanças do hábito de vida associadas às terapias farmacológicas, resultados percentuais de perda de peso bastante significativos — diz o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Miranda.

Ele cita ainda dados iniciais que têm mostrado uma redução também nos desfechos cardiovasculares entre pacientes com obesidade. Resultados anunciados pela Novo Nordisk apontaram uma diminuição de 20% em problemas como derrame e AVC após o tratamento com o Wegovy.

— É um futuro promissor para o tratamento farmacológico da obesidade, onde conseguiremos ajudar ainda mais os pacientes com terapias seguras e eficazes para essa condição tão frequente e que traz tantas complicações e perda de qualidade de vida para a pessoas — celebra Miranda.

O que são os medicamentos?

Todos esses remédios fazem parte de uma classe chamada de análogo do GLP-1. São drogas que simulam o hormônio GLP-1 no corpo humano, que, por sua vez, interage com diversos receptores. No pâncreas, isso aumenta a produção de insulina, o que é bom para a diabetes tipo 2. No estômago, reduz a velocidade da digestão da comida. No cérebro, ativa a sensação de saciedade. Esses dois mecanismos levam a pessoa a sentir menos fome e, consequentemente, perder peso.

A semaglutida, do Ozempic e Wegovy, embora não tenha sido a primeira molécula do tipo, foi a que confirmou o alto potencial dos análogos de GLP-1 para redução de peso. O Wegovy, que é a versão destinada oficialmente ao tratamento da obesidade na bula, nem mesmo chegou ao Brasil devido à alta demanda global, embora tenha sido autorizado pela Anvisa ainda no início do ano.

Segundo os resultados dos estudos clínicos publicados na revista científica The Lancet, a semaglutida na dose máxima leva a uma redução de aproximadamente 17% do peso corporal após 68 semanas de tratamento – cerca de um ano e quatro meses. Porém, a tirzepatida, presente no Mounjaro e que começou a ser aprovada pelas agências reguladoras no ano passado, tem potencial ainda maior.

Segundo os estudos SURMOUNT, publicados no periódico New England Journal of Medicine, a perda de peso associada ao Mounjaro após 72 semanas, cerca de um ano e cinco meses, chegou a 20,9%. O acompanhamento com pessoas sem diabetes por até 84 semanas, um ano e sete meses, mostrou que esse percentual pode chegar a 26,6%. Uma cirurgia bariátrica, por exemplo, diminui de 20% a 40% o peso corporal.

Essa eficácia, a maior entre os remédios autorizados hoje pelo mundo, é atribuída ao fato de a tirzepatida ser um duplo agonista, ou seja, simular não apenas o hormônio GLP-1, como também um outro intestinal chamado GIP. Por isso, ela é considerado uma segunda geração dos análogos.

Qual é o remédio mais eficaz?

Agora, a Eli Lilly, mesma farmacêutica por trás da tirzepatida, já está na fase final de desenvolvimento de uma molécula de terceira geração, a retatrutida. Ela é um triplo agonista que, além de simular o GLP-1 e o GIP, atua também no GCC.

— Os agonistas duplos e triplo são o futuro, eles são a grande novidade. Por enquanto, o Mounjaro é o que está mais perto do nosso mercado brasileiro. Mas em um futuro muito breve todas essas moléculas estarão mais disponíveis — afirmou o médico endocrinologista Fabiano Serfaty, doutor pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em matéria recente do GLOBO.

No final de junho, a Eli Lilly publicou no periódico New England Journal of Medicine os resultados da segunda de três etapas dos testes clínicos com o remédio. Em uma análise que envolveu 338 adultos obesos, ou com sobrepeso e uma comorbidade associada, os responsáveis observaram que a dose máxima do medicamento levou a uma redução média de 17,5% do peso em apenas 24 semanas, cinco meses e meio.

No acompanhamento de 48 semanas, quase um ano, a diminuição foi de 24,2%, superior à proporcionada pelo Mounjaro em 72 semanas. “Acreditamos que a combinação do agonismo dos receptores de glucagon com o agonismo dos receptores GIP e GLP-1 pode ser uma das razões pelas quais a retatrutida mostrou este nível de redução de peso”, disse Dan Skovronsky, diretor científico e médico da Lilly, e presidente dos Laboratórios de Pesquisa Lilly, em comunicado na época.

Além disso, Ania Jastreboff, professora de Medicina e Pediatria, Endocrinologia e Metabolismo na Escola de Medicina de Yale, nos Estados Unidos, que participou do estudo, explicou no comunicado que a eficácia da reatrutida deve ser ainda maior quando avaliada em períodos mais longos.

“Dado que os participantes ainda não tinham atingido uma estabilidade de peso no momento em que o estudo terminou (após 48 semanas), parece que a eficácia total da redução de peso ainda não foi alcançada. Ensaios de fase 3 de maior duração permitirão uma avaliação abrangente da eficácia e tolerabilidade deste potencial farmacoterapêutico para o tratamento da obesidade”, disse.

Segundo o estudo, a retatrutida foi considerada segura, e os eventos adversos mais comuns foram os gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreias. Eles foram proporcionais à dose, mas na maioria de forma leve a moderada e reduzidos quando o tratamento foi iniciado com dosagens mais baixas. São efeitos semelhantes aos observados no Mounjaro, no Wegovy e no Ozempic.

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